Justiça nega indenização a família de menino que morreu ao pegar ‘rabeira’ em Ribeirão Preto, SP


Pai, avó e irmãos pediam R$ 100 mil por danos morais e queriam que motorista de ônibus respondesse por acidente. Vítima de 12 anos teria se desequilibrado quando veículo fez curva. Menino de 12 anos foi atropelado por ônibus urbano em Ribeirão Preto
Alexandre Sá/EPTV
A Justiça de Ribeirão Preto (SP) julgou improcedente a ação movida pela família de um menino de 12 anos que morreu atropelado por um ônibus enquanto pegava “rabeira” no veículo e negou indenização por danos morais no valor de R$ 100 mil solicitada após o acidente.
O caso aconteceu em 2018 e a decisão foi divulgada nesta segunda-feira (24). O motorista foi inocentado da culpa.
À época, o crime foi registrado como homicídio culposo — quando não há intenção de matar — na direção de veículo automotor.
Na decisão, a juíza Ana Paula Franchito Cypriano cita filmagens de uma câmera de segurança instalada dentro do ônibus, que indicaram que não havia pedestres e ciclistas no campo de visão do motorista.
Segundo ela, o laudo sobre o acidente indicou não ser possível confirmar que o condutor tivesse ciência do atropelamento.
O estudante Ronald Gabriel Silva Barros morreu na noite de 18 de outubro de 2018, no Parque Ribeirão, em Ribeirão Preto, quando, de bicicleta, pegou “rabeira” no veículo para aproveitar a velocidade.
Ele estava com amigos no momento do acidente. Ronald se desequilibrou e caiu quando o ônibus — da linha 406 – Jardim Maria da Graça — fez uma curva para acessar a Rua Comandante Armando Marim.
De acordo com o Boletim de Ocorrência, a vítima se segurava na lateral da porta dianteira, do lado direito do veículo. Na queda, Ronald foi atropelado pelo mesmo ônibus e morreu na hora.
Ronald Gabriel Silva Barros, de 12 anos, morreu atropelado por ônibus em Ribeirão Preto
Alexandre Sá/EPTV
Familiares pediam indenização
Após a morte do menino, familiares da vítima entraram na Justiça pedindo indenização no valor de R$ 100 mil por danos morais.
Um primo de Ronald que pegava “rabeira” com ele no dia do acidente foi uma das testemunhas no processo.
Segundo a família de Ronald, o ônibus teria feito a conversão de forma brusca e o motorista teria sido imprudente pois, além de ter conhecimento que o menino e outras crianças andavam de bicicleta segurando a porta do veículo, teria deixado de prestar socorro ao garoto após o atropelamento.
À época do acidente, a dona de casa Conceição Aparecida Barros Horta, tia de Ronald, chegou a dizer que o sobrinho tinha o hábito de pedalar com amigos pelas ruas do bairro.
Ela culpou o motorista pelo acidente pois, para ela, ele tinha condições de ver o garoto pelo retrovisor do veículo.
Durante o processo, o condutor do veículo confirmou que vários garotos pegaram ‘rabeira’ no carro que dirigia e ele chegou a parar e reclamar.
Menino de 12 anos morreu atropelado por ônibus urbano em Ribeirão Preto
Luciano Tolentino/EPTV
Má visibilidade
Na época, o Consórcio Pró-Urbano emitiu uma nota informando que o motorista não percebeu o atropelamento porque local tem “iluminação precária” e chovia no momento do acidente.
Além disso, a empresa alegou que os ciclistas geralmente se apoiam na traseira dos ônibus, onde o condutor não tem visibilidade. Uma testemunha, passageira do ônibus na ocasião, confirmou a versão no processo.
As imagens gravadas pela câmera que existe dentro do coletivo foram analisadas durante as investigações.
Moradores do Parque Ribeirão informaram que a prática de pegar rabeira em ônibus era bastante comum entre adultos e crianças.
Bicicleta usada pelo menino que morreu atropelado por ônibus urbano em Ribeirão Preto
Luciano Tolentino/EPTV
Prática perigosa
Após a decisão, o Pró-Urbano emitiu uma nota dizendo que a prática é perigosa e causa sérios problemas ao sistema de transporte coletivo de Ribeirão Preto e também aos motoristas, que não querem operar em locais com casos recorrentes por medo que acidentes aconteçam.
“Dirigir com a pressão psicológica de ter adolescentes pendurados no ônibus em movimento prejudica toda a equipe, além dos consequentes prejuízos materiais”, diz a nota.
Segundo o Pró Urbano, além de oferecer riscos à segurança de quem pratica, pegar rabeira causa quebra de lanternas, destruição de parte elétrica, placas e riscos nas traseiras dos veículos.
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