Fechados há 7 anos, museus na USP de Ribeirão Preto vivem impasse sobre restauração; entenda


Projeto de reforma está orçado em R$ 15 milhões, e conselho afirma que o dinheiro ainda não chegou à cidade. Obras não têm data para começar. Restauro dos museus Histórico e do Café em Ribeirão Preto ainda não saiu do papel
O campus da USP de Ribeirão Preto (SP) abriga dois edifícios que contam a história da cidade: os museus Histórico e do Café. Mas, desde 2016, essa história não pode mais ser visitada.
Isso porque os locais estão fechados para reformas, e, apesar de o projeto para restauro estar pronto, com um orçamento previsto de R$ 15 milhões, o Conselho de Preservação do Patrimônio Cultural (Conppac) afirma que o dinheiro ainda não chegou a Ribeirão Preto.
Presidente do conselho, Lucas Gabriel Pereira explica que o projeto de restauro está em andamento, mas em passos lentos. Ele lembra que quando a Justiça determinou a reforma dos museus, em 2019, as obras teriam que ser concluídas em até dois anos.
“Muito se fala da verba, mas a verba ainda não chegou a Ribeirão Preto e já são seis anos do novo governo e até agora esse projeto não saiu do papel”, diz.
Fachada dos museus Histórico e do Café em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Deterioração
Os museus foram fechados após parte do forro de um dos cômodos desabar em 2016. Desde então, os únicos visitantes são os cupins.
“Hoje você vê é a própria fragilidade da madeira do museu. Dependendo de onde você chega você tem medo de poder pisar mais forte ou de se apoiar numa parede porque você tem medo de que aquilo possa cair”, diz a historiadora Maria de Fátima Matos.
Imagens do interior dos museus Histórico e do Café em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
Enquanto isso, o tempo castiga os artefatos históricos.
“Com as chuvas que nós temos tido ultimamente na cidade, ele vai se deteriorando cada vez mais. A cada dia que passa a perda é muito maior no que está lá dentro”, lamenta a historiadora.
Por trás das paredes manchadas, estão guardadas partes da história como o ciclo do Ouro Verde, período importante para o desenvolvimento da cidade, já que Ribeirão Preto nasceu e cresceu por conta do café – não é à toa que já era conhecida como capital do café e do agronegócio.
Mas, enquanto a estrutura e os objetos vão se deteriorando, a história que eles carregam também fica comprometida. É por isso que a historiadora Maria de Fátima lamenta os anos perdidos.
“Essa memória ela só pode estar constante, revitalizada em cada um dos cidadãos, na medida em que ela for exposta”, diz.
Museus Histórico e do Café em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
O projeto
O projeto prevê a reforma e a revitalização de todo o complexo, incluindo jardins e a construção de um novo prédio para reserva técnica dos museus. Ainda assim, há detalhes importantes que ficaram de fora, segundo Pereira.
“Essa análise preliminar é feita pelo corpo técnico. Porém, quando o corpo técnico analisou, ele constatou que os equipamentos internos do museu não irão passar pelo restauro, porque não estão contemplados no projeto. A Casa da Administração do Museu também não está contemplada. Por quê? Se com tudo aquilo, tudo aquilo constitui um único conjunto histórico de proteção?”, questiona o presidente do Conppac.
Após ser finalizado, o complexo dos museus vai ter 17,4 mil m² de área total. De área construída, serão cerca de 4 mil m². De acordo com a administração municipal, além de construir um novo prédio para reserva técnica, as obras de arte vão passar, se necessário, por um restauro.
A Secretaria da Cultura disse que o projeto de restauro iniciou em 2021 e que está na mão do Conppac para avaliação. Além disso, a pasta também afirmou que a reforma vai acontecer no museu e ao redor dele.
Diante do impasse, não há data definida para o começo das obras.
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