Pacientes enfrentam dias de espera por internação ou cirurgia no HC-UE em Ribeirão Preto, SP

Idosa de Sertãozinho, SP, aguarda há 15 dias por cirurgia no fêmur. Motorista de ambulância faz desabafo sobre espera de horas no pátio com doentes dentro dos veículos. Familiares reclamam de demora por cirurgias na Unidade de Emergência do HC em Ribeirão
A família da agrônoma Júlia Prudêncio, de Sertãozinho (SP), vive a angústia de conseguir uma cirurgia no fêmur para a mãe, Luzia, de 69 anos, que está internada há cerca de 15 dias na Unidade de Emergência do Hospital das Clínicas (HC-EU) em Ribeirão Preto (SP).
“Está sem poder levantar da cama para nada, tomando medicamento. Os ortopedistas passam só de manhã junto com os estudantes, não dão um parecer do que vão fazer com a minha mãe”, diz.
Segundo Júlia, o que deixa a família ainda mais angustiada é que o procedimento já marcado e desmarcado pelo menos cinco vezes.
“Eles deixam ela de jejum, depois volta e colocam de jejum de novo. E agora não colocaram mais porque eu acho que eles devem estar aguardando a vaga. Falaram que tem mais nove pessoas aí aguardando a mesma operação. Depois de eu ter reclamado, eles falaram que não tem nada para fazer por ela e disseram que vão mandar ela para o campus (HC) para talvez colocarem os fixadores.”
No pátio das ambulâncias, um motorista fez um vídeo e um desabafo sobre a situação de pacientes que são regulados para a unidade, mas enfrentam horas de espera dentro dos veículos e nem sempre conseguem uma vaga.
“Está esperando vaga desde ontem, às 5h30 da tarde, e essa é a realidade da nossa saúde. Às 18h dei entrada com um paciente de 77 anos, com sintomas de infarto, e ficamos lá por aproximadamente 20 horas por falta de leito. Então gostaria de chamar a atenção de todas as autoridades para que isso não ficar se repetindo nos nossos hospitais”, diz o homem, sem se identificar.
Demanda em alta
Dados da Unidade de Emergência do HC apontam que há, hoje, 197 leitos para atendimento de pacientes, sendo que 35 são exclusivos para internação de casos de urgência e emergência. Todos estão ocupados e a operação ocorre acima da capacidade.
“Quando os pacientes vêm para cá, se vierem encaminhados de forma inadequada, pacientes de complexidade baixa, muitas vezes a gente não consegue absorver todos. A gente sempre prioriza os pacientes mais complexos. Então, atualmente, o nosso problema não é do hospital, ele é extra muros. É uma quantidade enorme de pacientes na nossa região e que muitas vezes eles precisam ser absorvidos dentro dos hospitais. O nosso, que é a referencia, o de maior complexidade, acaba sofrendo a consequência”, afirma Maurício Godinho, coordenador da Unidade de Emergência.
De janeiro a maio deste ano, o HC-UE fez 5.096 internações, 22% a mais do que em 2022, quando foram 4.209.
No mesmo período, a unidade fez 2.183 cirurgias, uma média de 436 procedimentos de alta complexidade por mês.
O coordenador da unidade de emergência diz que foram feitos investimentos para tentar absorver a demanda, mas o aumento intempestivo por atendimento é um dos principais dramas.
“Diferente de um hospital que interna pacientes que nós chamamos eletivos, quer dizer, ele tem uma doença e uma programação para ser internado e ser tratado, em um hospital de urgência pode acontecer qualquer coisa e a qualquer momento. Então tem alguns momentos que acontecem mais eventos, que tem mais doentes e eles chegam em maior quantidade. Aí a gente tem que trabalhar com os fluxos.”
De acordo com Godinho, desde abril, o HC-UE adotou uma reunião diária, chamada mesa de negociações, para tentar equalizar a demanda.
“A gente faz [a reunião] com todos os municípios, incluindo Ribeirão Preto, tentando ajuda-los para entender o que realmente precisa vir para cá e o que podemos ajudar esses doentes.”
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