Em post, Ricardo Silva (PSD) anunciou demissão ao apontar sala de gestores da unidade trancada. Ex-funcionário afirma que, antes de vídeo ser gravado, já havia assinado rescisão e estava liberado das funções. Prefeito de Ribeirão Preto usa vídeo nas redes sociais para demitir equipe de UPA
Redes sociais
Com a demissão anunciada em uma publicação nas redes sociais por Ricardo Silva (PSD), o ex-coordenador administrativo de uma unidade de pronto-atendimento (UPA) de Ribeirão Preto (SP) rebateu as alegações de que deveria estar no local de trabalho no momento em que o prefeito apareceu e anunciou a dispensa dele.
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O administrador de 53 anos, que preferiu não ser identificado, disse ao g1 que já tinha assinado a demissão junto ao departamento de recursos humanos da Fundação Santa Lydia cerca de duas horas antes da visita do chefe do Executivo e do secretário municipal de Saúde Maurício Godinho à sala em que trabalhava na UPA.
Ele também disse que já havia deixado o local justamente porque não cumpriria aviso prévio por determinação da própria empresa, que terceiriza a contratação de funcionários das unidades de saúde do município.
O vídeo, segundo ele, o expôs de uma maneira indevida e desnecessária e por isso registrou um boletim de ocorrência na Polícia Civil. Ele atuava na fundação havia oito anos.
“Acabou com minha vida profissional, porque todo mundo sabe que sou eu. Mesmo não falando o nome, falando cargo errado, todo mundo sabe que sou eu, falando que essa administração está demitida por não estar na unidade. Ele tinha me demitido duas horas antes, teoricamente, por solicitação indireta, ele e o secretário dele”, diz.
Em vídeo, prefeito ‘demite’ funcionários de UPA em Ribeirão Preto
A Prefeitura informou, em nota, que a decisão do prefeito e do secretário é pela reestruturação do atendimento público de saúde e que todas as medidas já tomadas e outras que virão têm esse objetivo. A administração municipal não comentou as alegações do ex-funcionário da UPA.
Publicado nas redes sociais na última quarta-feira (8), o vídeo mostra Ricardo demitindo funcionários da UPA Oeste, no bairro Sumarezinho. Na gravação, Ricardo, ao lado do secretário de Saúde, indica que equipes da gerência não estão presentes na unidade e que, por isso, estão demitidos. Entrevistado pelo g1, o secretário Maurício Godinho não soube dizer se a demissão havia ocorrido antes ou depois do vídeo.
Em nota, a Fundação Santa Lydia confirmou apenas a demissão de um gestor naquele dia e não de uma equipe inteira, bem como que um novo gestor já foi contratado e está em processo de integração para assumir as funções na próxima segunda-feira (13).
Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Oeste, em Ribeirão Preto
Reprodução/EPTV
‘Eu estava liberado para ir embora’
O ex-coordenador conta que atua há 36 anos em administração de hospitais, oito deles para a Fundação Santa Lydia, e que desde 2021 era um dos gestores da UPA do Sumarezinho – mas não respondia pela área médica e pela enfermagem.
“Eu era responsável pelo quadro de funcionários da recepção, da portaria e pelo quadro administrativo formado por quatro profissionais.”
No fim da manhã de quarta-feira, ele relata que recebeu uma ligação da fundação, solicitando uma conversa sobre o contrato de trabalho dele, e que foi marcada uma reunião por volta das 14h na UPA Oeste, onde uma gerente de RH confirmou a demissão.
Na sequência, o coordenador diz ter assinado a rescisão do contrato e todos os documentos necessários, bem como se certificou de que não teria que cumprir aviso prévio porque seria indenizado pela fundação e que poderia ficar por mais um tempo apenas para arrumar as coisas e se despedir do pessoal.
“Terminei de acertar minhas coisas, meus documentos pessoais, e chamei a equipe, me despedi da equipe, porque é de praxe fazer esse tipo de coisa. Eu deixei minha sala por volta de 15h30. (…) Eu estava liberado para ir embora”, diz.
O ex-coordenador disse que, depois disso, foi acompanhado por uma colega até a saída e foi embora, porque estava liberado.
“Saí do estacionamento era um pouco mais das 16h. Entrei no carro, mexi no celular, peguei meus óculos, fiquei pensando, respondi uma mensagem de um colega meu de trabalho que estava perguntando se era verdade sobre a minha demissão e eu estava respondendo pra ele, terminei de responder, liguei o carro e saí, e fui embora.”
‘Eles não tinham esse direito’
Horas depois, à noite, o ex-coordenador afirma que soube por terceiros do vídeo do prefeito gravado pelo prefeito na UPA. “Quando eu tomei conhecimento, depois das 20h, eu fiquei muito abalado.”
Ele argumenta que, mesmo não tendo o nome citado, muitos o procuraram e teme que isso cause prejuízos para sua futura vida profissional. A demissão também repercutiu entre conhecidos dos filhos e da mulher, segundo o ex-coordenador da UPA. “Todo mundo é mau em uma história mal contada, e eu estou sendo vítima dessa frase.”
Nesta sexta-feira (10), ele foi à Polícia Civil e registrou um boletim de ocorrência, se queixando do constrangimento e da exposição pública.
“Estou me sentindo injustiçado pela fala dos dois. Eles não tinham esse direito. Primeiro, eles não são meus empregadores diretos, eles são indiretos, a gente entende que é indireto, que existe uma parceria com a administração pública do município. Respeito eles como autoridade, como funcionário, da melhor forma, e gostaria que tivessem o mesmo respeito como profissional e como cidadão”, afirmou.
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