Golpistas pedem valor antecipado na venda de carros e fazem vítimas em Ribeirão Preto; veja como se proteger

Criminosos aproveitam anúncios de veículos nas redes sociais para ganhar dinheiro. Advogado especialista em direito do consumidor dá dicas para se evitar cair em golpes. Quadrilha aplica “golpe do PIX” em Ribeirão Preto, SP
Criminosos têm usado anúncios de carros à venda veiculados nas redes sociais para pedir valores antecipados e aplicar golpes em vítimas de Ribeirão Preto (SP).
O pintor José Wellington Celesitno Alves é uma dessas vítimas: ele perdeu R$ 3,5 mil ao fazer uma transferência via pix que seria, supostamente, para pagar parte do valor de um carro anunciado na internet.
“Vendi um carro para comprar outro. Vendi o meu, cai num golpe, e [não tenho] nem carro, nem dinheiro agora”, lamenta.
Já o chaveiro Adriano Cabral perdeu R$ 8 mil em uma história parecida. Nos dois casos, as vítimas viram um carro anunciado por um valor abaixo do mercado nas redes sociais e entraram em contato com a anunciante, que diz ser uma intermediária entre o comprador e o dono do automóvel.
Vítima de golpe mostra troca de mensagens com dono de veículo em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV
O advogado Matheus Franco, especialista em direito do consumidor, elenca algumas dicas para se proteger de golpes na internet; confira todas ao fim da reportagem. A principal delas é evitar fornecer dados pessoais para aplicativos, sites e intermediários nas negociações.
“Na dúvida, não faça, e jamais forneça seus dados pessoais. E, identificado o golpe, tome imediatas providências: faça o boletim de ocorrência e entre em canais de atendimento do consumidor, seja pelo SAC ou pela ouvidoria da plataforma ou instituição financeira”, orienta.
O pintor José Wellington Celesitno Alves, vítima de golpe ao tentar comprar veículo anunciado nas redes sociais
Reprodução/EPTV
Negociações falsas
José Wellington se interessou por um carro modelo Volkswagen Polo 2008 que estava à venda por R$ 8 mil. Ao entrar em contato com a anunciante, a mulher informou que anunciava para um homem.
O homem entrou em contato com José Wellington e informou que o carro pertencia ao cunhado. Ele deu um endereço na Vila Virgínia para que o pintor pudesse ver o carro e pediu, em nome do suposto cunhado, parte do valor antecipado para a vítima que, supostamente, levaria o automóvel.
Ao chegar no local indicado, José Wellington encontrou o verdadeiro dono do carro anunciado, que não estava envolvido nas negociações. Ele confirmou que o veículo estava à venda, mas por um valor mais alto.
“Eu fiquei meio desconfiado, fiquei triste, porque foi R$ 3,5 mil que eu fiz o pix na hora. E aí ele falou que eu fui vítima de um golpe”, diz José Wellington, que registrou um boletim de ocorrência.
O chaveiro Adriano Cabral perdeu R$ 8 mil vítima de um golpe ao tentar comprar um veículo anunciado nas redes sociais
Reprodução/EPTV
Farsa até o cartório
No caso do chaveiro Adriano Cabral, ele chegou a ir até o cartório para concluir as negociações. Foi lá que descobriu que tinha sido vítima de um golpe.
Ele conta que fez questão de ver o veículo e ir até o cartório para reconhecer firma pois havia conhecido uma pessoa vítima do mesmo golpe. O chaveiro também está vendendo um carro e os criminosos usaram o anúncio para fazer mais uma vítima.
“Usaram o meu carro, anunciaram esse Gol. Eu estava vendendo pelo preço de tabela, e anunciaram por R$ 8 mil. O cara deu R$ 4 mil e perdeu R$ 4 mil”, lembra Cabral.
No caso dele, o automóvel que ele pretendia comprar estava R$ 3 mil abaixo do valor de mercado. Ele chegou a ver o veículo estacionado em um supermercado de Ribeirão Preto; a mulher que intermediou as negociações disse que o carro pertencia ao primo dela, que era advogado.
Somente no cartório a mulher admitiu que não conhecia o suposto advogado e informou que suspeitava de um golpe. Cabral transferiu R$ 8,5 mil como parte do pagamento pelo veículo. Segundo ele, a página onde ele viu o carro segue fazendo anúncios.
Ao chaveiro, sobrou o prejuízo e uma lição.
“Só pagar depois que reconhecer firma no cartório. Se pagar antes, vai perder”, aconselha.
Como se proteger?
O advogado Matheus Franco esclareceu uma série de questões que podem ajudar a se proteger de possíveis golpes ou a saber como agir caso já tenha sido vítima. Confira.
Nunca forneça dados pessoais e sigilosos como senhas e CPF. Esses dados são usados pelos golpistas para aplicarem os golpes.
Certifique-se da propriedade do que você está adquirindo. No caso de veículos, o cartório pode fornecer os documentos do proprietário, o documento de andar e o recibo de compra e venda.
Antes de fazer qualquer transação consulte um despachante de sua confiança que vai levantar a “capivara” do veículo.
Certifique-se que a pessoa que você está transferindo a quantia é, de fato, o proprietário daquele veículo.
Ao ser vítima de um golpe, faça o boletim de ocorrência e comunique a rede social ou instituição financeira imediatamente e envie fotos do BO.
Redes sociais, plataformas de internet e instituições financeiras podem ser responsabilizadas, de acordo com o Código de Defesa do Consumidor, em caso de golpes aplicados por esses meios, ainda que não haja culpa direta.
O advogado Matheus Franco, especialista em direito do consumidor, orienta sobre golpes na internet
Reprodução/EPTV
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