PM acusado de matar adolescente com tiro nas costas em 2012 em Ribeirão Preto, SP, vai a júri popular


Luciano Angelo de Lima Filho morreu com um tiro nas costas após discutir com policial por conta de um cone de trânsito. Vítima tinha acabado de completar 15 anos. PM que matou adolescente em 2012 vai a júri popular em Ribeirão Preto, SP
O policial militar aposentado Valdinei Cecílio de Brito, acusado de matar o adolescente Luciano Ângelo de Lima Filho, de 15 anos, vai a júri popular nesta segunda-feira (24), às 10h, no Fórum de Ribeirão Preto (SP).
Luciano morreu com um tiro nas costas em 2012 depois de uma breve discussão com o então PM próximo a um posto de combustível na Avenida Patriarca, no Jardim Piratininga, em Ribeirão Preto (SP), por conta de um cone de trânsito.
Luciano Angelo de Lima Filho morreu com um tiro nas costas um dia depois de completar 15 anos, em 2012
Arquivo Pessoal
O crime aconteceu no dia 8 de outubro, um dia depois do aniversário da vítima. Advogado do acusado, Júlio Mossim informou que não vai se pronunciar sobre o assunto, pois o processo corre em segredo de Justiça.
Brito nunca foi preso. Na época do crime, ele chegou a afirmar que agiu em legítima defesa, porque Luciano teria tentado assaltá-lo, fato que foi descartado durante as investigações.
O inquérito foi concluído em fevereiro de 2013 e o ex-policial foi formalmente indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e sem possibilidade de defesa da vítima.
Avó de Luciano, Arlete Serafim dos Santos, de 68 anos, diz que a família está ansiosa com o julgamento e pede justiça, 11 anos depois do crime.
“A única coisa que a gente pode esperar é justiça. Infelizmente, na minha cabeça, acredito que ele teria matado qualquer um. Ele deu três versões para o crime e nenhuma foi certa. Colocou que o Luciano primeiro ia assaltar ele, depois ia assaltar o posto. O Luciano caiu no posto que ele ia, as pessoas que estavam no posto conheciam o Luciano”.
No dia do crime, Arlete conta, o neto saiu de casa para encher o pneu da bicicleta em um posto de combustível que costumava frequentar.
Ele teria passado por uns cones de trânsito — colocados na Avenida Patriarca por conta de uma obra — e chutou um deles.
“O Luciano passou pelo cone e chutou, o cone virou. Esse Valdinei estava a 50 metros, passou e deu um chute na bicicleta do Luciano e falou pra ele ‘seu filho da …’ e ele respondeu ‘filho da … é você’. Aí o policial mirou nas costas dele e deu um tiro. Entrou pelo rim, passou pelo pulmão e saiu no coração”, lembra a a vó da vítima.
Câmeras de segurança do posto de combustível flagraram o momento que o adolescente cai da bicicleta, já baleado. Ele chegou a ser socorrido e encaminhado para a Unidade Básica e Distrital de Saúde (UBDS) da Vila Virgínia, mas já chegou sem vida.
Câmera de segurança de posto de combustível flagrou momento que Luciano Lima caiu da bicicleta, já baleado, em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/Câmera de segurança
“Ele nunca foi preso e apareceu com uma arma na delegacia e falou que era do Luciano. Pelo exame que fizeram, o Luciano não tinha pego em arma. Ele trabalhava e estudava. Nunca ouvi falar que ele tivesse briga com alguém”, diz Arlete.
Luciano trabalhava há quatro meses em uma oficina mecânica e fazia o trajeto de bicicleta. No dia do crime, ele tinha acabado de chegar do trabalho e saiu, justamente, para encher o pneu.
“Ele estava amando esse serviço, estava aprendendo. Falava que já sabia o que ia fazer da vida, que ia montar uma mecânica de motos”, lembra a avó.
Jovem tinha acabado de completar 15 anos
No domingo, dia 7 de outubro, um dia antes de morrer, Luciano completou 15 anos. Arlete conta que esteve com o neto na data e pode dizer a ele que estava orgulhosa.
“Falei pra ele ‘Luciano, quem está ganhando presente sou eu. Você está me dando o maior presente da minha vida, que é o orgulho que você está me dando com o que está fazendo da sua vida’. Agora, no outro dia, o menino morre. Falei um dia antes que ele me dava orgulho”.
Arlete revela que, desde que o neto morreu, não tem um dia que não se lembre dele e faz questão de manter a memória de Luciano viva.
“Na minha cabeça, a pessoa só morre quando você esquece dela. Como não esqueço nunca, então, pra mim, o Luciano está sempre vivo perto de mim. Mas a falta [que ele faz] é grande. A gente tinha contato demais, era meu primeiro neto”.
A casa de Arlete sempre foi o centro das reuniões familiares, mas ela conta que as festas deixaram de fazer sentido depois da morte de Luciano.
“Tenho mais três netos. Minha casa era uma casa de festa, todo sábado e domingo eles vinham pra cá, eu tinha uma piscininha e a gente fazia uma farra. Acabou, nunca mais tive coragem de fazer nada. Sabe aquela música, ‘naquela mesa tá faltando ele’? É isso”.
Promotor do caso, Marcus Tulio Nicolino informou que sete jurados serão escolhidos por sorteio. Se condenado, Valdinei Cecílio de Brito pode pegar de 12 a 30 anos de prisão.
Luciano Ângelo Lima Filho morreu com um tiro nas costas aos 15 anos, em Ribeirão Preto, SP
Arquivo Pessoal
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