Black Pantera celebra ascensão nos palcos e reforça mensagem antirracista: ‘tem que ser dita todos os dias’


Em seu terceiro álbum, banda de trash metal de Uberaba (MG) se divide entre cena underground e participação em grandes festivais como Rock in Rio, Lollapalooza. No Ribeirão Rock Series, mineiros figuraram ao lado de Sepultura, Helloween e Deep Purple. Integrantes do Black Pantera tiram selfies com fãs no Ribeirão Rock Series em Ribeirão Preto (SP)
Érico Andrade/g1
Terça-feira, 25 de abril. Pelo palco, passam bandas como Sepultura, Helloween e Deep Purple embalando uma legião no Ribeirão Rock Series em um momento histórico para muitos fãs. Enquanto isso, no meio da multidão, o baixista Chaene da Gama, seu irmão, o vocalista e guitarrista Charles da Gama, e o baterista Rodrigo Pancho Augusto, do Black Pantera, atração de abertura da noite, curtem tudo aquilo, ao mesmo tempo em que experimentam, pelos pedidos de selfies a serem tiradas, um reconhecimento que começa a ficar cada vez mais evidente no público.
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Em uma agenda dividida entre a cena underground e grandes festivais como Rock in Rio e Lollapalloza, os mineiros de Uberaba (MG) vivem o melhor momento de sua trajetória, desde o início em 2015. No final do ano passado, a banda apareceu em um outdoor na Times Square, em Nova York como parte da campanha “Black Voices”, do YouTube.
Black Pantera no Ribeirão Rock Series, em Ribeirão Preto
Divulgação
No título do terceiro e mais recente álbum, “Ascensão”, os músicos agora encontram uma feliz coincidência para exprimir a atual fase.
“O lançamento do disco tem tudo a ver com esse momento. Em menos de um ano a gente já tocou em um dos maiores festivais do país”, afirma Rodrigo, em entrevista ao g1.
No novo trabalho, o manifesto antirrascista e contra toda forma de discriminação e abuso, uma marca registrada do grupo, está presente em canções como “Padrão é o Caralho”, “Fogo nos Racistas” e “Revolução É o Caos”.
Postagem no Instagram da banda Black Pantera sobre o telão em Nova Iorque
Instagram/Black Panter
Essa postura ativista ganhou proporção ainda maior na última edição do Lollapalooza, quando a banda trocou o trecho da letra de uma de suas músicas – “Fogo nos Escravagistas” – para criticar recentes denúncias de pessoas submetidas a trabalho análogo à escravidão na montagem do festival.
Para Charles, insistir em temas como o racismo em cima dos palcos não é o bastante.
“Essa mensagem tem que ser dita todos os dias, não somente em eventos de rock and roll. A gente propaga isso, a gente tem esse espaço, essa liberdade pra poder fazer as nossas músicas, mas é uma mensagem que tem que ser passada todos os dias, todas as horas, porque a gente vive um caos diário, a gente sabe muito bem disso, a questão do racismo, a questão da violência contra o pessoal LGBT”, exemplifica.
Segundo Rodrigo, por outro lado, há um simbolismo no fato de o Black Pantera estar nos holofotes do universo do rock, sobretudo do trash metal, algo que ele espera que seja mais regra do que exceção.
“As pessoas se sentem representadas quando a gente está fazendo esse show, porque é um show para todo mundo, para as minorias. (…) Você vê pessoas pretas no palco tocando metal”, diz.
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Turnê movimentada
Desde o lançamento de “Ascensão”, em 2022, o power trio tem viajado bastante pela turnê do álbum. Somente em abril, a agenda incluiu passagem por dez cidades em quatro estados, incluindo a apresentação em Ribeirão Preto na última semana, quando se apresentou antes de Sepultura, Helloween e Deep Purple.
“Uma honra poder estar aqui. A gente ficou muito feliz, a estrutura gigante, pessoal, a gente fez o aquecimento e a galera chegou cedo e compareceu, fortaleceu e agitou pra caramba, levantamos poeira aqui e foi lindo”, disse Chaene, instantes depois de tirar fotos com fãs que os prestigiaram no Rock Series.
Black Pantera no set do Ribeirão Rock Series, em Ribeirão Preto (SP)
Reprodução/Facebook
Seu irmão, Charles, visualiza, em festivais como o do interior de São Paulo, muito mais do que a possibilidade de estar ao lado de grandes bandas, uma forma de reforçar seu elo com aqueles que já curtem o trabalho da banda como também para despertar o olhar de novos públicos.
“A gente conseguiu tocar para uma galera que conhecia e para uma galera que não conhecia a gente. O saldo está aqui: a galera cumprimentando a gente, curtindo, adicionando a banda [nas redes sociais]. Isso é muito positivo pra gente.”
O mosh que se formou durante músicas como “Revolução e Caos” é um sinal positivo dessa aproximação do público, avalia o guitarrista e vocalista. “A nossa mensagem é gratuita, vem e a galera abraça isso. A galera do rock é muito solidária com isso, abraça isso, entende.”
Banda Black Pantera se apresenta em Piracicaba
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