Pacientes que perderam visão em mutirão em São Joaquim da Barra aguardam indenização cinco anos após cirurgia de catarata


Caso aconteceu em julho de 2019, mas veio à tona após mutirão realizado em Taquaritinga, onde 12 pessoas ficaram totalmente ou parcialmente cegas. Há pelo menos cinco anos, quatro pessoas de Cristais Paulista (SP) que passaram por um mutirão de cirurgia de catarata em São Joaquim da Barra (SP) aguardam indenização após perderem a visão durante o procedimento.
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O caso só veio à tona nesta semana, após 12 pacientes ficarem totalmente ou parcialmente cegos em um mutirão realizado em Taquaritinga (SP) em outubro do ano passado.
Na terça-feira (11), o Grupo Santa Casa admitiu que a equipe médica inverteu uso de substâncias na cirurgia.
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O que se sabe sobre o caso dos 12 pacientes que perderam a visão após mutirão de cirurgia de catarata no interior de SP
O processo que tramita na Justiça desde 2019 teve uma nova movimentação na semana passada, quando o juiz Luiz Felipe Andrade Otoni determinou um perito para avaliar o caso. A perícia ainda não foi agendada.
Josefa Batista de Oliveira perdeu o globo ocular após mutirão de cirurgia de catarata em São Joaquim da Barra, SP
Jefferson Neves/EPTV
À EPTV, afiliada da TV Globo, o advogado Alírio Aimola Carriço, que representa os envolvidos, disse que teme que o resultado seja inconclusivo por conta da demora na avaliação.
Ele entrou com um pedido de danos morais, materiais e pensão mensal vitalícia aos quatro pacientes afetados pela perda da visão. Segundo Carriço, os prontuários e laudos médicos feitos à época apontaram para a possível presença de uma bactéria ou um remédio contaminado utilizado no pós-operatório.
“A Justiça quer uma perícia que aponte que era aquilo, só que, passados cinco anos, será que o perito vai detectar que era uma bactéria causada por um remédio que estava contaminado?”
Ainda segundo o advogado, desde o início do processo, houve problema no agendamento de perícia.
“Uma hora era pra fazer perícia no Imesc e não tinha agenda. Outra hora era pra fazer perícia em São Joaquim da Barra, não tinha perito. Aí vai pra Franca, não tem perito, volta pro Imesc. Acontece que são pessoas idosas, pessoas carentes, que não tem disponibilidade para se locomover da forma que a Justiça precisa. Todos os laudos médicos, prontuários médicos apontam que houve lesão grave”.
O mutirão para cirurgia de catarata em São Joaquim da Barra foi feito pela Santa Casa da cidade, no dia 12 de julho de 2019. Segundo consta no processo, os pacientes foram selecionados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) de Cristais Paulista.
Procurada pela EPTV, a instituição não retornou os contatos até a publicação desta reportagem.
Paciente desenvolveu síndrome do pânico
A aposentada Josefa Batista de Oliveira, de 77 anos, perdeu o globo ocular após o mutirão em São Joaquim da Barra, em 2019.
Desde então, ela desenvolveu síndrome do pânico e passou a usar óculos escuros o tempo inteiro, em ambientes abertos ou fechados.
“Eu tenho vergonha de sair [de casa], porque muda tudo. Vou ali na missa, mas, pra mim, todo mundo está olhando eu com esses óculos. Não é fácil, não”.
Adilton Soares Batista e a mãe, Josefa Batista de Oliveira, que perdeu o globo ocular após mutirão de catarata em São Joaquim da Barra, SP
Jefferson Neves/EPTV
Filho dela, o técnico de enfermagem Adilton Soares Batista diz que a rotina da família foi completamente transformada e a mãe, que sempre foi bastante ativa, já não consegue ficar sozinha.
“A gente acaba notando que isso a afetou tanto física como psicologicamente. Ela tem síndrome do pânico, não fica sozinha, não deseja sair de casa nem para um simples passeio, vai somente ali para comprar um pão ou coisa simples, mas sempre de óculos. Essa explicação [do que houve com a mãe] está sem resposta desde 2019”.
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