Músico que denunciou guardas por extorsão em Ribeirão Preto, SP, é investigado por racismo e suspeito de golpe


Casos aconteceram em Santa Catarina e no litoral de São Paulo, respectivamente. MC Misa nega acusações. Agentes estão presos e defesa diz que vai entrar com HC. Funkeiro que ajudou prender 2 guardas por extorsão é investigado em outros lugares
O funkeiro Misael Rangel da Silva e Souza, de 28 anos, o MC Misa, que denunciou dois guardas civis municipais em Ribeirão Preto (SP) por extorsão na tarde de segunda-feira (31), é investigado em Santa Catarina pelo mesmo crime e também é suspeito de aplicar um golpe em um escritório de advocacia em Santos, litoral de São Paulo. Ele nega as acusações.
Os agentes Rodrigo Francisco Andrade, de 46 anos, e Misael Fernandes da Silva, de 40 anos, tiveram as prisões em flagrante convertidas em preventiva nesta terça-feira (1). (veja mais sobre o assunto abaixo).
MC Misa denunciou guardas municipais por extorsão em Ribeirão Preto, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
A EPTV, afiliada da TV Globo, teve acesso a uma troca de mensagens entre Misa e o influenciador digital Ed Rocha Júnior, de Balneário Camboriú (SC), onde o funkeiro profere ofensas racistas e faz ameaças.
Ed Júnior diz que Misa teria o acusado de extorsão indevidamente.
“Cara, você é preto e pobre. Mora em Balneário Camboriú. Você acha que é fácil ver pessoas como vocês andando e respirando o mesmo ar que eu respiro?”, diz uma das mensagens.
Troca de mensagens mostram MC Misa fazendo ofensas e ameaças a influenciador digital
Reprodução/EPTV
À época, em outra troca de mensagens, Misa teria mandado a foto de um revólver e ameaçado Ed Júnior.
“Acha que eu estou brincando, né? Olha bem para essa coisinha linda”.
MC Misa chegou a ameaçar influenciador com foto de um revólver
Reprodução/EPTV
O funkeiro disse que o caso é mentira. “Isso é fake news, isso não é real. Eu gostaria de falar pra gente focar no que aconteceu ontem [segunda-feira], porque o que aconteceu dez anos atrás não é interessante pra gente hoje”.
Golpe a escritório de advocacia
Em Santos (SP), um escritório de advocacia entrou na Justiça contra o funkeiro por não ter recebido os honorários de um processo.
De acordo com informações a que a EPTV teve acesso, Misa contratou os advogados para cobrar de uma plataforma musical direito de exibição de três músicas.
Ele ganhou a disputa e recebeu R$ 5.342.968,00, mas não teria pagado os honorários do escritório, no valor de R$ 1.068,539,60.
Misa também teria dado um golpe em um escritório de advocacia em Santos, SP, ao ganhar um processo e não pagar os honorários
Reprodução/EPTV
O escritório conseguiu o bloqueio das contas bancárias do funkeiro, mas tinham pouco mais de R$ 300.
A EPTV também teve acesso a uma troca de mensagens com uma das advogadas do caso, onde Misa chega a prometer o pagamento.
Troca de mensagens entre MC Misa e um escritório de advocacia em Santos, SP
Reprodução/EPTV
Sobre este caso, especificamente, MC Misa disse que “não precisa ser falado, porque está sendo resolvido”.
Denúncia e prisão em Ribeirão
Andrade e Silva foram denunciados à Polícia Civil pelo músico na tarde de segunda-feira (31).
De acordo com o boletim de ocorrência, ele contou que os agentes municipais se apresentaram como policiais civis e exigiram o pagamento de R$ 30 mil por causa de uma suposta dívida que ele tinha com outra pessoa e que seria relacionada à produção de um clipe.
Ao tomar conhecimento do caso, o delegado Eduardo Rodrigues Martinez determinou as buscas pelos suspeitos.
O músico informou ainda que os dois guardas ficaram de voltar à casa dele no mesmo dia para buscar R$ 8 mil.
A Polícia Civil montou uma operação com agentes e viaturas descaracterizados no endereço indicado.
No momento em que os guardas chegaram ao local, o músico sinalizou para os policiais, que deram voz de prisão aos dois.
Andrade estava com duas armas de uso permitido. Segundo termo de depoimento de policiais envolvidos na operação, os dois guardas negaram qualquer envolvimento com a denúncia feita pelo músico.
No entanto, diante dos indícios de crime, eles foram presos em flagrante pelos crimes de extorsão e usurpação de função pública.
Advogado de defesa dos guardas, Pedro Assad diz que a denúncia feita por Misa é uma tentativa de inverter a história, uma vez que era ele quem estaria tentando extorquir outras duas pessoas, que teriam, então, pedido ajuda aos agentes.
“Essas pessoas que vieram a ser ouvidas, que produziram essas provas nos autos, mencionam um suposto golpe vindo desse MC Misa. Eles pediram ajuda aos guardas porque, na narrativa deles, eles vinham sendo coagidos por esse MC Misa e, no intuito de ajudar, os guardas acabaram entrando nessa roubada”.
Assad disse que vai entrar com o habeas-corpus para soltar os clientes dele.
“Acredito que eles tenham sido induzidos ao erro. A gente vai entrar com um pedido de habeas-corpus para poder tirá-los [da prisão] e, no futuro, provar a inocência deles”.
Em nota, a Prefeitura de Ribeirão Preto informou que não tolera esse tipo de comportamento e já tomou as medidas necessárias e os dois guardas serão investigados pela Corregedoria do município.
Pedro Assad, advogado de defesa dos guardas municipais suspeitos de extorsão em Ribeirão Preto, SP
Valdinei Malaguti/EPTV
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão e Franca
Vídeos: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

Adicionar aos favoritos o Link permanente.