Hospital suspende transplantes de pulmão e complica situação de pacientes da região de Ribeirão Preto, SP


Instituição em São José do Rio Preto (SP), que era a mais próxima, cancelou cirurgias até dezembro. O advogado Fabrício Torres foi informado na sexta-feira (23) que procedimento não aconteceria. Pacientes que necessitam transplante de pulmão na região precisam ir até SP
O advogado Fabrício Torres, de 47 anos, de Ribeirão Preto (SP), aguarda por um transplante de pulmão há, pelo menos, dois anos, mas vê o sonho da cirurgia cada vez mais longe.
Nesta segunda-feira (26), ele iria até São José do Rio Preto (SP), no Hospital de Base, referência nesse tipo de tratamento, para finalmente ser incluído na fila do transplante.
No entanto, na sexta-feira (23) a instituição entrou em contato informando que os procedimentos estão suspensas até dezembro.
Hospital ligou e enviou informe via whatsapp para informar sobre a suspensão dos transplantes de pulmão
Reprodução/EPTV
Torres tem deficiência de Alfa 1 Antitripsina, que é uma enzima produzida no fígado para proteger o pulmão. A doença é genética e, conforme o tempo passa, o impede de atividades básicas do dia a dia.
“Coisas cotidianas, hoje em dia, requerem um esforço muito grande. Até mesmo tomar um banho ou fazer uma caminhada. Arrumar a casa, eu não tenho condições”, diz.
Médico do ambulatório de pneumologia do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto, Luís Renato Alves revela que, ao menos, seis pessoas também estão na fila de transplante de pulmão em São José do Rio Preto. Todas elas devem ser prejudicadas com a suspensão.
Em nota, o Hospital de Base informou que realizou 27 transplantes de pulmões em sete anos. O número de cirurgias é considerado baixo, o que inviabiliza a manutenção de toda a estrutura necessária para o procedimento.
A orientação é que pacientes sejam encaminhados para outros lugares. Com a suspensão, agora apenas São Paulo (SP) possui um centro especializado neste tipo de cirurgia.
Em todo o estado, 68 pacientes aguardam na fila por um transplante de pulmão.
Cirurgia complexa
Alves revela que esse tipo de cirurgia é complexo e precisa ser realizado em poucas horas após o órgão ser retirado.
Por isso mesmo, o paciente que vai receber o pulmão precisa estar próximo do local da cirurgia, como era o caso de Torres, que optou por São José do Rio Preto ao invés de São Paulo, quando recebeu a informação de que precisaria de um transplante.
“É uma cirurgia muito grande, que demanda uma estrutura muito grande em termos de hospitais e equipe multiprofissional. Também é uma cirurgia onerosa, então tudo isso faz com que a gente tenha uma demanda de órgãos baixa também”, explica Alves.
Hospital de Base de São José do Rio Preto, SP
Reprodução/TV TEM
Geralmente, diz o médico, o paciente tem até duas horas para chegar ao hospital após a liberação do órgão para transplante.
“Muitas vezes, o órgão, quando é liberado, tem um tempo hábil para que seja feito o transplante. Se o paciente estiver a uma distância muito grande do hospital, vai acabar perdendo o órgão”, diz Alves.
O diagnóstico
O diagnóstico de Torres veio em 2017, quando o advogado buscou atendimento médico após perceber que, mesmo praticando diversos esportes, via seu condicionamento físico piorar ao invés de melhorar.
Ele foi encaminhado para o Hospital das Clínicas, que possui um grupo de estudos sobre a doença, e em 2021 foi indicado para o transplante.
Na época, Torres conta que escolheu a cidade de São José do Rio Preto, uma das poucas no país que realizam transplante de pulmão. “Era mais próximo pra mim e mais prático”.
Advogado de Ribeirão Preto sofre com doença genética que afeta sistema respiratório e vive a base de remédios enquanto aguarda por transplante
Reprodução/EPTV
O advogado começou a fazer acompanhamento no Hospital de Base e, em abril de 2022, foi encaminhado para fazer o protocolo que antecede o transplante. Torres ficou internado, passou por diversos exames e avaliações.
Em janeiro de 2023, foi chamado para passar pelo psiquiatra e descobriu que a demora era por conta de uma possível suspensão do transplante.
Três meses depois, Torres refez todo o protocolo e a internação para o transplante estava programada para esta segunda.
“É muito difícil. Hoje, não dou conta de fazer muitas das coisas que eu fazia, então eu estou me privando da minha vida”, desabafa.
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