Jovem em Ribeirão Preto é vítima de golpe e paga por uniforme de empresa em que acreditava ter sido contratada


Sem passar por entrevista, Maria Clara Lourenço Amaro recebeu a informação de que tinha conseguido a vaga como recepcionista e deveria transferir R$ 41 à recrutadora por roupa profissional: ‘Dinheiro estava contado’ Golpista oferece emprego que não existe e vítima perde dinheiro em Ribeirão Preto, SP
Desempregada, Maria Clara Lourenço Amaro ficou sabendo de uma vaga de recepcionista em uma clínica Ribeirão Preto (SP) e entrou em contato com a pessoa que ela acreditava ser responsável pelo processo seletivo. Sem nem passar por uma entrevista, ela recebeu a notícia de que tinha sido aprovada, mas precisaria pagar R$ 41 pelo uniforme da empresa.
A jovem não desconfiou, mas estava lidando com golpistas e o dinheiro utilizado para comprar a roupa que usaria para trabalhar estava contado.
“Ia usar para pagar uma parcela da minha televisão, que já estava atrasada. Pensei ‘vou tirar, porque vai valer a pena e no final vou ser retribuída’ e, na verdade, não fui. É muito triste, porque é um dinheiro que já estava contado”.
Desempregada, Maria Clara Lourenço Amaro, de Ribeirão Preto (SP), foi vítima de golpe de falsa vaga
Marcelo Moraes/EPTV
O caso aconteceu na segunda-feira (24). Em uma troca de mensagens por um aplicativo, a jovem recebeu todas as orientações sobre a contratação e foi informada que deveria comparecer à empresa no dia seguinte, a partir das 9h.
Maria Clara também recebeu detalhes sobre o salário, de R$ 1.544, e benefícios (vale transporte, vale alimentação, cesta básica, plano de saúde e odontológico).
Maria Clara Lourenço Amaro transferiu R$ 41 por Pix na conta de golpista acreditando que estava pagando por uniforme, em Ribeirão Preto, SP
Marcelo Moraes/EPTV
A clínica, de fato, existe. Mas a vaga em questão, não. O proprietário, ao tomar conhecimento de que o nome da empresa estava sendo utilizado para aplicação de golpes, registrou boletim de ocorrência e o caso vai ser investigado pela polícia como fraude e estelionato.
“É muito triste, uma sensação muito ruim, porque, às vezes, você está ali contando com o dinheiro para pagar uma coisa e você tem aquela certeza ‘vou tirar para uma coisa que vai valer a pena’ e, na verdade, não vai valer a pena, é um golpe. É uma crueldade muito grande”, diz Maria Clara.
Além de desembolsar dinheiro para um suposto kit, com calça, camisa e sapato, ela também providenciou toda a documentação e até recebeu uma guia para um exame admissional.
Maria Clara só se deu conta do golpe, quando chegou na empresa no dia e horário marcado achando que começaria a trabalhar e foi informada que a vaga não existia.
Além dela, outras quatro pessoas também foram enganadas pelo falso recrutador.
Maria Clara, de Ribeirão Preto, SP, chegou a receber pedido de exame admissional para vaga falsa
Marcelo Moraes/EPTV
‘Achei que fosse normal’
A jovem conta que achou que a cobrança pelo uniforme era algo normal, pois o pai dela também paga pelo uniforme na empresa que trabalha. Por isso mesmo, não desconfiou que tratava com golpistas.
Ela também revela que chegou a procurar pela clínica em um site de buscas e ficou tranquila quando viu que a empresa existia.
“Foi tudo muito profissional. Eu pesquisei, vi o endereço [da empresa], então achei que fosse alguma coisa normal [cobrar pelo uniforme]. Tanto é que, nesse sentido de ter que pagar o uniforme, pra mim é normal, porque a empresa do meu pai tem que pagar uniforme. Por isso que acreditei”.
Como Maria Clara ainda não tinha sido contratada, a cobrança deveria ter sido o alerta para o golpe.
Isso porque a consultora de RH Laís Nascimento, verdadeira responsável pelas contratações na clínica, explica que todo e qualquer processo seletivo, independentemente da empresa, é feito de forma gratuita.
“Teve cobrança de qualquer valor é sinal de alerta. Depois disso é verificar a veracidade da empresa, quem está mandando mensagem, de onde vem o contato. Normalmente, as empresas ligam e até usam WhatsApp, só que é bom você sempre verificar no Google, nas redes sociais, quantas postagens tem. Muitos perfis são criados para aplicar esse golpe e o sinal de alerta é ter duas publicações em um dia”.
Outro ponto é que, no caso de Maria Clara, não houve entrevista. Laís afirma que essa prática também não é comum e chama a atenção.
“Não existe contratar sem fazer entrevista antes. Um dos sinais de que é um golpe é justamente isso. A pessoa que estava aplicando o golpe falou que tinha pegado o currículo, que já tinha sido selecionado e podia ir na empresa após o pagamento da taxa. Nenhuma empresa contrata sem antes bater um papo com o candidato, conhecê-lo, independentemente da forma que é feita a entrevista, por vídeo, ou presencial”.
A EPTV, afiliada da TV Globo, tentou entrar em contato com o falso recrutador, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.
Todos os detalhes de suposta contratação foram passados por mensagem à vítima, em Ribeirão Preto, SP
Marcelo Moraes/EPTV
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