Barretos, SP, registra o maior índice de casos de chikungunya do estado de São Paulo


São mais de 900 ocorrências na cidade. Equipes da prefeitura já visitaram 10.114 casas nesta semana para fazer a varredura e eliminar criadouros. Barretos registra maior índice de Dengue e Chikungunya no estado
Barretos (SP) é a cidade com o maior número de casos de chikungunya em todo o estado de São Paulo. Segundo boletim divulgado nesta semana pela Secretaria de Saúde, a cidade tem 953 casos positivos desde o começo do ano.
A doença é causada pelo mosquito Aedes aegypti, também responsável por transmitir dengue e zika. Considerando os casos de dengue, Barretos já registrou, até o momento, 761 ocorrências.
São mais de 1,6 mil confirmações das duas doenças na cidade. Os números já preocupam a prefeitura.
“Barretos vem atravessando uma fase difícil, porque o número de casos de dengue aumentou demais neste ano”, afirmou o secretário da saúde Mussa Calil.
Os motivos para o disparo dos casos de doenças transmitidas pelo Aedes aegypti, segundo o secretário, seriam as chuvas no início do ano e também os criadouros nas residências.
“É preciso, também, que tenha a compreensão do morador, porque aquilo é questão de saúde pública”, diz Calil.
O secretário explica que os mosquitos podem voar até 500 metros de distância, portanto, casas com criadouros podem prejudicar tanto a própria família que reside ali quanto vizinhos em até cinco quarteirões.
“Um mosquitinho desse tamanhozinho faz um estrago muito grande”, alerta.
Menor do que os mosquitos comuns, o Aedes aegypti possui listras brancas no tronco, cabeça e pernas
GETTY IMAGES
Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, de janeiro até junho, foram confirmados 1.803 casos e seis óbitos causados pela doença no estado de São Paulo.
Combate ao Aedes
Para tentar conter as doenças transmitidas pelo Aedes, equipes do controle de vetores de Barretos estão nas ruas para fazer a nebulização das 18h às 21h30 e visitar casas de moradores para eliminar criadouros e orientar a população.
O trabalho de varredura é extenso. Segundo Calil, os agentes já visitaram 10.114 casas nesta semana. Do total, sete moradores não abriram as portas das residências.
O objetivo é eliminar o maior número de criadouros possíveis.
“Tentamos fazer o máximo possível da área trabalhada, e as casas que ficam fechadas, a gente volta ainda no outro dia pra tentar abrir também, porque uma casa fechada com o foco do mosquito pode atrapalhar todo o trabalho que eu tive”, explica Cristiane Parreira Lima, coordenadora do controle de vetores.
Os principais focos estão em piscinas, água em pratinhos de planta, latas, garrafas esquecidas no fundo do quintal e ralos externos.
Segundo a coordenadora, 86% dos criadouros estão dentro de residências que têm moradores, o que ascende um alerta.
“Isso que está nos preocupando porque mostra que a população também não tem feito a parte dela: ela espera que o poder público vá e faça”, diz.
Equipe de controle de vetores realiza nebulização para combater o mosquito Aedes Aegypti em Barretos, SP
Reprodução/EPTV
Dores constantes
Tanto a dengue quanto a chikungunya são transmitidas pelo Aedes aegypti, o mesmo mosquito que causa também o zika. Uma simples picada desse inseto foi o suficiente para virar a vida da tatuadora Paula Nogueira de cabeça para baixo.
Apesar de ter se curado da chikungunya há quase quatro meses, ela ainda sofre com as sequelas da doença.
“Ainda sinto algumas dores, especialmente nas mãos, nos pés. Em algumas articulações eu ainda sinto dores constantes”, revela.
Segundo a tatuadora, foi preciso fazer algumas adaptações no trabalho para lidar com os incômodos. Hoje, por causa das sequelas, Paula não consegue trabalhar longas horas e foca em realizar tatuagens mais rápidas.
A doença chegou de repente. Os sintomas começaram no dia 11 de março e a tatuadora chegou a passar uma semana internada.
“A primeira semana foi uma semana muito difícil. As dores e a inflamação que não cessavam. Causou dor, febre no corpo, inviabilizando totalmente o meu trabalho”, lembra.
O tratamento teve de ser feito com um especialista em reumatologia, exigiu o uso de corticoides e levou cerca de um mês e meio, segundo Paula.
A tatuadora Paula Nogueira ainda sofre com as sequelas da Chikungya
Reprodução/EPTV
Principais sintomas
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 30% dos casos de chikungunya são assintomáticos. No entanto, quando a doença se manifesta, os primeiros sintomas costumam aparecer após 12 dias da picada do Aedes. Veja quais são:
Febre acima de 39 graus, de início repentino;
Dores intensas nas articulações de pés e mãos – dedos, tornozelos e pulsos;
Dor de cabeça;
Dores nos músculos;
Manchas vermelhas na pele.
As dores nas articulações, que também são sintomas da dengue, costumam ser ainda mais intensas na chikungunya. É possível, ainda, contrair dengue e chikungunya ao mesmo tempo.
Agente da prefeitura de Barretos vistoria imóvel em busca de possíveis criadouros do Aedes aegypti
Reprodução/EPTV
Como prevenir
Para evitar a reprodução do Aedes aegypti, o Ministério da Saúde reúne uma série de orientações. Confira abaixo:
Utilize telas de proteção com buracos de, no máximo, 1,5 milímetros nas janelas de casa;
Deixe as portas e janelas fechadas, principalmente nos períodos do nascer e do pôr do sol;
Mantenha o terreno limpo e livre de materiais ou entulhos que possam ser criadouros;
Tampe os tonéis e caixas d’água;
Mantenha as calhas limpas;
Deixe garrafas sempre viradas com a boca para baixo;
Mantenha lixeiras bem tampadas;
Deixe ralos limpos e com aplicação de tela;
Limpe semanalmente ou preencha pratos de vasos de plantas com areia;
Limpe com escova ou bucha os potes de água para animais;
Limpe todos os acessórios de decoração que ficam fora de casa e evite o acúmulo de água em pneus e calhas;
Coloque repelentes elétricos próximos às janelas – o uso é contraindicado para pessoas alérgicas;
Velas ou difusores de essência de citronela também podem ser usados;
Evite produtos de higiene com perfume, pois podem atrair insetos;
Retire água acumulada na área de serviço, atrás da máquina de lavar roupa.
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