Familiares se revoltam com túmulos inacabados em Sertãozinho, SP: ‘Estão enterrando o sertanezino em uma vala’


Além de taxa de terreno da prefeitura no valor de R$ 1,5 mil, empresa responsável pelo Cemitério Cristo Rei cobra R$ 5 mil por serviço. Previsão de entrega dos jazigos era em setembro de 2022. Famílias pagam R$ 6 mil por túmulos que não estão prontos em Sertãozinho, SP
Não bastasse a dor de perder uma pessoa querida, familiares em Sertãozinho (SP) ainda tem de lidar com a frustração de enfrentar o descaso da empresa responsável pelo Cemitério Cristo Rei, que não terminou os túmulos e o local segue em obras.
Entre máquinas, jazigos não finalizados e muita terra, é preciso se equilibrar para acessar alguns pontos no local, como conta o assistente financeiro Vitor Davi de Melo.
O pai dele morreu no ano passado e até agora o espaço onde foi enterrado segue inacabado.
O assistente financeiro Vitor Davi de Melo se revolta com o descaso nas obras do cemitério Cristo Rei, em Sertãozinho (SP)
Lindomar Rodrigues/EPTV
À Prefeitura de Sertãozinho, a KMR, que administra as obras, disse que os serviços devem terminar até o Dia dos Pais. A empresa não foi encontrada para comentar o assunto.
Vitor não acredita no prazo.
“Isso aqui não vai ficar pronto em agosto. Infelizmente nós vamos continuar enterrando o sertanezino em vala, porque isso aqui, pra mim, é uma vala. Isso aqui não é jazigo. O sertanezino vai ser enterrado em vala, vai pagar R$ 6,5 mil e vai ser enterrado em vala”.
Além de taxa de terreno da prefeitura no valor de R$ 1,5 mil, familiares tem de desembolsar R$ 5 mil pelo serviço. O preço revolta ainda mais quem tem alguém querido enterrado no local.
“Eles não colocam funcionário, não tem funcionário para fazer o que tem que ser feito, não colocam mão de obra e não há fiscalização de quem tem que fiscalizar. Não tem ninguém que faça essa empresa resolver o problema nosso. São mais de 50 túmulos aqui e a gente não consegue chegar perto”, diz Vitor.
O túmulo do pai de Vitor fica na segunda fileira do cemitério, em uma área onde atravessar exige equilíbrio para não cair nos demais.
“A gente não consegue chegar, a gente não consegue acender uma vela, deixar uma flor. A gente não consegue nem identificar [o túmulo certo] porque nem entregaram a lápide ainda pra gente colocar uma placa, uma foto, a situação aqui é essa. É um descaso com tudo. Com quem já foi e com quem está aqui”.
A situação, diz Vitor, traz não apenas revolta, mas impotência também, por não ter meios de resolver o problema.
“Não tem descanso. Quem está aqui não está descansando e quem está esperando ficar pronto também não descansa, porque a gente fica nessa tensão de ficar pronto, ficar pronto, e não fica”.
O assistente financeiro Vitor Davi de Melo anda pelos túmulos inacabados em cemitério em Sertãozinho (SP)
Lindomar Rodrigues/EPTV
Serviço inacabado
A nova área do cemitério deveria ter ficado pronta em setembro do ano passado, mas parece estar longe do fim.
A Prefeitura de Sertãozinho diz que já notificou a KMR por duas vezes, mas em nenhuma delas o atraso nas obras foi resolvido, como conta Alan Marinho, diretor dos cemitérios da cidade.
“Passaram pra gente que vai ser feito até o Dia dos Pais. É onde eles tem o prazo de entrega, pra passar pra gente o que está em atraso. Se não acabar, a gente definiu que vai para o jurídico da prefeitura e entrar com um processo acabando com o contrato deles”.
Famílias pagaram até R$ 5 mil à vista em túmulos inacabados de cemitério em Sertãozinho (SP)
Lindomar Rodrigues/EPTV
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

Adicionar aos favoritos o Link permanente.