Roubo milionário de pedras da vesícula de boi foi ponto de partida para polícia chegar em quadrilha que atuava em Barretos, SP


Assalto aconteceu em 2019, quando criminosos conseguiram levar R$ 3,5 milhões de exportadora. Suspeitos de liderar grupo foram presos nesta sexta-feira (28). Roubo milionário em 2019 foi pontapé inicial para polícia investigar quadrilha em Barretos
As prisões de Afrânio Cássio Ferreira e Caique Silva Lima nesta sexta-feira (28), em Barretos (SP), são resultado de uma investigação que começou há, pelo menos, dois anos.
Os dois são suspeitos de fazer parte de uma quadrilha que roubava estabelecimentos comerciais e residências e que pode ter conseguido, em um único assalto, R$ 3,5 milhões.
O caso aconteceu em fevereiro de 2019. De acordo com a Polícia Civil, a quadrilha invadiu o escritório de uma exportadora e roubou 18 kg de cálculo biliar bovino, uma pedra extraída das entranhas do boi, bastante valiosa no mercado internacional.
Afrânio Cássio Ferreira e Caique Silva Lima foram presos nesta sexta-feira (28) suspeitos de liderar quadrilha de roubos milionários em Barretos, SP
Arquivo pessoal
Na época, um casal chegou a ser preso por suspeita de envolvimento no assalto milionário.
Essa pedra, conhecida como pedra de fel, é muito utilizada na China para fabricação de medicamentos naturais. Hoje, cada grama vale mais de R$ 330.
Na época do assalto, a mesma quantidade saía por R$ 200, valor também vantajoso para os criminosos.
“O que teria motivado eles é o alto valor desse cálculo biliar bovino, que a gente, informalmente, chama de pedra de boi. À época dos fatos, valia cerca de R$ 200 o grama, eram comercializadas essas pedras de boi com alto valor”, diz o delegado Rafael Faria Domingos, responsável pelo caso.
Quadrilha roubou 18 quilos de cálculo biliar bovino em Barretos, SP, em 2019
Reprodução/EPTV
Segundo ele, na data do roubo, Lima, tido nas investigações como o líder da organização criminosa, teria tido a informação de um carregamento dessas pedras de boi.
“Ele teria, então, informado aos indivíduos que fizeram o roubo e teria emprestado o veículo para o roubo”.
Antes de cada assalto, o delegado explica, uma grande pesquisa era feita sobre as vítimas.
“Quem ficava responsável por essa pesquisa era, efetivamente, o líder dessa organização criminosa, que, em muitas situações, já tinha notícia que aquela pessoa armazenava uma grande quantidade de dinheiro”.
Ainda segundo Domingos, além das possíveis vítimas, as casas delas também passavam por uma avaliação criteriosa para a quadrilha entender como poderia entrar no local.
“Ele observava pessoas que moravam na cidade e buscava informações, se essas pessoas guardavam dinheiro em espécie na casa, se eram pessoas vulneráveis, cujo acesso à casa seria fácil para que se fossem roubados e depois levava essas informações aos cinco indivíduos que executavam esses roubos”.
Garagem de carros era usada para lavagem de dinheiro
Ferreira é o dono de uma garagem de carros em Barretos que, ainda de acordo com a polícia, era usada para lavar dinheiro dos assaltos.
“Como o Afrânio se dedicava à compra e venda de veículos, tinha uma garagem de veículos à época. Essa própria compra e venda de veículos, muitas vezes com valor a mais, com valor a menos, servia para justificar aquela grande movimentação de dinheiro”.
Os dois suspeitos estão com prisão temporária decretada por 30 dias, mas que pode ser prorrogada por mais tempo.
Procurada pela EPTV, afiliada da TV Globo, a defesa de Ferreira afirmou que ele é inocente. A defesa de Lima disse que não teve acesso às acusações e não iria se manifestar.
Vida de luxo
Nas redes sociais, os líderes da quadrilha ostentavam uma vida confortável. De acordo com o delegado, os custos eram pagos com o dinheiro dos crimes e que era lavado em empresas aliciadas.
“Se apurou também no curso da investigação que o líder se tornou sócio de duas empresas em Ribeirão Preto para poder lavar esse dinheiro”.
A investigação apontou que uma das empresas usadas em Ribeirão Preto (SP), por exemplo, tinha capital social de R$ 1 mil, mas com a entrada do suspeito dos crimes como sócio, passou a ter capital de R$ 1,5 milhão.
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