Famílias pagam R$ 6 mil por túmulos que não estão prontos em Sertãozinho, SP


Além de taxa de terreno da prefeitura no valor de R$ 1,5 mil, empresa responsável pelo Cemitério Cristo Rei cobra R$ 5 mil por serviço. Previsão de entrega dos jazigos era em setembro de 2022. Famílias pagam R$ 6 mil por túmulos que não estão prontos em Sertãozinho, SP
Pelo menos 50 famílias em Sertãozinho (SP) reclamam que a empresa KMR, de Ribeirão Preto (SP), responsável pelo Cemitério Cristo Rei, vendeu jazigos, recebeu pelo negócio, mas não terminou o serviço.
Parte das obras nos túmulos está parada nas paredes de concreto, ainda para fora da terra e quem pagou R$ 5 mil à vista para enterrar um ente querido, está revoltado.
Famílias pagaram até R$ 5 mil à vista em túmulos inacabados de cemitério em Sertãozinho (SP)
Lindomar Rodrigues/EPTV
Além do serviço pago à empresa, também há uma taxa pelo terreno, que tem de ser paga para a prefeitura, no valor de R$ 1,5 mil. Ao todo, familiares têm de desembolsar, pelo menos, R$ 6 mil em um local que não está pronto.
A nova área do cemitério deveria ter ficado pronta em setembro do ano passado. A EPTV, afiliada da TV Globo, procurou a empresa responsável pelo serviço, mas ela não foi encontrada para comentar o assunto.
O assistente financeiro Vitor Davi de Melo anda pelos túmulos inacabados em cemitério em Sertãozinho (SP)
Lindomar Rodrigues/EPTV
“Depois que a pessoa faleceu, é o que a gente espera. Ter esse lugar para poder ir, para visitar, saber que ele está ali e que, nessa terra também, está sendo cuidado o lugar onde ele está”, diz a dona de casa Célia Regina Salata Saraiva, que tem o irmão e a mãe enterrados no local.
A aposentada Fátima Maria Mosquini tem dificuldade de chegar perto do túmulo da mãe por conta das obras.
“Não tem como chegar perto, trazer uma flor, fazer o que a gente queria fazer. Isso aqui é um lugar eterno, é onde ela está tentando descansar, mas nem ela e nem a gente está tranquilo”.
A aposentada Fátima Maria Mosquini, de Sertãozinho (SP), tem dificuldade para chegar até o jazigo da mãe
Lindomar Rodrigues/EPTV
A situação também revolta o assistente financeiro Vitor Davi de Melo. O pai dele está no local, mas a mãe, de 82 anos, não consegue chegar até o túmulo do marido por conta do serviço inacabado pelo meio do caminho.
“A gente assina um contrato que em três meses eles entregam o jazigo pronto, passa Finados, passa Dia das Mães, vai chegar o Dia dos Pais e eu não vou conseguir chegar perto do túmulo do meu pai, tenho certeza. Porque essa firma não põe funcionários para entregar a obra”.
O assistente financeiro Vitor Davi de Melo tem de enfrentar uma barreira de terra para acessar o túmulo do pai
Lindomar Rodrigues/EPTV
Maioria dos túmulos está ocupada
O mais grave é que, mesmo em condições precárias, a maioria dos túmulos no Cristo Rei está ocupada, com pessoas enterradas. E as famílias não se conformam de ter pessoas tão queridas em covas tão desonradas.
“É revoltante isso daqui, um descaso total com a população e, principalmente, com quem enterrou alguém de tanto valor na vida da gente. São importantes demais para viver nessa coisa tão horrorosa. É terrível vir aqui, toda vez que venho aqui, saio chorando”, diz Fátima.
O pai de Vitor está enterrado na segunda fileira de jazigos. Só que para chegar até lá, ele precisa se equilibrar por uma faixa irregular de terra entre as valas abertas. O assistente financeiro até se arrisca, mas a mãe dele não consegue.
“Como que ela vai chegar ali? O túmulo nem está pronto”.
Em um dos jazigos, uma vela foi colocada em um bloco de cimento, em um altar de improviso. Em outro, um pedaço de madeira serve de cantinho de orações.
A Prefeitura de Sertãozinho já notificou a empresa responsável pelas obras por duas vezes, mas em nenhuma delas o atraso nas obras foi resolvido, como conta Alan Marinho, diretor dos cemitérios da cidade.
“Passaram pra gente que vai ser feito até o Dia dos Pais. É onde eles tem o prazo de entrega, pra passar pra gente o que está em atraso. Se não acabar, a gente definiu que vai para o jurídico da prefeitura e entrar com um processo acabando com o contrato deles”.
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