Perícia indica que carro pode ter sido utilizado por PMs para cometer crimes em Ribeirão Preto, SP


Veículo apreendido em janeiro deste ano pertence a ex-PM Yuri Vinicius Malta, que está preso. Luminol encontrou vestígios de sangue, que serão confirmados por exame de DNA. Marcas de sangue evidenciadas por luminol em carro de ex-PM preso suspeito de pertencer a um grupo de extermínio
Reprodução/EPTV
Um Chevrolet Corsa Sedan apreendido pela Polícia Civil de Ribeirão Preto (SP) em janeiro deste ano pode indicar que os policiais militares suspeitos de participar de um grupo de extermínio podem ter utilizado o veículo para cometer assassinatos.
A hipótese, explica o promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino, foi levantada após perícia utilizando luminol, substância que permite a identificação de sangue em pontos invisíveis a olho nu. O carro pertence ao ex-PM Yuri Vinicius Malta.
Carro de ex-PM suspeito de integrar grupo de extermínio em Ribeirão Preto, SP, pode ter sido utilizado para crimes
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O teste apontou sangue em um dos bancos do veículo, que pode ser de uma das vítimas do grupo de extermínio suspeito de agir em Ribeirão Preto entre junho de 2021 e janeiro de 2023.
Um exame de DNA deve confirmar a informação.
“Há elementos indicando que esse carro, o investigado [Yuri Vinícius Malta] usaria na prática dos homicídios. Foi feito perícia nesse carro até para poder responsabilizar o próprio condutor, a pessoa que estava conduzindo esse carro, como autora dos homicídios, mas também, se possível, identificar possíveis vítimas que tenham sido transportadas nesse veículo”, diz.
Segundo Nicolino, o trabalho da perícia foi fundamental para colocar os suspeitos nas cenas dos crimes.
“Graças ao avanço tecnológico, nós conseguimos hoje, com essas ferramentas [como o luminol], colocar a pessoa na data do crime, no momento do crime, no local em que o crime foi praticado”.
Apesar de não fazer parte da investigação, a professora do Departamento de Química da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto Aline Bruni explica que o luminol, frequentemente utilizado em perícias, sempre pode indicar a presença de sangue em cenas de crime.
“O luminol é um excelente composto presuntivo, tem uma sensibilidade muito grande e é capaz de detectar pequenas quantidades de sangue até lavadas há muito tempo. Então é um indicativo em um local de crime que pode ter, ali, uma mancha de sangue. Não é porque você teve a obtenção da reação que vai ter sangue, só que há probabilidade. Vai ser indicativo da presença de sangue, mas você precisa de exames complementares”.
Grupo pedia R$ 10 mil por cabeça
Os policiais militares Elton Almeida e Lucas Gomes de Oliveira foram presos na quinta-feira (27) suspeitos de integrar um esquema de extermínio investigado pelo Departamento de Homicídios da Polícia Civil.
Os dois PMs e o suspeito Elias Moisés Garcia Campuzano, também preso no mesmo dia, teriam envolvimento com o ex-PM Yuri Vinícius Almeida Malta, detido em janeiro deste ano suspeito de atirar em um homem que estava com o filho de um ano no colo.
Segundo conversas a que a polícia teve acesso, o valor recebido por cada crime poderia chegar a R$ 10 mil.
PMs foram presos na quinta-feira (27), em Ribeirão Preto, SP
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Todos eles podem estar envolvidos em, pelo menos, 12 crimes sem solução que aconteceram entre junho de 2021 e janeiro de 2023, em Ribeirão Preto (SP).
Entre os laudos que ajudaram a Polícia Civil a entender que um grupo de extermínio atuava em Ribeirão, estão casos onde a vítima foi atingida com dois tiros na altura do peito e mais dois na barriga, que indicam a intenção de matar.
Laudos ajudaram a Polícia Civil de Ribeirão Preto, SP, entender que um grupo de extermínio tem agido na cidade
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Armas do mesmo calibre e ‘prazer em matar’
Outro ponto que chamou a atenção dos investigadores, foi a utilização de armas calibre 9mm na maioria dos crimes não solucionados no período.
Além disso, os casos, ainda segundo a Polícia Civil, foram concentrados, principalmente, em duas regiões da cidade: Quintino 2 e Vila Guiomar.
Os crimes registrados nestes dois locais tinham como característica, o fato de não apresentarem linha de investigação estabelecida, algo considerado incomum, de acordo com Nicolino, já que, em muitos casos, pelo menos uma linha de trabalho é desenvolvida com informações de familiares das vítimas.
A polícia investiga agora a motivação desses crimes, mas o promotor de Justiça acredita que os envolvidos teriam, de fato, prazer em matar.
“Além de prazer de matar, alguns deles agiam até sob efeitos de entorpecente e também por motivação econômica, não só no consumo de entorpecente, mas também no objetivo de ter acesso a numerário ou a bens de pessoas envolvidas com o mundo do crime, na maioria das vezes”, diz Nicolino.
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