O ressurgimento do sorotipo 3 da dengue (DENV-3) pode levar ao aumento de surtos da doença no Brasil, segundo um estudo recente publicado na Journal of Clinical Virology por cientistas brasileiros. Os sorotipos da dengue são variações do vírus que, embora pertençam à mesma espécie, apresentam diferenças na composição antigênica, o que altera as formas de infecção e pode impactar a gravidade da doença.
Em conversa com o acidade on, a infectologista Fernanda Guioti Puga explica que o vírus da dengue (DENV) possui quatro sorotipos distintos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Cada um deles pode causar desde infecções assintomáticas até quadros graves da doença.
Infecções subsequentes por diferentes sorotipos aumentam o risco de formas mais graves da doença. O DENV-3 nos preocupa, pois é considerado um dos sorotipos mais virulentos do vírus da dengue, ou seja, tem maior potencial de causar formas graves da doença.
Explica a médica.
A médica ressalta que cada pessoa pode ser infectada até quatro vezes, uma por cada sorotipo, e que todas as faixas etárias são igualmente suscetíveis à doença.
‘Indivíduos com condições preexistentes, como mulheres grávidas, lactentes, crianças (até 2 anos) e pessoas com mais de 65 anos, têm maiores riscos de desenvolver complicações pela doença’, complementa Puga.
Vacina e tratamento
A vacina contra a dengue (QDenga) foi incorporada ao SUS no final de 2023. Ela está indicada para crianças a partir de 4 anos de idade, adolescentes e adultos até 60 anos, independentemente de terem ou não tido infecção pelo vírus da dengue anteriormente. Consiste em 2 doses, com intervalo de 3 meses entre as doses.
No SUS, a vacina é disponibilizada apenas para crianças de 10 a 14 anos, faixa etária com maior risco de hospitalização.
Sobre o tratamento, Fernanda Guioti explica que ainda não existe tratamento específico para a doença.
“O tratamento é baseado, principalmente, na reposição adequada de líquidos, repouso e orientação ao paciente para buscar atendimento médico se surgirem sinais de alarme (dor abdominal, sangramentos, vômitos persistentes, hipotensão)”, afirma.
Dengue em Ribeirão Preto
A Secretaria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto investiga três mortes de homens com suspeita de dengue. O último boletim emitido pela pasta, no dia 21 de janeiro, informa que o município registrou 371 casos confirmados da doença. Uma redução expressiva em relação aos 1.409 casos no mesmo período do ano anterior.
De acordo com a Prefeitura de Ribeirão Preto, as investigações sobre os óbitos estão em andamento, e os resultados devem ser divulgados dentro de aproximadamente 30 dias.
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