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Somadas a questões climáticas, crise aviária nos EUA e aumento das exportações contribuem para oferta abaixo da demanda no Brasil. ‘O nosso maquinário está sendo ligado após o almoço só porque não tem o produto pra poder classificar’, afirma gerente da Coag, em Guatapará (SP). Aumento das exportações diminui oferta de ovo no mercado interno
Na Cooperativa Agrícola de Guatapará (SP), um dos mais importantes polos produtores de ovos no interior de São Paulo, os compradores mais recorrentes já perceberam uma mudança nas encomendas, que tiveram que ser limitadas, diante de um volume ofertado abaixo da demanda do mercado, segundo o gerente Clebson Signoreli.
“A gente está limitando bastante pedido. A gente está tendo que cortar os pedidos dos clientes fixos, então está todo mundo sofrendo com a escassez do produto”, afirma.
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Importante item na alimentação do brasileiro, sobretudo por ser uma proteína mais acessível e substituta de outras mais caras como o carne vermelha, o ovo teve uma alta de 10,6% em janeiro deste ano, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/ Esalq), da USP, em consequência de um consumo aquecido, mas de um produto menos disponível do que antes.
Embalo de ovos em cooperativa agrícola de Guatapará (SP), na região de Ribeirão Preto (SP).
Valdinei Malaguti/EPTV
Isso porque, não bastasse as mudanças climáticas, que reduziram de 10,5% para 3,4% a alta prevista para a produção em 2025, o mercado internacional foi recentemente afetado pela crise aviária nos EUA, o que reduziu drasticamente a produção e aumenta o direcionamento do produto brasileiro para as exportações, que remuneram mais com o dólar em alta e reduzem a oferta no mercado interno.
“A questão é que o consumo continuou e continua aquecido, e a gente com menor produção, aí vem a lei da oferta e procura”, afirma Signoreli.
Segundo ele, um dos efeitos mais perceptíveis na rotina da cooperativa é a necessidade de se tentar recorrer a ovos comprados de outras localidades, quando possível, para conseguir dar conta dos pedidos, além de uma desaceleração na rotina de trabalho da cooperativa.
“Hoje, atualmente a gente está trabalhando com parte de ovo comprado de fora e o nosso maquinário está sendo ligado após o almoço só porque não tem o produto pra poder classificar.”
Questões climáticas, crise aviária nos EUA e demanda por exportações pressionam preço dos ovos no Brasil.
Valdinei Malaguti/EPTV
Comprador de ovos há 25 anos, Jair Henrique Arado afirma que, diante da baixa disponibilidade do produto, está transportando até 50% menos para revenda. “Nunca a gente viu um cenário desse, é a primeira vez. (…) Muito preocupante, subiu muito o valor e além do preço estar alto não consegue mercadoria pra trabalhar.”
O problema é que os custos com frete e com o transporte também estão em alta, reclama Arado. Com isso, o repasse acaba chegando aos supermercados.
“Os pedidos vão ser cortados, porque não tem a mercadoria e vai ter que ser repassado para o cliente final. Quem sofre mais com tudo isso é o cliente final.”
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