Apoio na escola deixou aluna de 13 anos confiante para denunciar professor por estupro em Barretos, SP, diz delegada


Adolescente contou a professor e à direção sobre relação de abusos cometidos por docente suspeito. Prints de conversas no celular e áudios foram entregues à Polícia Civil. Ele foi preso. Professor usava perfil falso para trocar mensagens pornográficas com aluna em Barretos,SP
A delegada Denise Polizello Paro, da Delegacia de Defesa da Mulher (DDM), afirma que a rede de apoio dentro de uma escola municipal em Barretos (SP) foi o que levou uma estudante de 13 anos a se sentir confiante para denunciar um professor por estupro.
“Foi feito um trabalho nessa escola e, em especial, na sala dessa aluna, foram passados alguns trabalhos, algumas atividades. Foi aí que ela tomou conhecimento de que estava sofrendo um abuso. Ela procurou um professor, a direção, para relatar o que estava acontecendo com ela. A direção foi muito acolhedora”, diz.
A denúncia foi feita em maio à polícia, quando o caso passou a ser investigado. No domingo (2), o professor foi preso em cumprimento a um mandado de prisão expedido pela Justiça. Ele é alvo de um inquérito por suspeita de estupro de vulnerável.
Professor se comunicava através de mensagens em rede social, de acordo com a polícia de Barretos, SP
Reprodução/Polícia Civil
A polícia teve acesso à troca de mensagens entre a jovem e o professor que usava um perfil falso nas redes sociais. Áudios enviados à adolescente não deixam dúvida sobre a identidade do autor, de acordo com a delegada.
“Tinha conversas de assuntos cotidianos, da escola, rotina dos alunos, e também falando sobre atos sexuais praticados entre eles. Ele solicitando atos sexuais. Num primeiro momento, achamos que não teria como confirmar a autoria. Porém, verificando com mais cuidado as mensagens e também ela nos indicando que havia áudios, esses áudios foi possivelmente verificar com certeza a voz dele. Muitas vezes ela tenta afastá-lo e não consegue”, afirma Denise.
Segundo a delegada, as ações desenvolvidas na escola para levar informação às crianças e aos adolescentes sobre abusos sexuais são essenciais para prevenir crimes e para coibi-los.
“As crianças não sabem qual é o significado de abuso. Para elas, muitas vezes esse contato tem um viés mais de amor, carinho, do que de abuso. Elas não têm noção do significado sexual. Então, quando fazemos a educação sexual de verdade, nós trazemos quais são os limites que uma criança ou um adolescente pode aceitar na interação com o corpo dela”, afirma.
Acolhimento
A coordenadora da Secretaria de Educação de Barretos, Ana Carolina Policarp, diz que as ações de conscientização dos estudantes na rede pública acontecem desde 2022.
“O fato de a aluna ter confiado na escola se deve a essas ações que a gente já vinha desenvolvendo dentro das unidades. Nos estamos imensamente impactados, mas considero uma ação muito positiva o fato de ela confiar primeiro na escola, para que a escola pudesse tomar as providências.”
Estudantes da rede pública de Barretos, SP, participam de caminhada contra o abuso sexual infantil
Divulgação Prefeitura
Em parceria com a ADRA em Barretos, a secretaria desenvolveu o projeto Garotas Brilhantes, que levou duas alunas a revelarem episódios de abuso vividos dentro de casa.
Outro projeto foi desenvolvido em parceria com a USP de Ribeirão Preto e foca na capacitação dos profissionais envolvidos diretamente com os estudantes.
“O programa Eu Posso Te Ouvir capacita os profissionais da rede, os professores, para a escuta empática, a escuta ativa, para trabalhar esse socioemocional, situações de violência, bullying, abuso”, afirma a secretária.
A rede integra outras pastas da prefeitura, como a Assistência Social e a Saúde, para atender as crianças e os adolescentes.
Pena pode chegar a 15 anos
As identidades do suspeito e da vítima e o nome da escola são mantidos em sigilo.
O advogado do suspeito disse que ele está em prisão temporária de cinco dias e que o prazo pode ser prorrogado pelo mesmo prazo.
A pena para o crime de estupro de vulnerável pode chegar a 15 anos de prisão.
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