Brasil deve registrar 2 milhões de produtores rurais para aplicação de agrotóxicos até 2026


Instituto Agronômico lançará curso EAD durante a Agrishow, em Ribeirão Preto, SP, para formar instrutores capazes de qualificar agricultores no uso de defensivos químicos nas lavouras. Curso capacita agricultores para manejo correto de agroquímicos nas lavouras Agrishow Ribeirão Preto, SP
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Dados do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) estimam que dois milhões de agricultores devem se registrar no Programa Nacional de Habilitação de Aplicadores de Agrotóxico até dezembro de 2026 para continuarem usando químicos nos cultivos no campo.
O programa, mais conhecido como “Aplicador Legal”, tem como objetivo capacitar e cadastrar os trabalhadores rurais que manuseiam defensivos agrícolas.
O prazo final para a qualificação é 31 de dezembro de 2026, conforme o decreto federal n° 10.833, de outubro de 2021 (clique ao lado para ler a íntegra). O texto estabelece que só os aplicadores certificados poderão exercer a atividade, perante registro nos órgãos de agricultura do estado e do governo federal.
Produtores rurais recebem orientações sobre uso correto de agrotóxicos nas lavouras Agrishow Ribeirão Preto, SP
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O assunto estará em destaque na Agrishow, a maior feira do país voltada à tecnologia para o agronegócio e que acontece de 1 a 5 de maio em Ribeirão Preto (SP). Para atender a demanda, é necessário ampliar o número de pessoas aptas a capacitar os agricultores.
Segundo Hamilton Ramos, diretor do Centro de Engenharia e Automação do Instituto Agronômico (CEA-IAC), desde 2005 o treinamento dos produtores rurais é exigido, mas apenas para aqueles com relação trabalhista.
Mas o governo federal, através do Ministério da Agricultura e Pecuária, entendeu que a capacitação é importante para todos os agricultores, principalmente envolvendo a agricultura familiar.
“Hoje em dia somente entre 30% e 40% dos aplicadores de agroquímicos são treinados seguindo boas práticas de saúde, segurança e tecnologias, abrangendo pequenas, médias e grandes propriedades”, diz Ramos, que também é coordenador da Unidade de Referência em produtos Químicos e Biológicos, vinculada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, para treinamento especializado dos produtores rurais.
Produtores rurais conferem roupas apropriadas para a lida com agrotóxicos no campo
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Capacitação à distância
Durante a Agrishow, a unidade vai apresentar uma novidade: é que o curso de formação para instrutores passará a ser disponibilizado à distância. O IAC espera atrair mil alunos até 2024.
A elaboração do conteúdo foi concluída em fevereiro por meio de um convênio com um portal da área de educação. O curso estará disponível pela plataforma Fonteagro.
“O sistema funciona como uma habilitação para motorista, então vão existir autoescolas que serão responsáveis por treinar esses trabalhadores. Nós desenvolvemos o curso à distância (EAD) para facilitar o acesso do maior número de profissionais possível. Para conseguir atender a demanda dentro do prazo [2026], precisamos de instrutores qualificados que vão ministrar as aulas nessas autoescolas”, afirma Ramos.
Formar instrutores para formar aplicadores
Para participar do curso de formação de instrutores é necessário que o interessado tenha curso de nível técnico agrícola ou alguma formação na área.
“As aulas são gravadas em 11 módulos, sobre segurança e tecnologia de aplicação, tipos de pulverizadores, armazenamento, transporte, conservação de polinizadores e manejo integrado de pragas e tem duração de 40 horas”.
Pulverizador aplica defensivos agrícolas em fazenda no Mato Grosso
Christiano Antonucci/Secom – MT
A estratégia EAD visa fomentar o surgimento de polos qualificados para a formação dos trabalhadores que atuam no trato das lavouras.
O coordenador da UR diz que 80% dos agricultores nunca receberam treinamento para fazer a pulverização das áreas de cultivo de forma adequada. Por isso a necessidade de mão de obra qualificada para ensinar quem lida direto com os produtos no campo.
“A maioria aprendeu com membros da família ou outros agricultores que também não tiveram treinamento. O curso é importante porque o aplicador vai entender a forma correta de se fazer, como utilizar o pulverizador, qual o tipo de produto deve ser usado para determinada espécie de produção e praga.”
Ainda segundo Ramos, o conhecimento técnico sobre o uso do produto pelo aplicador pode levar à redução do gasto de inseticidas, herbicidas, fungicidas e outros tipos de agroquímicos, favorecendo o bolso do produtor, a própria saúde e o meio ambiente.
“Tendo conhecimento, o agricultor consegue chegar a uma redução de 70% da necessidade do uso do agrotóxico. Entender como perder menos e como cuidar melhor do ambiente. Aprender que quanto mais o produto estiver disponível no alvo, menos agrotóxico estará disponível para chegar no corpo do aplicador que tem, obrigatoriamente, utilizar todos os EPIs próprios para isso”, afirma.
Diferente dos instrutores, os aplicadores que fizerem o treinamento para se habilitar no ‘Aplicador Legal’ terão que fazer o curso em duas etapas: básico e específico.
Segundo Ramos, a habilitação vai ser fornecida de acordo com a especificidade do curso que ele foi treinado e a validade dessa habilitação varia de dois a cinco anos.
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