‘Bagaceira’: público em Barretos explica significado de expressão que bomba no sertanejo


Termo é facilmente encontrado em músicas de Ana Castela e Luan Santana e caiu no vocabulário da galera do chapéu. ‘Rei’ Lucas Henrique Zani em seu acampamento no camping da Festa do Peão de Barretos
Ricardo Nasi/g1
A expressão bagaceira caiu no vocabulário do público sertanejo e está presente em várias músicas que estão na ponta da língua da galera.
“Pensa nós dois juntos, abandonando a bagaceira”, canta Ana Castela em “Casalzão”, parceria com Hugo & Heitor. “Eu tô na bagaceira, mas tô só o bagaço” solta a boiadeira em “Solteiro Forçado”. Já Luan Santana diz que é “fiel até na bagaceira” em “Ambiente Errado”.
Mas, afinal de contas, o que é essa tal de “bagaceira”?
De nada adianta olhar no dicionário. Para descobrir o significado, o g1 recorreu aos especialistas que sentem, na pele, a bagaceira. No camping da Festa do Peão de Barretos, eles a vivem em toda sua glória, e por que não, perrengues.
Acampados em Ribeirão Preto descrevem o que é ‘bagaceira’; termo usado em músicas sertanejas
Ricardo Nasi/g1
LEIA TAMBÉM
Luan Santana reescreve história em Barretos com show de popstar
Gusttavo Lima cover rouba a cena e vira celebridade no rodeio; compare
Peão emociona multidão ao pedir namorada em casamento na arena
‘Pouca vergonha’
Jovens acampados apresentaram alguns significados para o termo. O autointitulado rei Lucas Henrique Zani, conhecido em Divinolândia (SP) como “zóio”, diz que bagaceira é “pouca vergonha”.
Lucas participa da festa pelo terceiro ano. Ele está acampado na barraca que chama de palácio desde quarta-feira (16) com os amigos e aproveita ao máximo. Sem dormir o suficiente e tomando o famoso banho de gato, ele diz que não pode perder tempo até segunda-feira (28).
“Só segunda-feira para eu chegar na minha casa e tomar um banho bem feito e dormir gostoso, que aqui eu não consigo. É festa”, diz.
Rubens Júnior vem de Minas Gerais para o camping da Festa do Peão de Barretos há 20 anos
Ricardo Nasi/g1
‘Bagunça’
O mineiro Rubens Júnior, apelidado de “Juninho Barretão” pelos companheiros de acampamento, vive a bagaceira há 20 anos. Ele é de Coronel Fabriciano (MG) e diz que, para ele, o termo significa bagunça.
“A bagunça em geral, beber e pular aqui na terra. A gente está fazendo um barro ali justamente para isso, para a gente fazer uma bagaceira. A gente vai vir correndo, pular, arranhar a barriga toda. É uma bagaceira”, diz.
Adepto do camping há anos, Rubens abandonou a barraca e adotou uma tenda. Eles conseguem levar até um freezer para armazenar o que vão consumir.
“Há 20 anos, teve muita bagaceira ao limite, eu já vi muita coisa. Agora temos uma casa, mas no barro, porque escolhemos bagunçar. Eu acho que dá pra vir mais 20 anos”, diz.
Thiago da Silva Souza veio pela primeira vez no camping da Festa do Peão de Barretos
Ricardo Nasi/g1
Amigo de Rubens, o vendedor de Ipatinga (MG) Thiago da Silva Souza curte a festa pela primeira vez e está gostando da experiência.
“A gente vai vendo a bagaceira do que é viver acampado, viver dentro do sertanejo, viver da música sertaneja”, diz.
Foram 14 horas viajando para chegar a Barretos na segunda-feira (21) e montar o acampamento para uma semana. Eles chegaram com tudo, mesmo após a viagem longa.
“Montando barraca, enchendo colchão, torcendo pra ele não estar furado também, que já é mais uma bagaceira. Os perrengues são bons. Isso aqui é uma experiência diferenciada, é a única que tem”, diz.
Lucas Sampaio Antunes, a esquerda, e Marcelo Monteiro, a direita, acampam pela primeira vez na Festa do Peão de Barretos
Ricardo Nasi/g1
‘Família’
Mas bagaceira não é só bagunça. Pelo menos não para o analista de infraestrutura Marcelo Monteiro, de São Gonçalo (RJ). No camping dele, a tranquilidade reina sem som alto e bebedeira, e com direito até a TV.
“Bagaceira é estar aqui com todo mundo, com a família inteira. Acho que isso é o mais importante. Não é só bagunça, aqui a gente curte de tudo”, afirma.
Os preparativos para trazer a família carioca começaram com bastante antecedência.
Acampamento na Festa do Peão de Barretos tem direito até a televisão
Ricardo Nasi/g1
“A gente está planejando isso desde o ano passado, e aí quando virou o ano, por volta de março, a gente já começou a correr atrás das coisas”, diz.
As “coisas” a que ele se refere vão desde as barracas, que ninguém tinha, ao ar-condicionado. Adaptar praticamente uma casa para um acampamento não é fácil, afirma o mecânico de motos Lucas Sampaio Antunes, membro da família.
“São os perrengues do acampamento, mas vale muito a pena”, garante.
Leia mais notícias da Festa do Peão de Barretos 2023
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

Adicionar aos favoritos o Link permanente.