Análise: por que Kamala Harris decidiu dar mais entrevistas à imprensa

Por várias semanas após Kamala Harris se tornar a candidata democrata à Casa Branca, observadores da mídia americana e críticos questionaram sua decisão de permanecer inacessível à imprensa. Alguns aliados de Donald Trump atacaram a vice-presidente como incapaz de passar por uma entrevista.

Meia dúzia de entrevistas depois, sua estratégia de mídia está tomando forma, mesmo que os espectadores em Nova York e Washington possam não estar vendo.

Nos últimos dias, Harris concedeu entrevistas a veículos de mídia locais e respondeu a perguntas em fóruns não convencionais para atingir eleitores cruciais de estados-pêndulo e minorias. Seu companheiro de chapa, Tim Walz, está fazendo o mesmo.

No início desta semana, Kamala desviou de perguntas difíceis da Associação Nacional de Jornalistas Negros e gravou uma aparição com Stephanie “Chiquibaby” Himonidis, uma popular apresentadora de rádio e podcaster de língua espanhola.

Nesta quinta-feira (19), ela participará de um evento transmitido ao vivo com apoiadores, apresentado por Oprah Winfrey.

A candidata democrata está fazendo um pouco disso, um pouco daquilo – ênfase em “pouco”. O acesso da mídia a Kamala ainda é limitado, e os jornalistas sempre querem mais. Os assessores de Harris dizem que estão implementando uma estratégia que reflete como o mundo da mídia funciona em 2024.

Ian Sams, um porta-voz de Harris, disse que “ela faz uma dose constante de engajamentos com a mídia porque acredita que falar com uma ampla gama de eleitores onde eles consomem suas notícias e informações é importante. É como você alcança as pessoas onde elas estão.”

Para isso, a campanha também cria regularmente conteúdo original para plataformas de mídia social.

Mas “sabemos que ela está sob pressão para agir sem roteiro”, disse um funcionário da campanha de Harris à CNN, sob condição de anonimato.

Donald Trump e Kamala Harris se cumprimentam no Debate da ABC • (Photo by Win McNamee/Getty Images)

O debate presidencial sediado na semana passada pela ABC News foi um grande momento para os eleitores em todo o país testemunharem Harris em um cenário improvisado, e foi um sucesso, com várias pesquisas pós-debate indicando que ela saiu na frente.

Harris está mirando em outro debate contra Donald Trump, embora o republicano tenha declarado publicamente que não participará. Enquanto a campanha de Harris está agendando entrevistas, ela também está tentando avançar essa meta de debate. Se Trump não mudar de ideia, Harris pode concordar com eventos de sabatina com emissoras de TV, disse a fonte.

A estratégia de mídia de Trump é mais frouxa – ele aparece em seus programas favoritos da Fox News, dá declarações e entrevistas curtas para bater em repórteres e realiza coletivas de imprensa ocasionais.

Seus comentários públicos são frequentemente cheios de falsas alegações e afirmações não verificáveis. Às vezes, suas aparições saem pela culatra, como quando ele teve um bate-papo de áudio com o dono do X, Elon Musk, que foi atormentado por dificuldades técnicas.

Sams criticou a abordagem de Trump ao dizer à CNN que Kamala está “indo aonde as pessoas obtêm suas notícias, e em todos os cenários ela está respondendo a perguntas — geralmente difíceis — sobre seus planos e agenda. Talvez estejamos completamente errados e uma live de duas horas com Elon Musk ou apregoando algum empreendimento de criptomoeda duvidoso seja a melhor maneira de atingir os eleitores indecisos do campo de batalha, mas duvido”.

A primeira entrevista de Harris e Walz como indicados do partido foi com a âncora da CNN, Dana Bash, no final de agosto. A entrevista atraiu mais de 6 milhões de espectadores e foi classificada como a melhor audiência da CNN no horário das 21h (excluindo o debate de junho) desde o dia em que o presidente Biden foi empossado.

Uma semana depois, Harris ligou para o “The Rickey Smiley Morning Show” e o “Afternoon Vibes with Ms. Jessica”, dois programas de rádio comandados por locutores negros, e uma estação de rádio em espanhol em Phoenix.

Enquanto esses bate-papos eram retransmitidos em mercados por todo o país, a campanha estava claramente se concentrando em estados indecisos como Arizona e Carolina do Norte.

Essa estratégia – priorizar a mídia local – também ficou evidente após o debate, quando Harris se sentou com um âncora da WPVI, a estação de TV dominante na Filadélfia, mais conhecida localmente como Action News.

Walz também tem feito as rondas locais na TV. Nesta semana, ele gravou breves entrevistas com veículos na Geórgia, Wisconsin e Carolina do Norte.

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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