O que se sabe sobre o médico suspeito de abusar sexualmente de pacientes em Igarapava, SP


Laerte Fogaça Souza Filho, de 57 anos, foi preso na quarta-feira (24) por suspeita de abusar de uma paciente durante consulta. Ele nega acusação. Laerte Fogaça de Souza Filho é suspeito de abuso sexual contra paciente em Igarapava, SP
Reprodução/Câmara dos Vereadores de Ituverava
Na quarta-feira (24), a Polícia Civil prendeu um médico ortopedista em Igarapava (SP) por suspeita de assédio sexual contra uma paciente durante uma consulta.
De acordo com a Polícia Civil, o médico já tinha sido denunciado pelo menos outras duas vezes. Os relatos das vítimas anteriores e o da mulher que denunciou o caso na última semana indicam que o especialista tinha um padrão de abuso, de acordo com o delegado Gabriel Fernando da Silva, que conduz a investigação.
Com a repercussão da prisão do médico, outras mulheres foram às redes sociais e relataram ter sido vítimas de assédio sexual em consultas. Algumas delas já procuraram a Polícia Civil para registrar boletim de ocorrência.
A defesa do médico nega as acusações. Nesta matéria, o g1 mostra o que se sabe sobre o caso.
Quem é o médico?
Do que ele é suspeito?
Quantas denúncias há contra o médico?
O médico foi preso?
O que diz a Unimed sobre as denúncias feitas no Hospital dos Canavieiros?
O médico continua atuando como vereador?
O que diz a defesa do médico?
Quem é o médico?
Laerte Fogaça de Souza Filho, de 57 anos, é médico ortopedista. Ele atendia no Hospital dos Canavieiros em Igarapava (SP) quando foi preso na quarta-feira (24) suspeito de abusar sexualmente de uma paciente.
Além de médico, Fogaça é vereador pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) em Ituverava (SP). Ele foi eleito em 2020 para o primeiro mandato, sendo o segundo candidato mais votado na cidade, com 738 votos.
Maria Damiana Gomes de Almeida diz ter sido vítima do médico Laerte Fogaça Souza Filho em Igarapava, SP
Serginho Oliveira/EPTV
Do que ele é suspeito?
Laerte é suspeito de assédio sexual. A denúncia que o levou a ser preso foi feita por uma paciente de Igarapava após uma consulta no Hospital dos Canavieiros.
A mulher contou à polícia que o ortopedista pediu a ela que se deitasse na maca para examinar a perna direita dela. Após se deitar, ela percebeu que o médico esfregou o pênis ereto nela por três vezes durante o exame.
Além desta vítima, outras duas já tinham registrado boletim de ocorrência contra o médico. As mulheres são de Aramina (SP) e Guaíra (SP), e prestaram queixa em 2020 e 2022, respectivamente.
“Os boletins de ocorrência antigos contra ele têm uma similitude muito grande no modus operandi para praticar os abusos. Isso é um indício de que ele poderia estar praticando esse ato com frequência. É bem parecida a maneira como expõe as vítimas. Sempre tem a maca envolvida, um atrito, uma fricção de genitália que a vítima sempre acha estranho e percebe na hora”, diz o delegado Silva, de Igarapava.
O delegado de Igarapava, SP, Gabriel Fernando da Silva
Serginho Oliveira/EPTV
A cabeleireira Adélia Aparecida Souza da Silva, que fez boletim de ocorrência no ano passado, diz que o médico esfregou o pênis ereto na mão dela durante um atendimento em Guará.
“Deitei e ele começou a passar a mão nas minhas costas e ele colocou a mão na minha nádega. Eu nem sabia mais se eu estava ali mesmo. Foi muito constrangedor. Ele puxou meus braços pra trás, perguntando se doía, eu nem conseguia responder. Ele soltou meu braço e nisso ele ficou na beirada da maca e eu estava de olho fechado. Aí ele começou a esfregar o órgão genital dele na minha mão. Eu levantei, saí da sala e fui embora.”
A cabeleireira Adélia Aparecida Souza da Silva, de Guará, SP, denunciou o médico Laerte Fogaça Souza Filho por assédio sexual
Arquivo pessoal
Quantas denúncias há contra o médico?
Além das primeiras denúncias feitas em 2020 e 2022, e da denúncia registrada em 24 de maio, outras cinco vítimas procuraram a Polícia Civil para registrar queixa por assédio sexual.
Ou seja, até o momento, são oito denúncias registradas em cidades da região de Ribeirão Preto como Aramina, Guaíra e Igarapava.
Médico suspeito abusar de pacientes em Igarapava (SP) é solto
O médico foi preso?
Fogaça foi preso em flagrante pelo crime de violência sexual mediante fraude na quarta-feira passada. De acordo com o advogado do ortopedista, Matheus Queiroz de Souza, Laerte teve um princípio de infarto ao saber da prisão.
Ele foi levado para a Santa Casa de Igarapava, onde passou a noite internado sob escolta. Após ser liberado, ele voltou à delegacia da cidade, onde aguardou pela audiência de custódia que aconteceu na tarde de quinta-feira (29).
A Justiça concedeu liberdade provisória ao médico, mediante pagamento de fiança no valor de R$ 40 mil e cumprimento de medidas cautelares, como a proibição de atender mulheres, salvo em casos de urgência e emergência.
Além dessas medidas, o suspeito não pode se aproximar das vítimas ou de seus familiares; está proibido de manter contato com a vítima ou seus familiares por qualquer meio de comunicação; não pode manter contato com qualquer testemunha ligada à apuração dos fatos e deve comparecer a todos os atos do processo.
O Ministério Público diz que vai recorrer da decisão da Justiça.
O que diz o hospital sobre as denúncias feitas?
Em nota, a Unimed Norte Paulista, responsável pelo Hospital dos Canavieiros, que funciona como ambulatório, informou que abriu sindicância interna para apurar o caso. De acordo com a empresa, o departamento jurídico enviou notificação ao médico e aguarda os esclarecimentos.
“Todos os fatos serão oportunamente averiguados pelos integrantes da comissão e, ao final, será emitido parecer opinativo”, disse.
A Unimed Norte Paulista também informou que está seguindo estritamente a ordem judicial que determina a restrição de atendimento pelo médico em relação às pessoas do gênero feminino, exceto em situações de urgência e emergência.
O médico continua atuando como vereador?
Segundo informações apuradas pela produção da EPTV, afiliada da TV Globo no interior de São Paulo, Laerte não comparece à Câmara desde que as denúncias se tornaram públicas, mas ainda exerce o mandato de vereador.
De acordo com o diretor da Casa de Leis, Edmilson Mendes da Silva, a Câmara dos Vereadores de Ituverava tem uma Comissão de Ética, mas, por enquanto, ela não será acionada.
“As situações estão sendo apuradas e eu acredito que ele pode exercer seu mandato normal”, disse o diretor.
O advogado Ângelo Pessini vê com preocupação a decisão da Câmara. Segundo ele, a conduta do médico indica, em tese, uma quebra de decoro parlamentar, pressuposto indispensável ao exercício de um mandato eletivo.
“A Câmara, desde que provocada, seja através de um ofício da delegacia de polícia ou através de uma denúncia de um munícipe ou de um eleitor, ela deve adotar as providências para apurar se houve ou não a quebra de decoro parlamentar por parte do médico”, defende o advogado.
O que diz a defesa do médico?
A defesa de Fogaça nega que ele tenha cometido os crimes. Souza, advogado do ortopedista, disse em nota que ele é inocente e “desconhece totalmente as imputações que lhe são impostas pelas supostas vítimas.”
Ainda de acordo com a defesa, o médico terá a oportunidade de expor a verdade dos fatos e comprovar sua inocência ao longo do processo.
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