‘Saí do entusiasmo para a decepção’, diz cliente de Ribeirão Preto, SP, que teve pacotes cancelados pela 123 Milhas


Delber de Oliveira Figueiredo viajaria com a irmã nos meses de setembro e dezembro, mas foi uma das pessoas lesadas pela suspensão de viagens promocionais da empresa. Pelo menos outras 30 pessoas na cidade também podem ter sido prejudicadas com medida. O gerente de produtos Delber de Oliveira Figueiredo, de Ribeirão Preto (SP), teve dois pacotes cancelados pela 123 Milhas
José Augusto Junior/EPTV
A frustração está nos olhos do gerente de produtos Delber de Oliveira Figueiredo, de Ribeirão Preto (SP).
Ele e a irmã estavam com uma viagem marcada para o fim de setembro para o Rio de Janeiro (RJ) e também viajariam na primeira semana de dezembro para Fortaleza (CE), mas viram os planos mudarem completamente após a agência de viagens 123 Milhas cancelar os pacotes promocionais na semana passada.
Receba no WhatsApp notícias da região de Ribeirão e Franca
Só no último fim de semana, o órgão de defesa do consumidor de São Paulo (Procon-SP) registrou mil reclamações relacionadas à empresa. Em todo o mês de julho, o número de registros foi de 247.
“Saí do entusiasmo de 100% para uma decepção de 200%. A gente já fica procurando lugar pra visitar, imaginando as fotos, vendo poses instagramáveis, toda aquela questão que envolve uma viagem em conjunto e, quando surgiu o e-mail, a forma como eles fizeram, [disponibilizando] um voucher, você fica obrigado a gastar com eles. A empresa acabou de te lesar e você é obrigado a continuar preso para fazer a viagem”, diz Delber.
No dia 18 de agosto, a 123 Milhas anunciou a suspensão de pacotes, afetando viagens já contratadas da linha “Promo”, de datas flexíveis, com embarques previstos de setembro a dezembro de 2023.
A empresa está oferecendo vouchers parcelados no valor da compra, mais uma correção de 150% do CDI, mas os cupons só podem ser usados uma vez a cada compra, o que não cobre os gastos que muitos clientes tiveram com as viagens.
Em Ribeirão Preto (SP), pelo menos 30 pessoas foram lesadas, de acordo com a advogada Isadora Valochi.
Ela explica que é possível entrar com uma ação por danos morais contra a empresa pelo não cumprimento da oferta oferecida.
“A partir do momento que você faz uma compra e não tem a oferta cumprida, o mínimo que você pode ter é seu dinheiro ressarcido e não um voucher para você gastar na mesma empresa que te lesou. Então, se você se sentiu lesado de qualquer forma, você pode pedir os danos morais. Inclusive pelo não cumprimento da oferta, podendo aí, dependendo do caso, se caracterizar até uma propaganda enganosa”.
Entrar com um processo judicial contra a 123 Milhas é um caminho que muitos clientes afetados pelo cancelamento têm buscado.
Na Paraíba, a Justiça determinou que a empresa emita as passagens aéreas de uma cliente dentro de 48 horas.
Em Ribeirão, Delber tenta entender o que pode ser feito a partir de agora e também deve acionar a Justiça para ressarcimento.
“A gente foi surpreendido com essa notícia na semana passada e aí, todos os planos voaram, mas a gente, não. Para o Rio de Janeiro, o hotel que a gente reservou não tem reembolso. Se a gente não conseguir com que a 123 Milhas cumpra a oferta, a gente perde o valor do hotel também. Para Fortaleza, a gente consegue solicitar esse reembolso, mas, até esse momento, como a empresa não teve uma informação justa, a gente fica nesse meio termo, de o que fazer”.
Pacotes mais caros
Com o cancelamento do pacote por parte da 123 Milhas, Delber tem procurado outras formas para garantir que a viagem aconteça e passou a monitorar valores de passagens aéreas para a data estimada.
Mas, segundo ele, os preços estão até 120% mais caros.
“A oferta está muito mais cara que o normal, coisa de 120% a mais. A gente está dando uma olhada, também procurou auxílio jurídico para entender até onde vai o nosso direito, o que a gente pode fazer, o que a gente espera ou não”.
Passagens aéreas estão 120% mais caras, segundo gerente de produtos Delber de Oliveira Figueiredo
José Augusto Junior/EPTV
Ministério do Turismo analisa modelo de negócio da empresa
Na terça-feira (22), o ministro do Turismo, Celso Sabino, afirmou que o governo federal está analisando o “modelo de negócios” de empresas que trabalham com a gestão de milhas acumuladas por passageiros, caso da 123 Milhas.
De acordo com Sabino, órgãos de defesa do consumidor e varas especializadas nos estados atuarão para garantir que os consumidores tenham a possibilidade de receber o ressarcimento em dinheiro.
Veja mais notícias da região no g1 Ribeirão Preto e Franca
VÍDEOS: Tudo sobre Ribeirão Preto, Franca e região

Adicionar aos favoritos o Link permanente.