HC de Ribeirão Preto, SP, tem 6 mil pacientes na fila para cirurgias eletivas


Especialidades que contam com maior procura são oftalmologia, otorrinolaringologia, digestiva, urologia e ortopedia. Mutirão pode diminuir espera, mas iniciativa precisa ser constante, diz médico. Pelo menos seis mil pessoas esperam por cirurgias eletivas em Ribeirão Preto
Mais de seis mil pessoas aguardam por uma cirurgia eletiva pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Hospital das Clínicas, em Ribeirão Preto (SP).
No Brasil, são milhões de pacientes na fila de espera para esse tipo de procedimento, que não é considerado de urgência, ou seja, pode ser adiado sem grandes consequências para o paciente.
HC de Ribeirão Preto, SP, tem seis mil pessoas na fila de espera por uma cirurgia eletiva
Sérgio Oliveira/EPTV
O mais recente relatório divulgado pelo Ministério da Saúde aponta São Paulo como o segundo estado onde mais pessoas aguardam por uma cirurgia eletiva, com 111.271 pacientes. Goiás está em primeiro lugar, com 125.894.
Para fazer a fila andar, o governo federal aposta em um mutirão de cirurgias eletivas pelo país. A meta é reduzir em 45% o tempo de espera.
Professor de cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão, José Sebastião dos Santos explica que essa é mesmo a melhor forma de reduzir a fila para não correr o risco de uma operação desse tipo não se tornar urgente, por conta da demora em ser realizada.
“Não pode deixar se avolumar muito, porque quando essas filas aumentam muito, você vai ter problema na urgência. Por isso que as urgências hoje estão superlotadas”, diz.
Mutirões precisam ser constantes, diz José Sebastião dos Santos, professor de cirurgia da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão
Sérgio Oliveira/EPTV
No HC, as especialidades que contam com a maior procura são oftalmologia, otorrinolaringologia, digestiva, urologia e ortopedia. Segundo o professor, desde março o hospital tem realizado mutirão de cirurgias, porém a demanda não para de aumentar.
A iniciativa, diz Santos, tem de ser constante. “A gente tem períodos que eles desmontam serviços, reduzem, e aí você tem agravamento. Tudo bem, tivemos a pandemia, que foi um fator agravante, mas isso é muito duro, porque o paciente sofre, ele tem uma doença que vai complicando”.
A aposentada Vera Lúcia, de 68 anos, de Jaboticabal (SP), tem pinos no joelho que foram implantados quando ela sofreu uma queda, ainda criança.
Hoje ela precisa fazer a troca dos implantes, mas diz que não consegue marcar a cirurgia no HC em Ribeirão.
“O ortopedista me deu esse encaminhamento desde 2021 e nada. Fui para a secretaria [de saúde], fui para todos os lugares que você pensar e eles só falam que vão chamar, vão chamar. Eu imploro para me arrumarem uma vaga”.
Vera Lúcia, de 68 anos, de Jaboticabal, SP, aguarda na fila do HC para trocar implantes de pino que tem no joelho
Arquivo pessoal
O autônomo Adilson Bega Siqueira, de 61 anos, de Ribeirão Preto, aguarda uma cirurgia de hérnia e a espera tem deixado ele desmotivado.
“Como eu fico muito tempo aqui sentado, foi onde me debilitei, fiquei sem atividade, sem ação, sem poder caminhar, sem poder fazer as coisas”.
A irmã dele, Márcia, acompanha de perto o tratamento e diz que já tem toda a documentação aprovada para a cirurgia, mas Adilson não é selecionado.
“Vai na Beneficência [Portuguesa], faz os exames de praxe, que é para poder fazer uma cirurgia, passa pelo anestesista, o anestesista fala que vai ligar, nos dá esperança de que vai sair a cirurgia e não sai. Já tem mais de dois anos essa vida. A resposta do porque não chama, a gente não tem”.
Márcia e o irmão, Adilson Bega Siqueira, de Ribeirão Preto, SP, aguardam por uma cirurgia de hérnia para ele
Sérgio Oliveira/EPTV
Com o mutirão previsto pelo Ministério da Saúde, as principais cirurgias que vão ser feitas nesta primeira etapa em todo o país são:
retirada de vesícula
tratamento de hérnia
remoção do útero
laqueadura
vasectomia
tratamento de varizes
Para Márcia, quando o irmão passar pelo procedimento, pode ser o início de uma vida melhor para todos.
“A qualidade de vida dele caiu muito, a minha vida também fica limitada. Fico preocupada, fico tensa”.
Procurada pela EPTV, afiliada da TV Globo, a Beneficência Portuguesa de Ribeirão Preto informou que agendou uma consulta para Adilson na terça-feira (27) para marcar a cirurgia e reorganiza a estrutura para atender a demanda de casos seletivos.
A Prefeitura de Jaboticabal disse que encaminhou Vera para o HC e cabe ao hospital agendar a cirurgia. Também procurado pela reportagem, o HC informou que não recebeu encaminhamento do caso.
Sem contar pacientes que aguardam pelo procedimento no HC, hoje Ribeirão Preto tem mais de 3,9 mil cirurgias eletivas na fila, segundo a Secretaria da Saúde.
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