Fãs encaram até 850 km com excursões para curtir João Rock e incluem ‘kit sobrevivência’ na viagem

Para amenizar o cansaço dos passageiros, agências oferecem serviços “extras” junto com o deslocamento. Segundo a organização, o festival deve receber mais de 200 excursões. A professora Andrielly Gonzaga saiu de Campo Grande, MS, para o João Rock
Arquivo pessoal
Cerca de uma semana antes da primeira vez no João Rock, a professora Andrielly Gonzaga já estava com tudo preparado para encarar os 800 km até Ribeirão Preto (SP). Ela saiu de Campo Grande (MS) em uma excursão com 90 pessoas ansiosas para curtir a edição que comemora 20 anos do festival. “Viajar uma longa distância é cansativo, mas a adrenalina misturada com a expectativa de aproveitar o máximo é maior”, garante.
Como são mais de 10 horas de viagem, ela não pensou duas vezes na hora de fechar uma excursão que oferecesse mais que apenas o transporte. “Escolhi pela comodidade de não me preocupar com o convite e nem precisar reservar hotel”, lembra.
Os dois ônibus que saíram da capital sul-mato-grossense estão entre as mais de 200 excursões confirmadas pela organização do João Rock. Entre as oficiais registradas no site do evento, a maioria sai dos estados de Minas Gerais, São Paulo e Paraná.
A expectativa é que 70 mil pessoas participem do festival neste sábado (3), no Parque Permanente de Exposições. Os ingressos estão esgotados.
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À procura de mais comodidade
Promovida pela agência Augusta Rock Tour, a excursão de Adrielly começou a ser organizada em janeiro, quase cinco meses antes do evento. Em apenas um mês, já tinha 50 pessoas confirmadas, todas interessadas no pacote “completo”, incluindo as entradas para o festival, uma diária de hotel e, claro, o transporte.
“A gente sabe que, com certeza, haverá muito cansaço, é muito tempo na estrada e de festival. Então, pensei muito antes de lançar a excursão. Queria que todos pudessem viajar em um bom ônibus, dormir bem, tomar banho e se arrumar em um hotel, além de poder descansar no pós-evento, para poder voltar com tranquilidade para trabalhar na segunda”, explica o produtor cultural Glédson Damacena, organizador da excursão.
A jornada deles até o João Rock começou na sexta-feira (2), às 19h, com previsão de terminar às 10h deste sábado. Contando com a volta, os dois ônibus vão viajar cerca de 1,7 mil km.
Kit de sobrevivência
Já com origem na região Sul do país, a excursão ET. Organiza enfrenta cerca de 12 horas de estrada para chegar ao festival. Ela saiu de Cianorte, no Norte do Paraná, e depois vai passar por Maringá (PR) e Londrina (PR) para pegar mais passageiros.
A intensa jornada, à qual soma-se ainda às cerca de 12 horas de festival e mais a volta para casa, exigiu um planejamento detalhado e até um “kit de sobrevivência” para não deixar ninguém desanimar.
ET Organiza e mimo com kit sobrevivência para os fãs na excursão rumo ao João Rock 2023
Arquivo pessoal
Ao entrarem no ônibus, equipado com ar-condicionado, entradas USB e wi-fi, os passageiros receberam uma ecobag artesanal e personalizada, contendo uma barra de cereal, uma maçã, um copo de água lacrado e balas. Um kit elaborado não só para o trajeto, mas também para o evento, já que são todos itens permitidos pela organização.
“Pensamos na nossa ecobag desde que tivemos a ideia de organizar a excursão. Idealizamos unir o evento com uma experiência de cuidado e empatia, que não tivemos quando fomos ao festival como passageiras de uma excursão. Inclusive, como pode ser a primeira excursão de alguns, queremos deixar uma boa experiência”, afirma Elora Ronca, uma das organizadoras.
Ela explica que todo esse cuidado também foi uma resposta a experiência “decepcionante” que ela e sua sócia, Thariane Pereira, tiveram no ano anterior, quando foram ao João Rock em outra excursão.
“Era uma van com 18 pessoas. Pensamos que, por ser menor, seria um pessoal mais preocupado uns com os outros. Mas foi o oposto. Quase deixaram um pra trás. Desse episódio veio a vontade de ‘dá para fazer melhor’”.
Economizando energia
Agora, organizada por elas, a excursão paranaense deve chegar a Ribeirão Preto por volta das 8h deste sábado e parar em um posto de conveniência rodoviário para que os viajantes possam se preparar com tranquilidade (tomar banho, comer, relaxar) e entrar no clima para o festival.
“Contamos com essa janela maior de tempo para irmos com calma até o parque e em caso de imprevistos. Afinal, é super cansativo, mas vale muito a pena. Enquanto estamos lá, todo o cansaço some e a gente só se lembra dele na volta”, avalia Tharine, que ajudou na organização.
Cansaço não é uma preocupação da acadêmica Maria Isadora Galvão Gaeski. Ela avalia a escolha pela excursão como uma das formas mais acessíveis de deslocamento, tanto pelo preço justo, quanto pela comodidade de parar na porta do festival e, no retorno, poder descansar e recuperar um pouco da energia.
“Já fui a outros shows, mas nenhum com uma distância tão grande. Mas minha preparação consiste principalmente em saber onde estou me metendo e que está tudo bem (risos). Durante a ida, muitas frutinhas e água serão consumidas, e vou querer ficar de boa, descansar, para, daí, quando chegar no destino final, estar a 1.000%, no gás para o rolê”, conta, enquanto espera ansiosa as apresentação de Alceu Valença, Tom Zé, Gilberto Gil, BaianaSystem e Zé Ramalho.
Excursão de Pouso Alegre, MG, para o João Rock em 2022
Arquivo Pessoal
13 viraram 200
Apesar de percorrerem uma distância menor, quatro ônibus que sairão de Pouso Alegre, no Sul de Minas Gerais, também já estão se preparando para a viagem. Com mais de 200 pessoas, a excursão é a maior de Minas Gerais em 2023 e aparece entre as 10 maiores do Brasil, de acordo com o organizador Douglas Caruso.
Passando ainda pelas cidades mineiras de Itajubá, Santa Rita do Sapucaí, Paraisópolis e algumas outras menores, ele revela que sua excursão cresceu muito desde 2014, quando fez o transporte para o festival pela primeira vez. Naquele ano, só 13 pessoas foram com ele.
“Depois, ano a ano, foi aumentando cada vez mais o público, com a gente chegando a levar seis ônibus no ano passado, quando teve também o fator de estarmos voltando da pandemia. Então estava todo mundo sedento por um festival”, lembra.
Para ele, a procura por excursões deve continuar aumentando, já que, diferente de outros festivais, em que muitos vão para ver só uma banda preferida, quem vai ao João Rock quer aproveitar tudo.
“No João Rock, a maioria está indo para curtir o rolê inteiro e não só alguma banda específica. Até por isso, o festival tem um público bem fiel, independente do line-up. Com certeza essa edição será sensacional igual as outras. Ele nunca decepciona”, avalia.
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