‘Combustível verde’ da aviação: conheça alternativa capaz de baixar emissões de gases do efeito estufa em 80%


Além de benefício ambiental, opção sustentável não precisa ser adaptada para abastecer aeronaves. Bagaço da cana-de-açúcar é uma das matérias-primas de maior potencial. Avião; aviação; voo; pouso; decolagem
HAL9001/Unsplash
Com a crescente preocupação global diante das mudanças climáticas, a aviação busca alternativas sustentáveis para abastecer aeronaves e reduzir o uso do querosene. Nesse contexto, o chamado “combustível verde” surge como uma das principais apostas para a descarbonização do setor.
🌱Comparado ao derivado do petróleo, o bioquerosene da aviação é capaz de reduzir cerca de 80% das emissões de gases de efeito estufa, de acordo com a Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO).
Nos tópicos a seguir, conheça o combustível, os desafios de produção e como ele pode beneficiar a aviação e o meio ambiente:
SAF: o que é e como é produzido
Benefícios ambientais e segurança
Cana-de-açúcar e produção em larga escala
Desafios da produção em larga escala
Unidade produtora da Raízen
Divulgação/ Raízen
1.SAF: o que é e como é produzido
O combustível sustentável para aviação, conhecido como SAF (Sustainable Aviation Fuel), é produzido a partir de resíduos orgânicos, como óleo de cozinha e gordura animal descartados, ou por meio de fontes renováveis como a cana-de-açúcar, produzida em larga escala no Brasil.
Seu uso se tornará ainda mais essencial a partir de 2027, quando os aviões não poderão decolar para destinos internacionais sem compensar suas emissões. Essa compensação poderá ser feita por meio da compra de créditos de carbono ou pelo abastecimento com uma mistura de SAF.
Segundo a ICAO, existem em todo o mundo mais de 30 iniciativas sendo adotadas ou em desenvolvimento para ampliar a produção de SAF, que deve ter uma demanda de 20 milhões de metros cúbicos por ano em todo o planeta em 2030, de acordo com a Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA).
2.Benefícios ambientais e segurança
Além de o combustível reduzir emissões de gases de efeito estufa, o SAF não produz enxofre, o que reduz a emissão de óxidos de enxofre e material particulado, contribuindo para uma melhoria significativa na qualidade do ar.
Quanto à segurança, o SAF é compatível com as especificações das aeronaves modernas e pode ser utilizado sem necessidade de modificações estruturais significativas. Ainda que em uma porcentagem inicial, sua mistura com o querosene de aviação tradicional (JET) já é uma realidade.
“Com o comprometimento contínuo da indústria aeronáutica e o avanço da tecnologia, o uso seguro e eficiente do combustível verde nas aeronaves será garantido, abrindo caminho para um futuro mais sustentável e consciente na aviação global”, destaca Raphael Nascimento, diretor de Novos Negócios em Trading da Raízen, uma das principais empresas brasileiras de bioenergia.
3.Cana-de-açúcar e produção em larga escala
Entre as fontes disponíveis, a cana-de-açúcar é uma solução escalável para a descarbonização da aviação, avalia Nascimento. O caminho é a utilização do etanol de segunda geração (E2G), produzido a partir do bagaço da cana.
“Como maior produtora global de etanol da cana-de-açúcar e a única empresa a produzir o etanol de segunda geração (E2G) com resíduos da produção em escala comercial, a Raízen vê o etanol de cana como uma solução escalável que pode ser muito eficiente para a descarbonização de setores como a aviação. O etanol da cana-de-açúcar é o carro-chefe da Raízen e a nossa maior aposta para a transição de baixo carbono”, afirma.
Em meio às diferentes formas de produção do biocombustível de aviação, a cana deve ser um dos protagonistas, segundo Nascimento.
“Acreditamos que 25% deste total seja produzido a partir de etanol de cana-de-açúcar, uma demanda adicional de 9 milhões de metros cúbicos do biocombustível ao ano”, diz.
A expectativa é que a adesão ao combustível verde aumente à medida que ocorra o avanço da tecnologia, da regulamentação do setor e, principalmente, da disponibilidade do produto, que ainda não está disponível em grande escala.
“No mercado global já há uma grande procura, mas a demanda ainda é maior do que a oferta no momento”, ressalta o diretor da Raízen.
4.Desafios da produção em larga escala
Apesar do potencial promissor do SAF, ainda existem desafios para a produção em larga escala. A disponibilidade de insumos é um dos principais obstáculos, devido à alta demanda por combustível no transporte aéreo e outros segmentos. Garantir um fornecimento estável e previsível de matéria-prima é essencial para atender as demandas do mercado da aviação.
De acordo com Raphael Nascimento, atualmente a demanda é maior do que se pode atender.
”Por isso o foco é investir cada vez mais no aumento da produtividade agrícola para aproveitar o máximo do potencial energético da cana e assim conseguir acompanhar a busca crescente da indústria pela descarbonização”, diz.
Ainda de acordo com ele, existem desafios como em todas as outras tecnologias inovadoras. “Os desafios que envolvem o ecossistema de produção de SAF dependem fortemente de mecanismos de suporte, políticas públicas apropriadas e iniciativas privadas e investimentos para a sua evolução e implementação em larga escala”, explica.
A união de esforços entre as esferas pública e privada é fundamental para acelerar a transição para o uso de combustível verde na aviação.
“Para que o combustível sustentável de aviação avance é preciso de pesquisa, desenvolvimento, inovação, investimentos, estímulos governamentais e também de parcerias estratégicas na esfera privada”, enfatiza Nascimento.
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