
Ministério Público suspeita que Larissa Rodrigues foi morta em Ribeirão Preto, SP, após pedir divórcio a médico, em março deste ano, por causa de bens. Marido e sogra dela estão presos temporariamente. O pai da professora de pilates Larissa Rodrigues, que morreu envenenada em março deste ano em Ribeirão Preto (SP), contou em depoimento à Polícia Civil que a sogra da filha pediu a ela para não se separar do médico Luiz Antonio Garnica ao descobrir a traição dele.
Elizabete Arrabaça e o filho estão presos temporariamente por suspeita de matar Larissa com chumbinho. As defesas negam a participação deles no crime e refutam os indícios apontados contra eles na investigação até o momento.
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Segundo Sebastião Rodrigues, Elizabete implorou à Larissa que não deixasse o filho, mas que a professora rebateu a sogra, dizendo que não poderia continuar em um relacionamento sem confiança no marido. Ele relatou que a relação das duas não era amigável e que a filha a classificava como implicante.
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A professora de pilates Larissa Rodrigues morreu em Ribeirão Preto, SP, em março deste ano
Arquivo pessoal
Marido ausente e traição
O aposentado prestou depoimento nesta quinta-feira (15). Ele contou que no domingo anterior à morte da filha, os dois saíram juntos para almoçar e Larissa revelou a ele a descoberta da traição do marido.
A professora mostrou uma foto da amante do médico ao pai e disse que estava resolvendo a situação, mas que precisava de um tempo.
Segundo Rodrigues, o desgaste na relação que já durava 18 anos era nítido, inclusive com a ausência de Garnica durante todo o tempo que Larissa cuidou da mãe doente em estado terminal. O comportamento foi notado por toda a família, sendo que a mãe da professora tinha o genro como um filho.
O aposentado disse que a filha não reclamava do marido a ele, mas que amigas dela contaram que Garnica vinha humilhando Larissa, reclamando que ela estava muito magra e que ela era do Ipiranga, fazendo menção ao bairro da zona Norte de Ribeirão Preto onde ela viveu com a família.
O médico Luiz Antonio Garnica e a mãe, Elizabete Arrabaça
Arquivo pessoal
Larissa tinha planos
Na última conversa que teve com a filha na sexta-feira à noite, véspera da morte dela, Rodrigues disse que Larissa tinha planos para o sábado. Ela faria bronzeamento e iria ao salão para cuidar do cabelo. O aposentado negou que a filha tivesse qualquer comportamento suicida.
Ainda segundo o pai, após a morte da mãe, Larissa se fez ainda mais presente na vida dele. Eles se falavam todos os dias, se viam com frequência, almoçavam juntos aos domingos e planejavam viajar a Natal (RN).
Como herança da mãe, Larissa herdou cerca de R$ 30 mil, provenientes de uma previdência privada. Segundo o pai, a professora decidiu que o dinheiro seria usado por ele em caso de necessidade.
Morte após pedido de divórcio
O Ministério Público acredita que Larissa tenha sido morta após pedir o divórcio a Garnica. Na noite anterior à morte, ela enviou uma mensagem ao marido para combinar um encontro com um advogado e tratar da separação.
Na última quarta-feira (14), de acordo com a promotoria, a amante de Garnica prestou novo depoimento e disse que ele se preocupava com a divisão de bens em caso de divórcio.
“A moça que foi ouvida hoje trouxe um dado muito importante: que ele [Luiz] teria confirmado a ela que estava preocupado com eventual partilha de bens com relação à Larissa no caso de divórcio. Não sei o patrimônio que eles constituíram juntos, mas ele estava preocupado, disse para a amante, no sentido de ter que dividir os bens com ela [Larissa]”, disse o promotor de Justiça Marcus Túlio Nicolino.
O pai de Larissa também relatou à polícia que Elizabete tinha dito a ele que o filho estava com problemas financeiros.
Amante do médico Luiz Antonio Garnica após prestar depoimento à polícia em Ribeirão Preto, SP
Aurélio Sal/EPTV
Veneno
O laudo toxicológico feito no corpo de Larissa apontou a presença de chumbinho, o que levou a polícia à confirmação da morte por envenenamento.
Uma das hipóteses da polícia é que Larissa tenha sido envenenada aos poucos pela sogra. A defesa de Elizabete disse que vai pedir a contraprova do exame.
Segundo o delegado Fernando Bravo, Larissa contou a amigos que passava mal toda vez que a sogra a visitava. Além disso, ainda de acordo com as investigações, Elizabete foi a última pessoa a vê-la com vida na véspera da morte.
“Isso é um indicativo de que ela foi sendo envenenada aos poucos, o que corrobora todas as informações que pegamos, ter passado mal durante a semana, após a visita da sogra. Isso é um indicativo de que ela, para nós, foi envenenada aos poucos”, disse o delegado.
Uma testemunha também relatou à polícia que 15 dias antes de Larissa morrer, Elizabete a procurou para perguntar se ela tinha chumbinho na fazenda ou se sabia onde poderia conseguir a substância.
O médico Luiz Antonio Garnica e a esposa, a professora Larissa Rodrigues, que morreu envenenada em Ribeirão Preto, SP
Arquivo pessoal
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