Aos 82 anos, aposentado se forma em engenharia de produção em Ribeirão Preto, SP: ‘Devia isso ao meu pai’


Com filho como colega de sala, Marcos Antônio Jerônimo de Melo concluiu a graduação no fim de 2022 e conquistou o tão sonhado diploma. Desejo agora é entrar no mercado de trabalho. Aos 82 anos, idoso se forma em engenharia de produção em Ribeirão Preto, SP
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Conquistar um diploma em uma universidade não é uma tarefa fácil. Precisa de dedicação, foco e muita persistência.
Mas como nunca é tarde para estudar, aos 82 anos, o policial aposentado Marcos Antônio Jerônimo de Melo de Ribeirão Preto (SP) concluiu a primeira graduação no fim de 2022. Hoje, ele é engenheiro de produção.
“É um sentimento de vitória, de espaço vencido e de um caminho percorrido com satisfação, principalmente, uma satisfação que a gente deve aos pais. Lá atrás, era a sensação que o meu pai tinha de ver um filho formado. Eu devia isso a ele e consegui. É o que mais importa”.
A história de Marcos começou quando o filho dele, Marcelo Jerônimo, e a mulher inscreveram o aposentado no vestibular de 2018 sem que ele soubesse.
Quando descobriu, ele topou o desafio de fazer a prova e foi aprovado no curso de engenharia de produção da Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp).
Aluno dedicado, Marcos Antônio, de Ribeirão Preto, SP, concluiu os estudos no fim de 2022
Marcelo Moraes/EPTV
Sonho do diploma
Marcos é sargento da reserva e foi policial militar entre os anos de 1963 até 1988.
Fazer uma graduação sempre esteve nos planos dele, mas, por causa das circunstâncias da vida, o sonho foi deixado de lado por um tempo.
“Sempre gostei de matemática, mas tinha muita dificuldade em aprender, porque minha vida sempre foi muito corrida. Casei cedo e entrei na polícia cedo”.
O aposentado revela que, ao longo da vida, chegou a tentar retomar os estudos, mas sempre acabava desistindo no meio do caminho.
“Tentei vários cursos e, no fim, quando as crianças já tinham entre 8 e 10 anos, falei ‘chega, não consegui o que queria, então vamos parar por aqui e nos preparar para que eles sejam alguma coisa’. E graças a Deus, fui feliz”.
Oito horas de estudo por dia e filho como colega
Os últimos cinco anos foram de muito esforço e dedicação para Marcos. O aposentado conta que chegou a estudar aproximadamente oito horas por dia para se formar em engenharia de produção.
“Cálculo é cálculo mesmo, viu? Dá bastante trabalho pra entender, principalmente na minha idade. Quando a situação apertava, eu corria para os três filhos ou apareciam os outros estudantes para me apoiar”.
Nem a dificuldade em aprender cálculo impediu Marcos Antônio, de 82 anos, de Ribeirão Preto, SP, seguir o sonho de se formar
Marcelo Moraes/EPTV
Marcos acordava às 7h todos os dias para estudar e se mostrou um aluno exemplar durante a graduação.
Marcelo, também policial aposentado, foi colega de sala do pai, um incentivo a mais para que ambos seguissem vencendo os obstáculos.
“Semanalmente tinha que apresentar uma carga de tarefas para a universidade. Eu confesso que ainda estava trabalhando e que não tinha tempo de fazer e nem disposição, mas ele já tinha feito. Ele me ligava no final da tarde para me cobrar de completar a tarefa a tempo. Ele me empurrou até o final. Foi um prazer concluir esse curso com meu pai. É um sonho que poucos conseguem realizar”.
A colação de grau foi online, em abril deste ano. Agora, a expectativa é para festa de formatura, que será no fim do ano.
Os próximos passos são o registro no Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) e um emprego no mercado de trabalho.
Marcos Antônio Jerônimo de Melo e o filho Marcelo Jerônimo, de Ribeirão Preto, SP, estudaram juntos durante os cinco anos de faculdade
Marcelo Moraes/EPTV
Aluno mais velho da universidade
Segundo a Univesp, Marcos é o aluno mais idoso a se formar na universidade.
Até o momento, diz Marcos Augusto Borges, presidente da instituição, nenhum outro aluno tem idade superior a dele. Segundo ele, cerca de 9% dos estudantes da Univesp têm mais de 50 anos.
“Nosso perfil de aluno é um perfil de pessoas de terceira idade e também pessoas com necessidades especiais. Não existe idade para se formar na área que quer e começar a trabalhar em uma atividade diferente. O filho entrar na universidade para ajudar o pai a se formar, é um exemplo muito bonito de família e integração de família, de como a educação pode ajudar a reforçar esses laços familiares”.
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