‘Equipe inverteu a ordem do uso dos produtos’, afirma Santa Casa sobre mutirão de catarata no interior de SP

O Grupo Santa Casa de Franca confirmou, nesta terça-feira (11), que o erro no mutirão de cirurgias de catarata realizado em Taquaritinga, no interior de São Paulo, que resultou em pacientes com complicações de cegueira foi causado por uma inversão no uso de produtos durante o processo cirúrgico. Uma nota foi emitida pela Organização Social de Saúde (OSS) explicando os detalhes da investigação interna sobre o ocorrido.

Após uma sindicância interna, o grupo revelou que, no momento do fechamento das incisões cirúrgicas, os profissionais de saúde usaram uma substância destinada à assepsia – processo de controle de infecções – em vez de um medicamento adequado para o fechamento das incisões.

A OSS reconheceu o erro que levou à grave complicação nos pacientes e informou que os profissionais diretamente envolvidos no caso, foram afastados, pois, apesar de ter sido um erro pontual, os pacientes tiveram consequências graves.

O erro afetou apenas um olho de cada paciente, já que, por segurança, nunca se realizam cirurgias simultâneas nos dois olhos, justamente para evitar riscos de perda total da visão. Dos 12 pacientes afetados, 5 realizavam a segunda cirurgia, pois já haviam realizado a operação bem-sucedida no primeiro olho

informa parte do comunicado

O Grupo Santa Casa de Franca também confirmou que todas as informações pertinentes serão encaminhadas à Secretaria de Estado da Saúde para que as autoridades competentes possam acompanhar o caso. Além disso, todos os profissionais envolvidos foram afastados de suas funções enquanto o caso é investigado.

Investigação em andamento

Após as denúncias e complicações de saúde nos pacientes, os envolvidos foram encaminhados ao Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto para avaliação médica. O caso está sendo acompanhado pelas autoridades locais, incluindo o Ministério Público e a Polícia Civil, que investigam as circunstâncias e eventuais responsabilidades legais.

Em sua nota, o Grupo Santa Casa de Franca se comprometeu a tomar todas as medidas legais cabíveis para responsabilizar os profissionais médicos e assistenciais envolvidos no erro. A OSS garantiu que este tipo de falha não será tolerado e que a segurança dos pacientes é uma prioridade para a instituição.

Nota na íntegra:

A OSS (Organização Social de Saúde) Grupo Santa Casa de Franca, administradora do AME de Taquaritinga (Ambulatório Médico de Especialidades do Governo do Estado de São Paulo) – esclarece as cirurgias de cataratas no Ambulatório Médico de Especialidades de Taquaritinga: 

No dia 21 de outubro de 2024, 23 pacientes passaram por cirurgia e um grupo de 12 pacientes apresentou complicações pós-operatórias em 1 dos olhos. 

O 1º pós-operatório médico se deu após 24 horas após a cirurgia, e desde o dia 28 de outubro já se deu início à sindicância, para investigar o ocorrido. 

Houve fornecimento contínuo de medicação necessária para o tratamento das complicações e suporte assistencial aos pacientes desde o dia posterior a cirurgia. 

Os pacientes afetados foram inseridos na fila de transplante de córnea do Estado dia 06 de dezembro de 2024 após a constatação do dano pelo próprio Grupo Santa Casa de Franca, que é o hospital credenciado pelo Estado para transplantes de córneas. 

A sindicância solicitou laudos técnicos dos materiais e medicamentos utilizados para verificar possíveis irregularidades, nos quais não foram encontradas alterações e a sindicância encaminhou a Vigilância Municipal todos os esclarecimentos. 

Os protocolos de segurança relacionados à CME (Central de Material de Esterilização) foram devidamente esclarecidos, conforme documentação apresentada na Vigilância Sanitária Municipal, sendo que nenhum dos apontamentos eram capazes de influenciar na ocorrência. 

A investigação preliminar apontou falha pelas equipes médica/assistencial no cumprimento do protocolo institucional vigente, resultando no uso inadequado de produtos durante procedimentos cirúrgicos realizados exclusivamente em 21 de outubro de 2024. 

Conforme os protocolos institucionais, a assepsia deve ser realizada com PVPI (iodo-povidona), de coloração roxa, permitindo identificação visual clara por todos os profissionais envolvidos na cirurgia. No entanto, foi constatado que a equipe utilizou clorexidina (de coloração transparente), dificultando a verificação visual do produto empregado. 

Além disso, identificou-se a inversão na ordem de aplicação dos produtos. Em vez de seguir o procedimento correto — onde a clorexidina é utilizada para assepsia e o soro Ringer para o selamento da incisão — houve o acidente, no qual a clorexidina foi aplicada em substituição ao soro Ringer. 

Isso significa que no processo cirúrgico, a equipe médica/assistencial inverteu a ordem do uso dos produtos. 

Todos os profissionais diretamente envolvidos no caso, foram afastados, pois, apesar de ter sido um erro pontual, os pacientes tiveram consequências graves. 

O erro afetou apenas um olho de cada paciente, já que, por segurança, nunca se realizam cirurgias simultâneas nos dois olhos, justamente para evitar riscos de perda total da visão. Dos 12 pacientes afetados, 5 realizavam a segunda cirurgia, pois já haviam realizado a operação bem-sucedida no primeiro olho. 

Todas as informações apuradas estão detalhadas na sindicância e serão entregues ao Estado na Secretaria Estadual de Saúde ainda esta semana. 

O Grupo Santa Casa de Franca irá tomar todas as medidas para responsabilizar a equipe médica/assistencial perante os órgãos competentes. 

Lamentamos profundamente o grave ocorrido e reafirmamos nosso compromisso com a qualidade e segurança do paciente. Seguiremos com a postura responsável, o que está comprovado nos laudos de que o erro não se deu nas instalações, protocolos e sim na falha humana profissional. 

Somos solidários aos pacientes; estaremos ao seu lado pela responsabilização do fato e no seu acolhimento, e daremos total transparência para as autoridades cabíveis e à população. 


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