Paciente de Ribeirão Preto, SP, afetado por suspensão de transplantes de pulmão sonha com cirurgia: ‘Aproveitar como antes’


Falta de ar frequente e cansaço excessivo impedem o advogado Fabrício Torres de atividades básicas do dia a dia, como conversar e caminhar. Hospital de Base, em São José do Rio Preto (SP), cancelou cirurgias até dezembro. Pacientes que necessitam transplante de pulmão na região precisam ir até SP
O advogado Fabricio Torres, de 47 anos, tinha uma vida ativa e praticava esportes, mas tudo mudou quando descobriu ter deficiência de Alfa 1 Antitripsina — enzima produzida no fígado para proteger o pulmão.
A doença é genética e, conforme o tempo passa, acaba comprometendo os pulmões e impede a pessoa de fazer atividades básicas do dia a dia, como conversar e caminhar distâncias curtas, por exemplo. O cansaço excessivo é uma das características.
O advogado Fabricio Torres, de Ribeirão Preto, SP, precisa de um transplante de pulmão, mas não consegue entrar na fila
Aurélio Sal/EPTV
Torres descobriu o diagnóstico em 2017, quando buscou atendimento médico após perceber que, mesmo praticando diversas atividades físicas, via o condicionamento físico piorar ao invés de melhorar.
Passou a fazer tratamento no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP) e, em 2021, foi informado de que precisaria de um transplante de pulmão.
“Eu tinha uma vida muito ativa, praticava esportes, fazia muitas atividades e fui perdendo a capacidade. Coisas cotidianas, hoje em dia, requer um esforço muito grande, como tomar banho, fazer uma caminhada, algo desse tipo”.
Torres revela que o ideal seria fazer o transplante enquanto ainda tem saúde para se recuperar.
“Estou me privando da minha vida. Estou tendo uma piora muito gradativa do meu problema respiratório e eu esperava que realmente fosse entrar na fila para poder ser resolvido. Até porque eu espero fazer logo o transplante, porque enquanto ainda estou bom, com saúde, tem uma recuperação mais rápida para poder viver depois, para eu aproveitar realmente a vida como eu aproveitava antes. Mas, infelizmente, não sei quando vai ser e como vai ser também”.
Quando descobriu que precisaria de uma cirurgia, ele foi encaminhado para São José do Rio Preto (SP), no Hospital de Base, distante 205 km.
A instituição é referência nesse tipo de transplante. Por duas vezes, o advogado foi chamado para os exames pré-operatórios, mas a cirurgia foi cancelada. Agora, sequer tem data para acontecer. As cirurgias estão suspensas até dezembro.
Em nota enviada à EPTV, afiliada da TV Globo, o Hospital de Base informou que realizou 27 transplantes de pulmões em sete anos.
O número de cirurgias é considerado baixo, o que inviabiliza a manutenção de toda a estrutura necessária para o procedimento.
Hospital de Rio Preto, SP, ligou e enviou informe via WhatsApp para informar sobre a suspensão dos transplantes de pulmão
Reprodução/EPTV
Torres aguarda uma alternativa. A mais provável é passar a ser atendido em São Paulo (SP), a 315 km de distância.
O problema é que esse tipo de cirurgia é complexo e precisa ser realizado em poucas horas. O paciente que vai receber o pulmão precisa estar próximo do local da cirurgia.
Em todo o estado, 68 pacientes aguardam por uma doação do órgão.
Situação preocupa
Torres toma remédios para controlar a saúde, mas está preocupado com a situação, pois sabe que o transplante é necessário.
“É difícil, né. Eu estou deixando de aproveitar muita coisa na minha vida. Tinha um estilo de vida muito ativo, fazia esportes, fazia mountain bike, gostava de acampar em cachoeiras, sempre fui para a praia, fazia caminhadas. Hoje não dou conta. Tenho que parar, ficar respirando, porque minha saturação cai muito e realmente sinto uma falta de ar muito grande”.
O advogado lamenta não ter o que fazer. Na segunda-feira (26), ele passaria por uma nova preparação para realização da cirurgia, mas na sexta-feira (23) soube que o procedimento tinha sido cancelado.
Nenhum outro hospital na região de Ribeirão Preto faz esse tipo de transplante.
“É triste. A gente fica de mãos atadas. Eu tive que mudar os meus hábitos, era uma pessoa muito hiperativa, fazia as coisas muito rápido, tive que mudar isso para poder me manter respirando, com uma capacidade normal. Hoje em dia, se eu faço uma coisa muito rápido, sinto falta de ar”.
Fabrício Torres, de 47 anos, de Ribeirão Preto, SP, controla doença com remédios, mas precisa de um transplante de pulmão
Aurélio Sal/EPTV
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