Servidores aposentados de Taquaritinga, SP, reclamam que estão sem receber da prefeitura

Administração rebate e diz que não há dinheiro no caixa. Situação afetou também Santa Casa da cidade, que cancelou o agendamento das cirurgias eletivas. Servidores aposentados de Taquaritinga, SP, estão sem receber
Servidores municipais aposentados de Taquaritinga (SP) estão sem receber da prefeitura. Ao todo, 855 aposentados e pensionistas que contribuíram com o Instituto de Previdência do Servidor Municipal (Ipremt) reclamam da falta de pagamento, mas o prefeito Vanderlei José Mársico diz que não há dinheiro no caixa.
Além dos aposentados, a situação afetou também a Santa Casa da cidade, que cancelou o agendamento das cirurgias eletivas e de alguns exames.
Jucélia dos Santos trabalhou como servidora por 28 anos e se aposentou. Ela mora sozinha e depende do benefício para pagar as contas e se alimentar. Sem dinheiro, fica preocupada.
“Eu sou o tipo de pessoa que perco o sono, durmo um pouco, acordo, e aquilo fica na minha cabeça. E eu choro”.
Segundo ela, a aposentadoria tem atrasado todo mês. O pagamento de julho foi feito no dia 22, quando deveria ter acontecido na primeira semana do mês. Os boletos acabam sendo pagos com atraso.
“E eu não tenho com quem dividir essas contas, então sou eu ou eu”.
Segundo o aposentado Marco Tafuri, muitas vezes, os pagamentos são feitos com dinheiro do instituto.
“Isso causa uma insegurança muito grande, porque chegou em um limite que esse dinheiro que tem que ter em caixa no Ipremt, não pode passar de um limite, sob risco de entrar em extinção. Aí é uma insegurança muito grande, como o aposentado vai se virar”.
Atraso deixa aposentados indignados
A aposentada Valdívia Morano se revolta e diz que sente como se fosse um peso para a cidade.
“Temos pessoas acamadas, temos casais que são aposentados, que de onde eles vão tirar a renda? Eles dependem disso. Precisa pagar aluguel, precisa pagar farmácia, precisa pagar mercado e como é que faz? Fica parecendo que somos um peso. Não somos um peso, ajudamos a construir essa cidade”.
Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, Maria Angélica Tiossi Boer diz que a aposentadoria, muitas vezes, é a principal fonte de renda de algumas famílias.
“Passamos por uma fase muito difícil esses dias, fazendo cesta básica. Você sofre junto com o servidor e hoje você não faz parte da prefeitura, mas você tem uma previdência que pagou o ano todo para que possa ter essa volta desse dinheiro. Descemos ao Ministério Público, fizemos nossas denúncias e estamos protocolando uma ação para que se torne judicial”.
O que diz a prefeitura
Prefeito de Taquaritinga, Vanderlei José Mársico justifica que o atraso na aposentadoria é por causa dos precatórios, que são dívidas que estão na Justiça.
“Tínhamos um estoque de precatórios por volta de R$ 20 milhões. Em um primeiro momento, foi para R$ 86 milhões, questionamos alguns valores, caiu para R$ 66 milhões, e houve um atraso desses precatórios durante a época da pandemia. O departamento de precatório resolveu cobrar esse atraso à vista e, como a prefeitura não tinha condições de pagar, vem sofrendo sucessivos bloqueios”.
A alternativa, diz o prefeito, foi diminuir o repasse para o instituto da previdência.
“Não tínhamos caixa para passar os R$ 3 milhões que o Ipremt precisava para esse mês no total. Acabamos passando R$ 1,3 milhão”.
Santa Casa também foi afetada
A saúde pública também sentiu as consequências da falta de repasses. Desde o dia 19 de julho, a Santa Casa não agenda mais cirurgias eletivas (que não são de urgência).
A diretoria explicou que os repasses do Sistema Único de Saúde (SUS) chegam a R$ 2 milhões por mês e, como a prefeitura não fez o pagamento, a alternativa foi suspender parte do atendimento médico.
A aposentada Silvana Aparecida espera uma solução imediata. Ela foi funcionária municipal por muitos anos e agora faz tratamento para a saúde em Barretos (SP). O benefício que ela tem direito é essencial.
“A gente já tem uma saúde frágil, eu acho que, para nós, passar por essas situações não é bom. Acho que a gente teria de ser poupado de tudo isso”.
O prefeito disse que pagou R$ 600 mil para a Santa Casa, mas a instituição disse que o valor repassado não resolve o problema.
O hospital disse ainda que notificou o MP sobre a suspensão dos agendamentos e aguarda o dinheiro para retomar o serviço.
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