Paciente relata assédio de médico preso em Igarapava, SP: ‘Esfregou o órgão genital dele na minha mão’


Cabeleireira passou por atendimento com Laerte Fogaça de Souza Filho em outubro de 2022. Ele chegou a ser preso nesta quarta-feira (24) após denúncia de outra paciente, mas vai responder em liberdade. A cabeleireira Adélia Aparecida Souza da Silva, de Guará, SP, denunciou o médico Laerte Fogaça Souza Filho por assédio sexual
Arquivo pessoal
Em outubro de 2022, a cabeleireira Adélia Aparecida Souza da Silva, de 38 anos, passou por uma consulta médica na Santa Casa de Guará (SP). Ela tinha tendinite em uma das mãos e, no início do atendimento, percebeu que a conduta do ortopedista era inapropriada.
Segundo Adélia, os sinais de que a consulta tinha um propósito sexual por parte do médico Laerte Fogaça de Souza Filho ficaram claros na primeira etapa do exame clínico.
“Ele pediu pra que eu colocasse a mão em cima da mesa pra examinar e olhar. Em seguida, ele pediu pra eu me levantar pra examinar minha coluna. Nisso ele ficou por trás, nas minhas costas, levantou meu cabelo e começou a acariciar meu pescoço. Eu já vi que não estava legal a consulta, fiquei sem reação.”
Adélia diz que o constrangimento piorou quando ele a pediu que se deitasse de bruços na maca do consultório. De acordo com a cabeleireira, Laerte alisou as costas dela, se posicionou e passou a encostar o pênis ereto nela.
“Deitei e ele começou a passar a mão nas minhas costas e ele colocou a mão na minha nádega. Eu nem sabia mais se eu estava ali mesmo. Foi muito constrangedor. Ele puxou meus braços pra trás, perguntando se doía, eu nem conseguia responder. Ele soltou meu braço e nisso ele ficou na beirada da maca e eu estava de olho fechado. Aí ele começou a esfregar o órgão genital dele na minha mão. Eu levantei, saí da sala e fui embora.”
Laerte Fogaça de Souza Filho é suspeito de abuso sexual contra paciente em Igarapava, SP
Reprodução/Câmara dos Vereadores de Ituverava
Coragem para denunciar
Apesar do medo, Adélia encontrou coragem para contar o que tinha acontecido à irmã e à filha. Ela também relatou o caso a um médico amigo dela e a uma cliente advogada.
Cerca de dois dias depois, indignada, Adélia criou coragem e voltou à Santa Casa. Com a câmera do celular ligada, entrou no consultório de Laerte e passou a questioná-lo. Ela disse ao médico que o assédio praticado por ele não ficaria impune.
“Eu perguntei na cara dele se ele lembrava de mim. Ele disse que sim, mas negou o ato dele. Eu filmei, fiz o vídeo com a cara dele e disse que ia procurar meus direitos.”
Alívio com prisão
A cabeleireira registrou um boletim de ocorrência, mas, segundo ela, foi orientada na delegacia de que seria preciso relatos de mais vítimas para que a investigação fosse adiante. A sensação foi de frustração.
Nesta quarta-feira (24), Adélia comemorou ao saber da prisão do médico após uma paciente de Igarapava (SP) ir à polícia para denunciar situação semelhante à que ela passou há sete meses em Guará.
“Quando eu vi que ontem ele foi preso, foi uma sensação de alívio. Eu gostaria de agradecer esse delegado de Igarapava que deu ouvido a essa vítima, ele acreditou nela. A gente precisa disso, levar a prisão a esse criminoso.”
O boletim de ocorrência registrado por Adélia no ano passado, inclusive serviu de apoio para a determinação da prisão em flagrante pelo delegado Gabriel Fernando da Silva. Além de Adélia, uma jovem de 19 anos, moradora de Aramina (SP), já tinha denunciado o médico por assédio em 2020.
“Que uma mulher ao chegar na delegacia, que venha a ser ouvida, mas venha a ser ouvida de verdade. Eu achei que não ia virar nada, que meu boletim ia ficar na gaveta, ia fazer aniversário, pronto e acabou. Mas, graças a Deus, teve alguém que ouviu essa outra vítima e fez algo”, afirma Adélia.
Liberdade provisória
Nesta quinta-feira (25), Laerte, que também é vereador na Câmara Municipal de Ituverava (SP), passou por audiência de custódia e obteve liberdade provisória na Justiça. Ele está proibido de se aproximar ou de manter contato com as vítimas e com testemunhas e também não pode consultar mulheres.
O advogado de Laerte, Matheus Queiroz de Souza, nega que o médico tenha praticado os crimes.
“O acusado é inocente e desconhece totalmente as imputações que lhe são impostas pelas supostas vítimas. No decorrer da instrução processual, o Dr. Laerte terá a oportunidade de expor a verdade dos fatos e, ao mesmo tempo, comprovar a sua inocência. Cumpre ressaltar que o Dr. Laerte possui conduta irrepreensível na vida pública e privada, bem como no atendimento aos pacientes e convívio com colaboradores.”
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