Casal de Ribeirão Preto adota bebê no Malawi e aguarda fila no Brasil: ‘Não é ato de caridade’


Com sonho de serem pais, Patrícia Fernandes e Caio Monteiro decidiram pela adoção após descobrir condição que impedia o casal de ter filhos biológicos. Desejo é que família aumente nos próximo anos. A designer Patrícia Fernandes da Silva e o empresário Caio Monteiro com o filho Luís, adotado no Malawi
Reprodução/EPTV
Foram nove anos tentando até que a designer de interiores Patrícia Fernandes da Silva e o empresário Caio Monteiro, ambos de 35 anos, pudessem ser pais.
Luís Palazzolo nasceu em agosto de 2021e, um ano depois, chegou na família. O casal, literalmente, cruzou o oceano para ter o filho nos braços.
O bebê nasceu no Malawi, país do continente africano, e recebeu nome de um santo italiano, escolhido pelas freiras do orfanato que viveu até que Patrícia e Caio finalizassem o processo de adoção internacional.
A história de Luís Palazzolo com a nova família parece coisa de destino. O santo que deu nome ao bebê é celebrado na Igreja Católica em 15 de junho, justamente dia do aniversário de Caio.
“É uma providência, não é uma coincidência. Era o meu filho”, afirma o empresário.
Apesar da felicidade do casal em ter, finalmente, o filho nos braços, Caio revela que, ao longo do processo de adoção, muitas pessoas questionaram o porquê de não adotarem uma criança brasileira.
Só que Patrícia e Caio estão, sim, na fila de adoção no Brasil. A ideia, diz o empresário, nunca saiu dos planos da família.
“A gente não faz uma adoção para fazer um ato de caridade. A gente está ali para realizar o nosso sonho de exercer a maternidade e a paternidade. Não cancelamos [o processo no Brasil] e não pretendemos cancelar”.
Patrícia revela que os processos de adoção no Brasil e no exterior não são fáceis e é preciso dedicação e força de vontade.
“Nenhuma adoção legalizada é fácil. Todo o processo vai custar dedicação, força de vontade. Você tem que querer muito ter esse filho. A adoção no Brasil é um pouco mais demorada. A adoção internacional costuma ser um pouco mais rápida, mas também tem burocracia, não é uma adoção fácil”.
Sonho de ter filho e adoção como alternativa
Casados há dez anos, Patrícia e Caio tentaram engravidar por nove anos e procuraram diversas alternativas, incluindo tratamentos hormonais e fertilizações in vitro.
Eles recorreram à adoção depois de descobrir que Caio tinha azoospermia, uma condição que o impede de ter filhos biológicos.
“Nesses dez anos que a gente está junto, a gente estava há nove tentando realizar nosso sonho. Agora é a primeira vez, nos últimos nove anos, que não estamos vivendo ano após ano tentando realizar esse sonho”, relata o empresário.
A designer Patrícia Fernandes da Silva, o empresário Caio Monteiro e o filho Luís, adotado no Malawi
Reprodução/EPTV
Além do oceano
Cinco anos após descobrir a condição de Caio, o casal resolveu tentar adotar uma criança. Em 2017, os dois deram entrada no sistema de adoção brasileiro, mas o processo caminha lentamente.
“A gente tinha aquela angústia, aquela ansiedade para realizar nosso sonho da maternidade e paternidade”, lembra Caio.
Em meados de 2021, Patrícia conheceu pela internet uma mulher que tinha acabado de adotar a filha no Malawi, que explicou todos os passos do processo e encorajou o casal a tentar.
Era agosto quando Patrícia e Caio deram entrada na adoção internacional, e no dia 17 do mesmo mês, do outro lado do Oceano Atlântico, nascia Luís Palazzolo. Em setembro de 2022, ele estaria nos braços dos pais.
Na fila de adoção no Brasil, os dois — agora três — aguardam para que a família aumente nos próximos anos.
Enquanto o irmãozinho — ou irmãzinha — de Luís não chega, Patrícia e Caio curtem o filho mais velho, que chegou causando uma verdadeira transformação na vida do casal.
“Ele me transformou como um ser humano. Toda a preparação que foi necessária para receber esse filho, ele me tirou de uma bolha, de uma zona de conforto, porque é uma maternidade fora do tradicional. Luís me mostrou um mundo totalmente diferente”, diz a designer.
Apesar de todas as dificuldades burocráticas e dos anos de tentativas, ela garante que nada foi em vão.
“Eu faria qualquer coisa pelo meu filho, eu fiz muito por ele, atravessei o oceano por ele, e faria tudo de novo. Amor de mãe não tem medidas, não tem fronteiras, não existe nada maior no mundo”.
Luís Palazzolo, de um ano, foi adotado no Malawi por família de Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
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