Entenda o que as melhores redações da Unicamp têm em comum e leia dicas de professores


Vestibular foge da regra ao cobrar outros tipos de texto além da dissertação clássica. Comvest, comissão organizadora da prova, lançou livro com os melhores textos do exame anterior. Vestibular da Unicamp vai além da dissertação e pede outros gêneros textuais na prova de redação
Pexels/Reprodução
Aplicada na segunda fase, a prova de redação da Unicamp é sempre uma surpresa dupla. Isso porque, além do tema que, claro, só é revelado na hora da prova, o gênero textual também é uma incógnita para os vestibulandos. Diferente de outros exames, Universidade Estadual de Campinas não pede apenas textos dissertativos.
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O fator surpresa abre um leque extenso de possibilidades de que tipo de redação será cobrada ano após ano pela Unicamp. Nos últimos, a prova já pediu que os candidatos elaborassem desde texto de divulgação científica até comentário nas redes sociais – o famoso “textão”. 😯
Mas aí vem o que parece ser um problema na vida do vestibulando: como se preparar para o imprevisível? 🤔
Spoiler ⚠️: interpretação de texto é essencial e deve ser praticada desde antes (muito antes) da primeira fase.
Diante da versatilidade de produções, o g1 procurou a Comvest e o Colégio e Curso Oficina do Estudante para elencar as principais características em comum das melhores redações para ajudar os vestibulandos a se prepararem desde já para a prova que garante 20% da nota na 2ª fase. 🥇
Nesta reportagem, você vai ler:
A imprevisibilidade das propostas
Dicas e o que se repete
Por que tantos gêneros?
Leitura eficiente
Imprevisibilidade
Em primeiro lugar, é preciso entender que essa imprevisibilidade é a estratégia do exame para incentivar os candidatos a irem além dos modelos prontos de texto e, principalmente, a exercitarem a capacidade de leitura da proposta.
Isso porque, mesmo que fosse possível um estudante ou um professor prever qual tema e qual gênero será cobrado neste ano, ainda assim ele teria que ler atentamente o enunciado e os textos de apoio para entender como a redação deve ser feita.
“Nenhum professor, por mais gênio da lâmpada que seja, vai conseguir chegar próximo de uma situação tão específica que é única para aquela prova”, explica a coordenadora da redação do Vestibular Unicamp, Luciana Quitzau.
De carta do leitor à abaixo assinado, existe um campo vasto de gêneros textuais a ser explorado. As melhores redações do vestibular Unicamp têm alguns pontos em comum e, ano após ano, a Comvest publica os melhores textos da prova anterior em um livro, o “Redações 2023”, lançado recentemente no Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). Ele está à venda no site da editora por R$ 30.
Vista aérea da Unicamp, em Campinas
Antoninho Perri/Ascom/Unicamp
Para escolher as redações que serão publicadas, a Comvest estabelece um filtro prévio, uma espécie de nota de corte. Afinal, as maiores notas são de candidatos que entenderam melhor a proposta de exame. Mas isso não quer dizer que todos os textos do livro tiraram a nota máxima no exame. 👀
“Não necessariamente é uma redação perfeita. Nós as selecionamos como um trabalho de curadoria. É um modo de mostrarmos para sociedade os olhares que as propostas despertaram nos candidatos”, diz Luciana.
Segundo a coordenadora, o que faz os olhos da banca de correção é ver um candidato que não necessariamente se prende a regras e desenvolve um texto mais autoral. Quando isso acontece, é como se o corretor deixasse sua função e passasse a ser um leitor do estudante.
“A gente gosta de olhar pro texto e esquecer que aquilo é uma tarefa de vestibular. Ver que o texto poderia ser publicado num jornal de bairro, por exemplo, e funcionaria perfeitamente porque ele deu conta de entrar naquele personagem, que é a interlocução estabelecida na proposta”, diz Luciana.
Dicas e o que se repete
De um ponto de vista mais técnico, os professores de redação do Colégio Oficina do Estudante Danieli Ferreira e Marcelo Maluf listaram alguns pontos em comum das melhores redações da Unicamp.
Leitura atenta da proposta temática e de seus comandos específicos
Adequação ao gênero e à situação de produção
Interlocução correta
Expressão linguística (cuidado com o vocabulário, articulação expressiva, coesão e coerência das expressões)
Construção de emissores com linguagem adequada à máscara construída
Poucos erros de modalidade / coesão
Projeto de texto bem definido
Uso crítico e produtivo da coletânea
Bom repertório de referências (é importante demonstrar conhecimento do tema e aliá-lo a uma boa argumentação)
Estudantes responde questões da primeira prova da 2ª fase da Unicamp 2023
Júlio César Costa/g1
Por que tantos gêneros?
Antes de mais nada, é preciso entender que a prova da Unicamp não propõe apenas temas e gêneros: ela propõe situações aos seus candidatos.
E isso é mais importante do que saber de cor e salteado todos os gêneros textuais – o que, por si só, seria impossível, já que novos tipos de gênero podem nascer a qualquer momento. 💡
“O candidato não pode ver mais ou menos o tema e pensar: ‘Ah, sobre isso eu sei falar’”, diz Luciana.
Um exemplo disso é a prova do ano passado. Uma das propostas pedia para que os candidatos escrevessem como um morador de um bairro no qual seria aberto um clube de tiro. Um detalhe importante: esse morador, em específico, tinha uma amiga que morreu por conta de uma bala perdida.
“O tema, então, não era os clubes de tiro em si. É toda a questão, a situação que é criada. O candidato tem que produzir um texto que demonstre uma leitura competente tanto desta situação quanto dos textos que são oferecidos com a proposta”, afirma.
🔑 E eis a palavra chave desta prova: leitura. Os gêneros são apenas um suporte para avaliá-la.
Prova de redação da Unicamp acontece na 2ª fase do vestibular, mas preparação deve começar bem antes
Júlio César Costa/g1
🤓 Leitura eficiente
🛩️ O passaporte para transitar entre gêneros, sejam eles quais forem, é ler atentamente o enunciado, que indica como o texto deve ser feito, e ter uma leitura crítica e produtiva dos textos de apoio.
“A inserção da coletânea é para avaliar a leitura e é para que o candidato seja obrigado a produzir um texto que seja inédito”, diz a coordenadora de redação da Comvest. 🆕
Por isso, demonstrar, por meio da escrita, uma leitura competente é um dos principais critérios na hora da correção. Afinal, ano após ano, a banca avalia habilidades de leitura e escrita que quer e define o gênero a ser cobrado com base nisso.
Em outras palavras, se neste vestibular a Unicamp quiser avaliar a capacidade do candidato de fazer um relato, ela pode pedir um depoimento ou um diário. Se preferir avaliar a habilidade de argumentação, ela pode propor uma carta argumentativa ou um texto de convocação, por exemplo.
“Têm escolas que contam quantas vezes já caiu artigo de opinião, carta do leitor, depoimento, e fazem um ‘algoritmo’ para tentar descobrir o próximo. E aqui, do lado de cá, a gente não pensa nem um pouco nisso”, afirma Luciana.
“A gente nunca fez, para uma banca, a contabilização dos gêneros para que ela não repita ou para que ela faça um gênero e não outro”, completa.
Lembrando que, desde 2019, a Comvest dá duas opções e cabe ao estudante decidir qual texto irá produzir – antes, o exame exigia as duas redações.
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