Ortopedista suspeito de abusar de pacientes tem processo por erro médico em Ituverava, SP


Pedreiro que teve parte da perna amputada pede indenização por danos morais e materiais. Laerte Fogaça está preso preventivamente em Franca, por violação sexual contra pacientes mediante fraude. Laerte Fogaça de Souza Filho é suspeito de abuso sexual contra paciente em Igarapava, SP
Reprodução/Câmara dos Vereadores de Ituverava
O médico ortopedista Laerte Fogaça Souza Filho, preso preventivamente em Franca (SP) na quinta-feira suspeito de violação sexual contra pacientes mediante fraude em Igarapava (SP), é processado por erro médico por um pedreiro em Ituverava (SP), que teve a perna esquerda amputada após um pós-cirúrgico com complicações.
Fernando Paschoim Pugliani, de 59 anos, diz que procurou atendimento em 2020 para tratar um calo no pé e foi atendido por Fogaça. Segundo ele, o médico foi negligente no tratamento pós cirurgia, o que resultou na amputação de parte da perna do paciente.
O processo que investiga erro médico por parte de Fogaça foi aberto em 2021.
Fernando Paschoim Pugliani acredita ter sido vítima de erro médico em Ituverava, SP
Marcelo Moraes/EPTV
Fogaça é investigado por abusar sexualmente de, pelo menos, oito pacientes. O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) abriu sindicância para apurar a conduta do médico.
Além do ortopedista, Pugliani também processa o hospital que ficou internado. O advogado de defesa de Pugliani, Sérgio Eduardo Pimenta de Freitas, revela o cliente pede indenização por danos morais e materiais.
“Danos materiais porque ele perdeu a capacidade física de trabalho e locomoção e, nos danos morais, é evidente, em razão da dor e sofrimento de quem perde um membro do seu corpo. Ele ficou quase totalmente dependente de terceiros”, diz.
O advogado Adriano Mendes Ferreira, que defende Fogaça e o hospital de Ituverava, não quis comentar o assunto.
Pugliani agora espera a marcação de uma perícia, onde um médico, a mando da Justiça, deve analisar todos os prontuários que envolvem o caso dele.
Pedreiro procurou médico para tratar calo
Aposentado por invalidez, o pedreiro revela que teve parte da perna esquerda amputada por complicações após uma cirurgia feita por Fogaça. Ele procurou o ortopedista por conta de um calo no pé.
A cirurgia aconteceu em 2020, em um hospital em Ituverava (SP). Além de médico, Fogaça também exercia o cargo de vereador na cidade.
“Fiquei quatro dias internado. No dia que ele me deu alta, falei ‘doutor, estou saindo com a mesma dor que eu entrei’. Ele disse que era normal, que era assim mesmo, iria passar e os remédios iriam fazer efeito”.
Segundo Freitas, a ação que Pugliani move na Justiça se baseia no erro médico, por negligência e imperícia.
“Entendemos que o prejuízo foi ocasionado pela falta dos cuidados necessários. A responsabilidade do médico não é só apenas na hora do procedimento, mas sim até a alta definitiva do paciente”.
Muita dor e necrose
Por ter diabetes, o pedreiro aposentado revela que tinha uma preocupação maior pelo ferimento que não cicatrizava pós-cirurgia.
Segundo ele, o corte foi piorando ao longo dos dias após o procedimento e a dor se tornou insuportável.
“Era só morfina para tirar a dor. Dói demais da conta, vai passando o efeito e dá vontade de gritar. Ele [Fogaça] não falava nada, só ia limpando. Chegava lá em um dia e ele limpava. Com dois dias eu ia de novo e quando ele estava lá, retornava a limpar. Só falava que estava melhorando, nunca falou que estava piorando. Eu acho que ele tinha que me trocar de médico, me mandar para outro médico”.
Quando Pugliani procurou uma segunda opinião, já era tarde. O pedreiro teve de passar por um procedimento de amputação da perna. Ele se aposentou por invalidez e recebe um salário mínimo.
“A reação dele [outro médico] foi só me internar e falar que iria amputar. Já não tinha mais [o que fazer]. Estava com mal cheiro e, na parte dos dedos, já estava preto. Me sinto bastante prejudicado, porque, se é provocado por uma infecção, porque [Laerte Fogaça] não tirou? Acho que ele não deu atenção suficiente que eu precisava. Se tivesse dado, não teria acontecido isso”.
Fernando Pugliani se aposentou por invalidez após ter a perna amputada por conta de problemas no pós-cirúrgico, em Ituverava, SP
Marcelo Moraes/EPTV
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