PMs presos em Ribeirão Preto, SP, são suspeitos de receber dinheiro para matar


Investigação do Departamento de Homicídios da Polícia Civil indica que possa existir um grupo de extermínio na cidade. PMs são presos por suspeita de participação em homicídios em Ribeirão Preto, SP
Os dois policiais militares presos na manhã desta quinta-feira (27) em Ribeirão Preto (SP) são suspeitos de participar de um grupo de extermínio, de acordo com uma investigação do Departamento de Homicídios da Polícia Civil, que começou em janeiro deste ano.
Em conversas que a polícia teve acesso, o valor por cada crime poderia chegar a R$ 10 mil.
A Operação Alcateia, desencadeada nesta quinta-feira e que prendeu os PMs Elton Almeida e Lucas Gomes de Oliveira, além de Elias Moisés Garcia Campuzano, que é tratado como suspeito de participar da quadrilha, é o desdobramento de um trabalho de inteligência feito pela Polícia Civil com apoio do Ministério Público.
PMs foram presos nesta quinta-feira (27), em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Segundo a polícia, eles teriam envolvimento com o PM Yuri Vinicius Almeida Malta, preso em janeiro deste ano suspeito de atirar em um homem que estava com o filho de um ano no colo. O crime aconteceu na Rua Amparo, na Vila Carvalho, no dia 27 de janeiro.
“A prisão deles agora foi decretada temporariamente e a polícia e o Ministério Público vão aprofundar as investigações para ver se, inclusive, tem mais pessoas envolvidas”, diz o promotor de Justiça Marcus Túlio Alves Nicolino.
A EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso ao relatório do ministério público, que aponta que Yuri Malta é suspeito de integrar um grupo de extermínio e tentou matar um homem dia 27 de janeiro deste ano, na Vila Carvalho.
Promotor de Justiça Marcus Túlio Alves Nicolino, de Ribeirão Preto, relatório de investigação da Polícia Civil, vê ligação de PMs presos nesta quinta-feira com PM preso em janeiro
Reprodução/EPTV
No mesmo relatório, o promotor diz que, no dia do crime, poucos minutos depois, Malta ligou para um amigo confessando o crime. Ele chega a dizer que não sabe se o cara morreu, mas não quer ir trabalhar por conta disso.
“Não sei se o cara morreu, eu baleei um agora cedo e não sei se o cara morreu, por isso que eu não queria ir trabalhar de tarde, eu peguei ele agora de manhã, não tem nem uma hora (…) Eu pedi R$10 mil para cada cabeça”.
Yuri Malta ligou para um amigo confessando o crime em janeiro, de acordo com relatório do Ministério Público
Reprodução/EPTV
O valor, para os investigadores, seria o preço recebido pelo ex-policial para matar as pessoas. Além deste crime, eles podem estar envolvidos em outros homicídios.
“A Polícia Civil fez boletim de ocorrência sobre vários homicídios que aconteceram aqui em Ribeirão Preto, cuja autoria não foi descortinada, não foi apurada, e pode ser que vários desses homicídios tenham a participação dessas pessoas”, ressalta Nicolino.
Segundo o promotor, no relatório de investigação da Polícia Civil, fica clara a ligação de Yuri Malta com o policial Lucas Gomes, preso nesta quinta-feira.
No documento, Malta reconhece que quando ele e o PM Lucas se unem, ‘ambos acabam envolvidos com graves problemas’.
Relatório de investigação aponta que os PMs Yuri Malta e Lucas Gomes tem ligação
Reprodução/EPTV
Ganância e vontade de matar
A investigação também vai apurar o que motivou os crimes, mas, segundo o promotor, o MP já entende que envolve a ganância por dinheiro e a vontade de matar.
“Por incrível que parece, por prazer, por satisfação pessoal. Motivação econômica também, se apropriar de bens de valores de pessoas, sobretudo pessoas ligadas ao mundo do crime, e outros tantos motivos que nós estamos apurando”, aponta Nicolino.
Segundo ele, os policiais também podem ser denunciados por homicídio qualificado.
“Assim que a Polícia Civil concluir as investigações, com certeza também pelo material que já foi levantado, eles vão ser denunciados também por homicídio qualificado”.
Na quinta-feira, Gomes e Almeida foram encaminhados ao presídio militar Romão Gomes, em São Paulo (SP).
Campuzano está detido na Cadeia Pública de Santa Rosa de Viterbo (SP). Os três suspeitos passam por audiência de custódia nesta sexta-feira (28).
A EPTV entrou em contato com a defesa dos três PMs. A defesa de Yuri Malta disse que não teve acesso ao processo da prisão e que ele agiu em legítima defesa na tentativa de homicídio ocorrida em janeiro.
A defesa de Elton Luis de Almeida alega inocência do PM. A defesa de Lucas Gomes de Oliveira não foi encontrada para comentar o assunto.
Segundo a polícia, ninguém compareceu para fazer a defesa de Elias Campuzano. O Comando da PM não comentou as prisões.
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