Pó de minério, argila e água: veja como mistura simples se transforma em grafite


Material é base para o lápis e também ‘parente’ do diamante. O que diferem os dois são as estruturas químicas. Conheça como é feita a produção do grafite
Principal material do lápis, a grafite — sim, é um substantivo feminino — surge a partir de um elemento básico no planeta: o carbono. Ela também tem um ‘irmão’ rico, assim por dizer, que é o diamante.
“Grafite e diamante são feitos só por carbonos, o que muda de um para o outro é a estrutura como o carbono se organiza”, explica a professora de química Juliana Romero de Mendonça.
Grafite é mistura de pó de minério com água e argila
Aurélio Sal/EPTV
Segundo ela, a estrutura da grafite é formada por hexágonos e o diamante tem uma estrutura um pouco mais complexa.
“Forma-se uma estrutura tridimensional muito organizada, que traz uma característica que é muito peculiar ao diamante, que é sua alta dureza”.
Da pedra preciosa ao ‘simples’ material para rabisco, forma, cor e resistência são variações de um mesmo elemento. Só que a grafite parece ocupar uma posição mais ‘importante’ no mundo, como conta Juliana.
“Considero grafite até mais relevante, porque o uso é muito mais abrangente e todo mundo tem grafite. Diamante, não”.
Grafite é a principal base para produção de lápis
Aurélio Sal/EPTV
Um dos principais usos da grafite é, justamente, na fabricação de lápis, algo bastante comum no dia a dia de muita gente.
A EPTV, afiliada da TV Globo, visitou uma fábrica em São Carlos (SP) para acompanhar de perto o processo que transforma a matéria-prima no produto final. (veja vídeo acima)
Fabricação de lápis em São Carlos, SP
Aurélio Sal/EPTV
Tudo começa pela grafite
De uma mistura simples de pó de minério, água e argila, se cria a grafite. A argila, neste ponto, é especial, pois ela serve para dar mais dureza. Quanto mais argila, mais resistente é a grafite.
Pó de minério, água e argila se misturam para criar a grafite em fábrica de lápis em São Carlos, SP
Aurélio Sal/EPTV
O lápis H, por exemplo, usado para desenhos técnicos, é mais mole que o HB ou que o 2B, que são mais rígidos, porque têm mais argila.
Filamentos
Depois de misturada e batida, a massa passa por uma máquina que faz os filamentos, ou o espaguete, como é chamado. Ele ainda sai mole do equipamento e é possível entortá-lo com a mão.
Filamentos de grafite saem moles da máquina e é possível entortá-los com a mão
Aurélio Sal/EPTV
Para atingir a textura ideal, é passado para formas de cerâmica, onde permanecem por 12 horas em um super forno a 1020 graus de temperatura. E o combustível desse forno é a própria grafite.
“O filamento da resistência desse forno, que chega até 1020 graus, é feito por um determinado tipo de grafite”, diz Francine Guidugli Bertoletti, gerente de desenvolvimento de produtos da fábrica .
Parceria ideal
Depois de passar pelo super forno, o filamento ainda precisa encontrar a madeira ‘ideal’ para que seja transformado em lápis.
Na fábrica em São Carlos, essa madeira vem da plantação de pinheiros de Minas Gerais.
Para cada árvore usada para processar lápis, uma nova muda é plantada, segundo fábrica de São Carlos, SP
Reprodução/EPTV
“Somos a única fábrica de lápis do mundo que tem floresta própria. Para cada árvore que a gente faz a colheita para poder processar o lápis, uma nova árvore é plantada. A gente tem a madeira de reflorestamento”, explica Francine.
Cada pequena tábua de madeira vai receber dez grafites. Neste momento, elas são cortadas, aparadas e arredondadas. Aí sim, do casamento perfeito entre o filete e a madeira, nasce o lápis.
Na última etapa do processo, grafites são colocadas em tábuas de madeira e assim nascem os lápis
Aurélio Sal/EPTV
Para a produção de lápis coloridos, a receita é a mesma, com ingredientes diferentes. São utilizados caulim, que parece um pó de talco, pigmentos e cera líquida.
Redondos, mais molengos, macios para escrever, para crianças, para artistas ou quaisquer outras profissões, os lápis estão presentes na nossa vida há mais de 200 anos. E ter um pouquinho de ideia de como eles são feitos, os torna ainda mais especiais.
Lápis de cor utilizam ingredientes um pouco diferentes na frabricação
Aurélio Sal/EPTV
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