Medo de reações adversas é o principal motivo que leva pais a deixarem de vacinar filhos, aponta pesquisa


Estudo da Sociedade Brasileira de Pediatria e do Instituto Questão de Ciência ouviu mil pediatras para entender os motivos da queda na cobertura vacinal de crianças. Pesquisa mostra que pais deixam de vacinar crianças e adolescentes em Ribeirão Preto, SP
Para proteger a filha Elis, de 4 anos, de doenças, a professora Suellen Borges não deixa nenhuma data passar despercebida no cartão de vacinação. Em Ribeirão Preto (SP), onde moram, tomar vacina faz parte da rotina de prevenção.
“A vacinação é essencial porque além de fazer com que a criança não pegue doenças, extingue muitas doenças. É essencial para a prevenção. Vacina é saúde. Tudo em dia. Desde quando ela era pequenininha, eu fiz questão de olhar a carteirinha e dar as vacinas em dia, com medo dela ficar doente”, diz.
Mas muitos pais pensam diferente de Suellen. Dados preliminares de uma pesquisa feita pela Sociedade Brasileira de Pediatria e o Instituto Questão de Ciência apontam que pais têm considerado não vacinar os filhos por medo de possíveis reações adversas provocadas pelos imunizantes.
A pesquisa ouviu mil pediatras em todo o país e eles descreveram as principais hesitações relatadas pelos pais que os levam a não vacinar as crianças.
“Jamais imaginávamos que o pediatra precisasse estar pronto para responder dúvidas sobre inseguranças em relação à vacinação. Criamos essa pesquisa para saber do que essas famílias têm receios, quais são as vacinas que mais preocupam e o que faltam para os pediatras informarem contrapondo a desinformação”, diz o presidente do Departamento de Imunizações, Renato Kfouri.
A pequena Elis, de 4 anos, após ser vacinada em Ribeirão Preto, SP
Arquivo pessoal
Principais justificativas dos pais:
Medo de possíveis eventos adversos: 19,76%
Falta de confiança nas vacinas: 19,27%
Esquecimento: 17,98%
Falta de vacinas no serviço público: 17,58%
Preço das vacinas nos serviços privados: 10,69%
De acordo com o médico infectologista Fernando Crivelenti Vilar, essas inseguranças são mínimas, perto dos benefícios proporcionados pela imunização.
“Isso realmente impacta na cobertura vacinal que está menor e trazendo doenças que estavam erradicadas no país. A reação vacinal existe, mas uma pequena parcela dos casos pode ser grave. Vacinar tem um benefício muito melhor para a sociedade e o indivíduo do que o risco atribuído à vacinação. Dor local e febre são comuns, o risco disso comparado ao que a vacina traz, é muito menor do que o benefício”.
Vacinação de crianças em Ribeirão Preto, SP
Reprodução EPTV
O medo de possíveis eventos adversos e a falta de confiança nas vacinas estão diretamente ligados à divulgação de informações não confiáveis.
Os dados divulgados apontam que o conteúdo não confiável é mais acessado, em primeiro lugar, pelas redes sociais (31%). Na sequência aparecem os aplicativos de mensagens, como o WhatsApp (8,43%), e a internet como um todo foi indicada por 13,60% dos participantes.
Contra a Covid
De acordo com os pediatras, a vacina contra a Covid é a que mais tem gerado apreensão nas famílias. Nesse caso, a alegação é de que o imunizante com RNA pode trazer riscos à saúde das crianças e que podem ocorrer efeitos colaterais como miocardite e trombose.
Para o médico infectologista, os pais devem levar em conta a opinião dos profissionais da área.
“Não estamos querendo enganar ninguém, estamos simplesmente promovendo saúde das pessoas mais indefesas, que são nossas crianças. A média de vida do brasileiro hoje é de 80 anos para a mulher e em torno de 72 para o homem. Só conseguimos atingir essa média por conta das vacinas. Estamos prevenindo desde a infância as doenças que matavam crianças e pessoas na vida adulta”, explica.
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