Agressão de estudante em rodeio muda para ‘lesão corporal leve’ e família quer reavaliação


Inicialmente violência ocorrida em Ribeirão Preto (SP) era considerada em laudo do IML e inquérito da polícia como lesão corporal grave. Vítima é de Santa Rita do Passa Quatro. Agressão contra estudante em rodeio é alterada para lesão corporal leve em inquérito
O advogado do estudante Enzo Ribeiro Lobo, de 18 anos, de Santa Rita do Passa Quatro (SP), agredido dentro de um camarote em um rodeio em Ribeirão Preto (SP), entrou com um pedido de reavaliação do laudo do Instituto Médico Legal (IML) e das investigações policiais sobre o caso.
O inquérito chegou à Justiça este mês como lesão corporal leve e não lesão corporal grave como havia sido apontado no início do caso. A situação deixou a família indignada.
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O agressor, Rubens Prudente Correa Neto, responde pelo crime em liberdade. A EPTV, afiliada da TV Globo, tentou contato com a advogada defesa de Correa Neto várias vezes nesta sexta (28), mas a informação era que ela estava em reunião e não poderia atender.
Enzo Ribeiro Lobo teve lesões no corpo e fraturou o nariz ao ser agredido no rodeio de Ribeirão Preto, SP
Arquivo pessoal
“Protocolamos uma petição junto ao poder judiciário de Ribeirão Preto, levando ao conhecimento desse fato e de omissões percorridas dentro do inquérito policial, como a não apresentação das imagens, perícias nos celulares que poderiam identificar outros participantes que não foram realizadas e nenhuma diligência nesse sentido. A impunidade é muito grande”, afirmou o advogado Alan Minutentag.
Questionada sobre a mudança na classificação do crime, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) disse apenas que o caso foi investigado pelo 2º Distrito Policial de Ribeirão Preto, sendo relatado ao poder judiciário neste mês e agora é de responsabilidade do setor judicial.
Agressão em rodeio
Enzo foi agredido em 23 de abril pelo estudante de engenharia agronômica Rubens Prudente Correa Neto, de 21 anos, e teve o nariz quebrado e várias escoriações.
Um vídeo da agressão foi postado na internet e mostra o agressor dando uma cabeçada no estudante e, em seguida uma série de socos e pontapés, inclusive quando ele já está caído no chão (veja vídeo abaixo).
Uma das linhas da investigação policial era que a agressão era parte de um trote da faculdade, o que foi negado pelo suspeito da agressão que alegou que teve um desentendimento com Enzo.
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A vítima passou por exames no IML e o caso foi tratado como lesão corporal grave. Mas, recentemente, o inquérito foi alterado para lesão corporal leve.
“Lesão corporal leve a gente sabe que é um crime de menor potencial ofensivo que ele vai continuar sendo réu primário e gera impunidade”, disse o advogado.
A mãe do estudante, Maria Augusta Rosa Lobo, ficou indignada com a alteração. “O vídeo é nítido, o ato de agressão que meu filho levou, ele foi agredido sem saber o porquê, ele quase foi morto, com aquele golpe, aquela cabeçada, com aqueles chutes, e simplesmente nada acontece. Precisamos de justiça, a gente precisa de lutar por um país justo e que os direitos sejam iguais a todos, independente da classe social”, afirmou.
Maria Augusta Rosa Lobo, mãe do estudante agredido em rodeio de Ribeirão,
Reprodução/EPTV
Ela disse que todo tempo a família estava a disposição das autoridades, mas a mudança foi feita sem qualquer consulta ou aviso.
“Eles mudaram o laudo sem a presença do meu filho. Nós estávamos e estamos à disposição para o segundo laudo, se houvesse necessidade. E após ter passado três meses praticamente, eles resolveram mudar o laudo sem a gente ficar sabendo, sem a presença do Enzo, então isso aí é frustrante sabe, é de causar indignação.”
Mudança de comportamento
Segundo a mãe e os amigos, Enzo mudou de comportamento após a agressão e deixou de ir às aulas do cursinho pré-vestibular.
“Ele ficou sem sonhos, ele ficou sem perspectiva de estudar, ele só fica em casa, praticamente não sai, ele perdeu a vontade, aquela alegria. Ele era um menino alegre e feliz. Aparentemente você até pensa que ele está bem, mas, ele não está”, disse Maria Augusta.
Ele também deixou de sair com os amigos, alguns deles que o acompanhavam na festa em que sofreu a agressão.
“A gente já tentou chama-lo para outras festas e ele não consegue mais. A gente sempre tenta colocar ele em tudo, de vez em quando ele sai para comer uma pizza com a gente, mas todo momento quieto. Em lugar grande ele não gosta de ir, ele criou um medo de tudo o que aconteceu. Qualquer um teria, né?”, disse o amigo João Lucas Lunardi.
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