Palco de grandes encontros e mistura de ritmos, João Rock chega aos 20 anos em Ribeirão Preto, SP


Organizadores do festival relembram shows de sucesso e prometem edição histórica para marcar aniversário de duas décadas do evento. ‘É uma obrigação’, diz Luit Marques. Emicida, Criolo e Céu no palco João Rock em 2022
Érico Andrade/g1
Correndo o risco de dizer o óbvio, o João Rock 2023 promete ser uma edição histórica. Não apenas porque o evento que colocou Ribeirão Preto (SP) no mapa dos maiores festivais de música do Brasil completa 20 anos este ano, mas muito mais porque a data traz uma carga emocional gigantesca para quem organiza.
Neste ano, o João Rock acontece no dia 3 de junho, no Parque Permanente de Exposições, em Ribeirão Preto, e conta com 30 atrações em 14 horas de música ininterrupta. E nem só de rock vive o João. Hoje ele é casa da diversidade cultural da música brasileira, passeando também pelo rap, o reggae, a MPB, o hip hop, e reunindo de ídolos a nomes pouco conhecidos do grande público.
Pais do festival, os empresários Luit Marques e Marcelo Rocci sabem o peso de chegar à marca de 20 edições, mas também entendem que cada ano precisa, de alguma forma, superar o ano anterior.
“Dez anos foi, pra nós, um grande marco, assim como 15 e agora com 20 anos. São momentos que a gente vê que mostram maturidade. A gente tem de fazer, todo ano, um evento histórico. É uma obrigação”, diz Marques.
Ano passado, ele diz, o João Rock já contava com um toque emocional exacerbado, muito porque voltava a unir um público apaixonado por rock brasileiro após uma pandemia que abalou as estruturas de toda a cena musical.
Passada a euforia da retomada, em 2023 parece que, de fato, é a hora de celebrar.
“Estávamos todos em um estado emocional ali bem diferente do que foram as outras 18 edições e, com certeza, vai ficar um marco. Parecia que a gente estava aprendendo de novo a fazer as coisas. Foi bem emocionante e tudo isso traz um quê de história. Mas, agora, 20 anos é um outro grande marco. É pra celebrar”.
Um dos organizadores do João Rock, em Ribeirão Preto, SP, o empresário Luit Marques promete uma edição histórica em 2023
Divulgação
Festival de grandes encontros
O que dá o tom ao João Rock e faz dele um festival único, e por isso mesmo, por diversas vezes, histórico, são os encontros — esperados ou não — que acontecem no palco principal, que leva o nome do evento.
A mistura de ritmos e artistas em apresentações marcantes ao longo dos anos, para Rocci, é uma das grandes conquistas do evento em 20 anos.
Em 2003, Herbert Vianna e Dinho Ouro Preto cantaram juntos no Palco João Rock. Fazia só um ano que o líder da banda Paralamas do Sucesso tinha voltado aos shows após um acidente grave que o deixou paraplégico em 2011, e o encontro foi, claro, histórico.
Em 2007, o público pode acompanhar Os Mutantes e Caetano Veloso [que chegou no evento de surpresa, só porque estava em Ribeirão Preto] e também, na mesma edição, Marcelo D2 e Charlie Brown Jr.
Um ano depois, a banda de Santos voltou ao festival para dividir o palco em uma apresentação única com Marcelo Nova, ex-vocalista do Camisa de Vênus.
O empresário Marcelo Rocci, um dos organizadores do João Rock, em Ribeirão Preto, SP, vê os encontros de artistas como algo único do festival
Divulgação
Em 2009, Mallu Magalhães, ainda adolescente, brilhou ao dividir espaço com Jorge Ben Jor.
“Uma das grandes conquistas do festival ao longo desses anos foi a gente conseguir ter grandes encontros. Hoje a gente já consegue Pitty e Nando Reis começando uma turnê dentro do João Rock, pega um show exclusivo de Emicida, Criolo e Céu [ambas as apresentações em 2022]. Esse ano tem Filipe Ret e L7nnon pela primeira vez na história junto com convidados”, diz Rocci.
A união de grandes nomes da música brasileira também coloca o João Rock em um lugar de ineditismo entre os grandes festivais.
“Ao longo desses anos, a gente conseguiu muita coisa legal. Por exemplo, o show que encerrou o último Lollapalooza foi um show do João Rock. Mano Brown, Djonga e Emicida [que substituíram o Foo Fighters após a morte do baterista Taylor Hawkins] já estava ensaiado. Os caras cantaram juntos repetindo uma situação bacana que acabou acontecendo no João Rock anos atrás [em 2019]. Esses encontros acabam sendo bacanas pra nós”.
Emicida, Rincon Sapiciência, Djonga e Mano Brown na 18ª edição do Festival João Rock em Ribeirão Preto
Ricardo Nasi/g1
Atmosfera transcendental
A energia desses encontros inéditos e exclusivos transcende os palcos e atinge também o público. Para Marques, juntar ritmos que vão do rock ao rap — o João Rock também é um pouco de reggae e pop — é também uma forma de quebrar paradigmas.
“O cara fala ‘pô, não gosto de Gilberto Gil, meu negócio é mais do rock’ e aí, de repente, a namorada fala ‘vamos lá ver’ e aí ele fala ‘como falei merda durante anos’. Ele não ia sair da casa dele pra ver [Gilberto Gil] e, de repente, está ali tendo a oportunidade de desfrutar. Então é uma coisa bacana quebrar uma série de preconceitos. Isso também é uma oportunidade que o festival tem de oferecer”.
Para os organizadores, também marcam os momentos em que ouvem histórias por acaso e as pessoas, muitas vezes, nem imaginam que ao lado delas está, justamente, quem proporcionou essa vivência.
“Você estar em algum lugar e ouvir alguém comentando alguma experiência bacana que viveu no João Rock sem saber que você está ali ouvindo, ver que várias pessoas começaram uma vida, se conheceram ali, construíram histórias, isso é maravilhoso”, diz Marques.
Fãs João Rock curtem o festival em Ribeirão Preto
Érico Andrade/g1
Esses momentos marcantes também para o público, são resultado de uma entrega que, muitas vezes, não permite erros, como conta Rocci.
“Um festival de um dia, como é o nosso, não permite erro. Em outros festivais você pode ajustar algumas coisas para o segundo dia, terceiro dia. No caso do João Rock, não. Tem de estar tudo perfeito, o planejamento tem de acontecer da forma mais perfeita possível para que tudo dê certo. Mas o lado bom é vender alegria. Enche a gente de amor pelo que a gente faz. Isso é muito legal”.
Ingresso esgotado é termômetro de sucesso
Após 20 anos, o público sabe o que esperar do João Rock e a ansiedade em viver tudo de novo em novas edições faz com que os ingressos, frequentemente, se esgotem bem antes.
Neste ano, não foi diferente. Mas, apesar da felicidade em ver o festival cheio, Marques mantém os pés no chão.
“Sold out não é sobrenome, não. Todo ano a gente tem de trabalhar para que isso aconteça e o sold out de 2024 vai ter muito a ver com a entrega de 2023. Fica, pra nós aí, uma obrigação e uma sensação de responsabilidade de fazer uma grande entrega [esse ano] que, aí sim, começa o sold out de 2024”.
Pitty e Nando Reis estrearam show juntos no palco do João Rock em 2022
Érico Andrade/g1
Para Rocci, a procura intensa do público para garantir um lugar no evento mostra, todo ano, que eles estão no caminho certo e o sucesso é só uma consequência de um trabalho que ano a ano é aperfeiçoado. Há 20 edições.
“Olhando pelo retrovisor, faz muito sentido. Faz com que a gente entenda que, realmente, essa estrada foi bem pavimentada. Foram escolhas de anos atrás que, realmente, estão gerando e dando bons resultados. Além de tudo isso, tem a coragem de investir, de querer entregar sempre o melhor”.
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