Desastre aéreo com 62 mortos em Vinhedo completa 6 meses sem prazo para relatório final e Voepass em reestruturação financeira


Acidente com o ATR 72-500 foi o maior da aviação brasileira nos últimos 17 anos. Relatório inicial aponta que tripulação relatou uma falha no sistema antigelo da aeronave. Avião com 62 pessoas despenca sobre área residencial de Vinhedo (SP)
Reprodução/TV Globo
Maior acidente da aviação brasileira nos últimos 17 anos, o desastre aéreo de Vinhedo (SP), com 62 mortos, completa seis meses neste domingo (9) sem um prazo para a conclusão das investigações e com a Voepass buscando uma reestruturação financeira.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), o voo ocorreu dentro da normalidade até as 13h20 daquele dia, mas a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas da torre de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas. “A perda do contato radar ocorreu às 13h22”.
O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) já divulgou um relatório preliminar sobre a queda do ART 72-500 que fazia o voo 2283, entre Cascavel (PR) e Guarulhos (SP), no dia 9 de agosto de 2024.
O documento inicial trouxe informações relevantes sobre o acidente, como o fato da tripulação ter relatado uma falha no sistema antigelo, mas não conseguiu confirmar, com base nos dados da caixa-preta, se isso de fato aconteceu e impactou o desempenho da aeronave.
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Segundo o Cenipa, a conclusão da investigação “terá o menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade de cada ocorrência e, ainda, da necessidade de descobrir os possíveis fatores contribuintes”.
“Quando concluída, o Relatório Final será publicado no site do CENIPA, disponível a toda sociedade (…) O CENIPA reafirma seu compromisso de investigar as ocorrências aeronáuticas, de modo a prevenir que novos acidentes com características semelhantes ocorram”, ressalta o órgão.
Em nota, a Voepass defende que somente o relatório final do Cenipa “poderá apontar, de forma conclusiva, as causas do ocorrido”.
“A companhia segue à disposição das autoridades para colaborar com as investigações, e reforça que a segurança de seus passageiros e tripulação sempre foi e continuará sendo sua prioridade”, diz.
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Simulação do Cenipa reproduz queda do avião da Voepass em Vinhedo
Visão aérea do avião da Voepass após acidente em 2024
Reprodução
Seis meses depois
Na queda, o avião atingiu a área externa de uma casa em um condomínio no bairro Capela. A família, que estava no imóvel, saiu ilesa.
Em outubro, a Polícia Civil de Vinhedo divulgou o relatório final sobre o acidente que indicava que a casa atingida pela aeronave foi parcialmente destruída e requer reconstrução.
Por conta do acidente, ficou sob responsabilidade da companhia aérea o recolhimento dos pertences das vítimas, a descontaminação do terreno e as indenizações às famílias das vítimas e reconstrução do imóvel.
Em nota, a empresa esclarece que “a entrega dos pertences está sendo tratada diretamente com os familiares, assim como todo processo de indenização”.
“Já a descontaminação do terreno foi encerrada e as questões relacionadas aos imóveis afetados pelo acidente estão sendo tratadas diretamente com seus proprietários”, completa a nota.
Imagem aérea mostra trabalho de remoção dos destroços do avião da Voepass que caiu em Vinhedo (SP)
Reprodução/EPTV
Reestruturação financeira
A Voepass Linhas Aéreas, empresa com sede em Ribeirão Preto (SP), anunciou no início de fevereiro que entrou com um pedido na Justiça para reestruturação financeira. No comunicado, a empresa mencionou problemas de orçamento depois do desastre aéreo que matou 62 pessoas em Vinhedo.
Segundo a companhia, o objetivo é fortalecer o capital do grupo e garantir a sustentabilidade das operações a longo prazo.
O pedido, de acordo com a empresa, não interfere nas operações das atuais rotas e nas vendas de passagens, que seguem normalmente, nem engloba processos indenizatórios decorrentes do acidente – que estão a cargo de uma seguradora – e obrigações salariais junto a funcionários.
“A companhia ressalta que seguirá priorizando salários e benefícios dos colaboradores normalmente ao longo desse processo e que as atividades serão mantidas; assim como cumprirá com os pagamentos pelos serviços prestados e produtos entregues a partir da data deste processo”, comunicou.
Desde o ano passado, a companhia aérea, que já foi considerada a quarta maior do país, vem realizando uma série de mudanças, como o término das operações com destino ao Sul do país, em outubro, além da demissão de diretores e alterações no comando, em setembro.
Segundo a Voepass, a companhia conta com 11 aeronaves, e sua operação “segue dentro da malha vigente com rotas comerciais para mais de 16 destinos, atendendo a todas as regiões do país”.
Cronologia da tragédia
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Veja, abaixo, da decolagem à queda, a cronologia do acidente da Voepass, o maior do país em número de vítimas desde 2007, quando um avião atingiu um edifício em São Paulo ao tentar pousar – 199 pessoas morreram na ocasião.
A aeronave decolou às 11h56 e o voo seguiu tranquilo até 13h20.
O avião subiu até atingir 5 mil metros de altitude às 12h23, e seguiu nessa altura até as 13h21, quando começou a perder altitude, segundo a plataforma Flightradar.
Nesse momento, a aeronave fez uma curva brusca.
De acordo com a Força Aérea Brasileira (FAB), a partir das 13h21 a aeronave não respondeu às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo, bem como não declarou emergência ou reportou estar sob condições meteorológicas adversas.
Às 13h22 – um minuto depois do horário do último registro – a altitude estava em 1.250 metros, uma queda de aproximadamente 4 mil metros.
A velocidade dessa queda foi de 440 km/h.
O Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) informou que o “Salvaero” foi acionado às 13h26 e encontrou a aeronave acidentada dentro de um condomínio.
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Avião ATR-72 da Voepass, antiga Passaredo Linhas Aéreas, em Ribeirão Preto, SP
Divulgação
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