Pai se torna doador de sangue após ver a filha precisar de transfusão em Cravinhos, SP


Lívia, hoje com 3 anos, precisou de sangue quando nasceu, o que fez com que o vendedor Altair Ezequiel entendesse a necessidade do ato e passasse a doar regularmente. Altair Ezequiel, de Cravinhos (SP), passou a ser doador regular após a filha Lívia precisar de sangue
Marcel Reis Fotografia/Arquivo pessoal
Foi quando a filha Lívia precisou de sangue que o vendedor Altair Ezequiel da Silva, de 39 anos, de Cravinhos (SP), viu de perto como um doador pode mudar a vida de uma família inteira e se deu conta da importância do gesto.
Por causa da bebê, hoje com 3 anos, Silva sentiu necessidade de ajudar mais gente e passou a doar também. Hoje ele é doador regular de sangue.
“Eu fui pela dor. É uma coisa tão simples e rápida e você salva vidas. A gente é saudável, tem tempo para tudo e, depois que minha filha ficou doente, senti na pele de verdade. Hoje falo para todo mundo que é o gesto mais maravilhoso que você pode fazer. Não interessa raça, classe, você está ali para salvar vidas”.
O vendedor conta que a mulher dele, Daiane, engravidou de gêmeas em 2020. Os dois já eram pais de Kaique [hoje com 6 anos] quando passaram por um aborto espontâneo em 2018 e a gravidez das meninas, que veio dois anos depois, precisou ser acompanhada de perto.
No dia do parto, faltou oxigênio para Lívia e ela teve de ir direto para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
“A Kiara nasceu normal, mas a Lívia teve um monte de problema. Passei quase dois anos na UTI por causa da minha filha, ela foi intubada seis vezes, tinha muita crise convulsiva, mas superou. Minha filha, hoje, é mais que especial, é perfeita”, diz.
Enquanto esteve internada, Lívia precisou de transfusões de sangue e Silva mobilizou amigos e familiares em uma corrente de bem que nem ele imaginava que chegaria tão longe.
“Até hoje, não sei a quantidade correta de pessoas que foram doar. Ainda encontro gente na rua que não conheço, porque são amigos de amigos, que me diz ‘como está sua filha, fui doar sangue pra ela’. Falo pra todo mundo sempre que tenho oportunidade, porque muita gente tem medo. Quando olho pra minha filha, sem dúvida nenhuma, lembro de quem ajudou. Não vou deixar de doar nunca”.
Nesta quarta-feira (14) é comemorado o Dia Mundial do Doador de Sangue. Ao doar, uma pessoa pode salvar até quatro vidas.
Altair Ezequiel, de Cravinhos (SP), com a mulher Daiane e os filhos Kaique, Kiara e Lívia: doar sangue é um gesto de amor
Marcel Reis Fotografia/Arquivo Pessoal
Brasileiro não tem hábito de doar sangue
Uma pesquisa da Abbott, empresa de cuidados para a saúde, sobre o perfil do doador de sangue no Brasil mostra que 48% das pessoas não tem o hábito de doar sangue.
Outras 23% doam apenas quando alguém da família ou algum conhecido precisa. É este fato, inclusive, que chama mais atenção.
Isso porque, ainda segundo a pesquisa, muitos brasileiros só se mobilizam diante de desastres ou acontecimentos que gerem comoção pública, algo que Micheli Caligioni, captadora de doadores no GSH Banco de Sangue de Ribeirão Preto (SP), costuma ver de perto.
“Quando tem paciente precisando, é o empurrãozinho que a pessoa precisa para fazer a doação. Muitas pessoas, vendo de perto como funciona o processo, passaram a ser doadoras depois que um parente precisou”.
No Banco de Sangue de Ribeirão, segundo Micheli, pelo menos de 30% a 40% do movimento é de doadores de reposição [quando alguém procura o local para doar em nome de alguém que esteja precisando].
“Alguns meses, fica próxima de 50%. Outros, que não tem paciente que gere tanta comoção, fica menor. Mas, pelo menos, de 30% a 40% do nosso movimento é de doadores de reposição”, afirma a captadora.
Medo de agulhas
A pesquisa também aponta os motivos que fazem o brasileiro não doar sangue e coloca o medo de agulha entre os principais. Micheli também confirma que é o que acontece no Banco de Sangue de Ribeirão.
“O medo da agulha é real, as pessoas têm, realmente, muito medo. Na doação de sangue, todo mundo fala da agulha ser calibrosa, mais grossa, as pessoas chegam trazendo esse medo e, quando doam e veem que é muito mais simples do que imaginavam, que a dor não é diferente, a gente percebe eles retornando para doar”.
No Hemocentro de Ribeirão Preto, o medo de agulha é o motivo para 21,6% das pessoas não doarem sangue, de acordo com uma enquete realizada recentemente entre usuários das redes sociais da instituição.
O levantamento do Hemocentro ainda aponta outros resultados curiosos:
40,5% nunca doou por falta de tempo
18% nunca doou por medo de desconforto
14,4% nunca pensou em doar
Distância do centro de coleta também é motivo para não doar
Além do medo de agulha, também chama a atenção na pesquisa da Abbott que se o centro de coleta for muito longe da residência de um potencial doador, pode fazer com que ele opte por não doar. Outra preocupação é que muitos deles não sabem para onde vai o sangue quando é retirado.
Segundo Micheli, estes dois fatores também refletem a realidade dos doadores da região de Ribeirão Preto.
Por isso mesmo que o doador que procura o Bando de Sangue na cidade tem direito a transporte até o local da doação. A pessoa também é avisada quando a bolsa dele é utilizada.
“A gente entra em contato por mensagem para lembrar o doador do prazo para uma nova doação e quando estamos precisando muito do tipo sanguíneo dele. Nas nossas mensagens, a gente sempre coloca que se a pessoa precisar de transporte [para ir até o local] é só entrar em contato e temos um voucher para os doadores”.
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