‘Às vezes acabam queimando até os quatro membros, e isso é comum’, afirma zootecnista responsável por equipe de acolhimento do Cetras. Tucanos, tamanduás, onças e corujas estão entre as espécies reabilitadas. Bosque de Ribeirão Preto recebe mais de 500 animais feridos em 2024
Encontrada em São Carlos (SP) depois de ser atropelada com a mãe, que não sobreviveu, a tamanduá mirim “Teca” recentemente chegou ao Centro de Triagem e Reabilitação de Animais Silvestres (Cetras), Bosque de Ribeirão Preto (SP), com traumatismo craniano e convulsões, mas, depois um tratamento intensivo e de medicações, está recuperada e tem a perspectiva de um dia voltar à natureza.
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“Hoje ela não tem mais convulsões, já está se alimentando normalmente e agora estamos naquela fase de observação para que ela continue ganhando peso”, afirma o zootecnista Alexandre Gouvêa, diretor do Cetras.
Teca, tamanduá mirim, é encontrada em São Carlos, SP e resgatada pelo Cetras de Ribeirão Preto, SP
Foto: Valdinei Malaguti
O caso dela é um dos quase 600 que o centro, localizado no Morro de São Bento, atendeu em 2024, em sua maioria devido a incêndios florestais, que obrigam os bichos a deixarem seus habitats e a atropelamentos em rodovias. Uma média de sete ocorrências por dia.
O número, apesar de estar abaixo dos 800 registrados em 2023, não reflete a quantidade de bichos que de fato são impactados pelos incidentes, já que muitos não sobrevivem. “A grande maioria morre, não tem como. Morrem no próprio local”, lamenta Gouvêa.
A baixa na estatística também não ameniza as condições em que os animais sobreviventes chegam ao centro de acolhimento.
“Tem mamíferos roedores que conseguem se esconder debaixo do solo. Quando eles sentem sede e fome, vão forragear, procurar alimentos. Só que não tem mais. Toda área onde eles estavam vivendo foi degradada, queimada e o solo ainda está quente. Às vezes, acabam queimando até os quatro membros, e isso é comum”, diz.
Tamanduá vítima de queimadas passa por atendimento no Cetras em Ribeirão Preto, SP
Luciano Tolentino/EPTV
No caso de tamanduás como a Teca, os incidentes com fogo chegam inclusive a mudar comportamentos, como forma de garantir a sobrevivência, mas que também potencializam os riscos diante da proximidade com rodovias.
“Têm animais de hábitos noturnos que começam o serviço de dia. Agora é comum, você vai ver tamanduás, que têm hábito noturno, começar a aparecer de dia procurando alimento. Aí pode ser também que tenha animais atropelados”, explica o zootecnista.
Reabilitação e retorno à natureza
Quando são acolhidos, os animais permanecem, em média, por seis meses no Cetras, onde passam por cuidados, de acordo com a espécie.
Nesse período, eles desenvolvem comportamentos naturais de mobilidade, além de busca pelo alimento, com o objetivo de serem reintroduzidos em florestas.
“Aqueles que conseguimos recuperar, reabilitar, que é a nossa missão aqui, nós conseguimos destinar novamente para a natureza, pro ambiente natural”, afirma Gouvêa.
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