Análise: crise no Líbano pode colocar esforços de Biden por cessar-fogo em risco

A rápida escalada do conflito entre Israel e o grupo Hezbollah no Líbano está ameaçando ainda mais os esforços do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, para reduzir a tensão no Oriente Médio. As opções para garantir um acordo de cessar-fogo e de reféns, principal prioridade de Biden dos últimos meses, estão cada vez menores.

Enquanto o democrata se prepara para um discurso nas Nações Unidas na terça-feira (24), a crise está ofuscado qualquer tentativa do presidente de polir o seu legado de política externa. Sem quaisquer esperanças de cessar-fogo em Gaza a curto prazo, Biden enfrenta novas questões sobre a abordagem diante do conflito que já dura quase um ano.

Funcionários da Casa Branca assistiram com preocupação, durante o fim de semana, aos ataques recentes entre Israel e o Hezbollah. Enquanto Biden se reunia com líderes da Ásia-Pacífico em Delaware, a crise aumentava em uma parte diferente do mundo. O presidente e seus assessores monitoravam de perto a situação em Wilmington.

Os assessores de Biden, atualmente, consideram o risco de escalada como sério e real e têm se comunicado diariamente com autoridades em Israel, segundo funcionários nesta segunda-feira (23).

“O risco de escalada é real; tem sido desde 7 de outubro. Há momentos em que é mais agudo do que outros. Acho que estamos em um daqueles momentos em que a situação é mais aguda”, comentou o conselheiro de segurança nacional, Jake Sullivan.

No domingo (22), Biden disse estar preocupado com a escalada no Oriente Médio. Mas reafirmou a sua opinião de que um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas – que as autoridades americanas acreditam que baixaria as temperaturas em toda a região – ainda era possível.

“Faremos tudo o que pudermos para evitar que uma guerra mais ampla se intensifique. E ainda estamos pressionando”, declarou aos repórteres na Casa Branca.

O otimismo do presidente americano mascarou as esperanças, cada vez menores, entre os funcionários do governo de que um acordo possa ser alcançado antes de Biden deixar o cargo.

O presidente e os seus principais responsáveis ​​de segurança nacional passaram o ano trabalhando para evitar que a guerra em Gaza se transformasse para um conflito regional mais amplo, sendo a frente norte com o Líbano a sua principal preocupação.

Amos Hochstein, um conselheiro sênior da Casa Branca, passou os últimos meses trabalhando para impedir a abertura de uma segunda frente no norte, incluindo uma viagem na semana passada com foco em evitar uma escalada mais ampla nas tensões entre Israel e o Hezbollah.

No entanto, não houve telefonemas de alto nível com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e não está programado que Biden se encontre com o líder israelense, que estará nos Estados Unidos neste final desta semana.

Sullivan disse aos repórteres no sábado (21) que, embora o risco de escalada seja “agudo”, ainda existem caminhos para aliviar as tensões.

“Na verdade, acreditamos que existe também um caminho diferente para chegar a um cessar-fogo e a uma solução duradoura que faça com que as pessoas de ambos os lados da fronteira se sintam seguras, e faremos tudo o que pudermos para que isso aconteça”, destacou.

Enquanto os líderes mundiais se reúnem em Nova York para a Assembleia-Geral (AGNU) esta semana, algumas autoridades dos EUA estão preocupadas que a reunião global possa inflamar ainda mais as tensões crescentes no Oriente Médio, de acordo com duas autoridades.

A preocupação concentra-se no que os países de todo o mundo poderão dizer sobre o conflito enquanto assistem, apesar das autoridades americanas terem pedido um diminuição da tensão durante meses e terem reiterado esse apelo nos últimos dias.

Normalmente, as autoridades dos EUA veem a AGNU como uma oportunidade para influenciar o mundo por trás de um grande impulso do país – como o apoio à Ucrânia diante das contínuas agressões da Rússia nos últimos anos –, tornando única a ansiedade que o país está sentindo este ano.

As autoridades americanas estão particularmente preparadas para a possibilidade de novos países reconhecerem a Palestina como um Estado. Mesmo que novos países não sejam adicionados ao esforço para reconhecer a Palestina, eles estão atentos ao que os países que já tomaram a medida no início deste ano dizem, como a Noruega, a Espanha e a Irlanda, nações aliadas dos EUA.

Os EUA também estarão de olho no discurso do líder da Autoridade Palestina, o presidente Mahmoud Abbas, e em um possível discurso de Netanyahu caso ele compareça ao encontro, ainda sem confirmação.

Quase toda a população de Gaza foi deslocada em meio à nova ofensiva israelense

Fonte: www.cnnbrasil.com.br

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