Terapia celular pode ser a próxima fronteira no tratamento do câncer, diz Dimas Covas


Coordenador do Centro de Terapia Celular e do Núcleo de Terapia Celular Avançada do Hemocentro de Ribeirão Preto (SP) fala sobre descoberta revolucionária. Segundo ele, dos 13 pacientes tratados, oito estão em remissão e respondem bem. Núcleo de Terapia Celular Avançada, em Ribeirão Preto, SP, é responsável pela pesquisa e produção em larga escala de Células CAR-T
Sérgio Oliveira/EPTV
A remissão completa de um paciente de 61 anos após um mês sendo tratado por meio da terapia celular CAR-T Cell pode ser a próxima fronteira no tratamento do câncer, segundo Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular (CTC) e do Núcleo de Terapia Celular Avançada do Hemocentro de Ribeirão Preto (SP).
“No mundo todo existem muitas pesquisas e nós aqui também temos pesquisas para tratar outros tipos de câncer, inclusive cânceres que a gente chama de sólidos, câncer de mama, de estômago, de intestino. Então, na minha opinião, esse tipo de terapia será a próxima fronteira no tratamento do câncer, um tratamento revolucionário que tem grandes chances de curar”, diz.
Desenvolvida pela Universidade de São Paulo (USP) em parceria com o Instituto Butantan e o Hemocentro de Ribeirão Preto, a terapia é estudada desde 2014 para dois tipos de câncer: leucemia linfóide aguda (leucemia linfoblástica B) e linfoma de células B (infoma não Hodgkin de células B).
Treze pacientes foram tratados com o CAR-T Cell com verbas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), e todos tiveram remissão de ao menos 60% dos tumores. A recuperação foi no Sistema Único de Saúde (SUS).
Oito deles, inclusive, estão em remissão e passam bem, ainda segundo Covas. A ideia, agora, é começar um estudo clínico com 75 pessoas a partir do segundo semestre.
“Vamos incluir pacientes que precisam ser tratados e, para isso, vamos precisar de recurso, de apoio. Vamos tratar, pelo menos, 75 pacientes e queremos que esses pacientes sejam atendidos muito rapidamente. Para isso, precisamos de apoio financeiro, inclusive”.
Ainda segundo o coordenador, os custos podem chegar a R$ 80 milhões.
“É um desenvolvimento absolutamente nacional, começamos a pesquisa em 2014 e vamos evoluir. Temos outras terapias em andamento sendo desenvolvidas e esperamos, com isso, dar uma grande contribuição ao país”.
Remissão completa em um mês
Primeiro paciente a ter remissão completa de um linfoma, Paulo Peregrino lutava contra o câncer há 13 anos e estava prestes a receber cuidados paliativos quando, em abril deste ano, foi submetido ao tratamento desenvolvido pelo CTC em parceria com o Nutera. Em um mês, ele foi curado.
“Como é um tratamento muito efetivo, você tira pacientes da fila de pacientes graves, evita internações, evita complicações, e devolve a esperança de vida”, aponta Covas.
O tratamento revolucionário consiste em combater a doença utilizando as próprias células de defesa do paciente, como explica o coordenador.
“Começa com as próprias células de defesa do paciente. Nós retiramos essas células, chamadas de linfócitos, levamos essa célula para o laboratório, modificamos geneticamente, alteramos o DNA e, na sequência, multiplicamos essas células em milhões e milhões e milhões, e aí nós temos o produto, que vai ser reinjetado no paciente”.
Covas explica ainda que as células modificadas em laboratório foram ‘educadas’, especificamente, para reconhecer o câncer.
“Elas entram na circulação e vão, ativamente, localizar onde estão os tumores. Ali, encontrando o tumor, porque ela tem esse receptor como um ‘radar’, ela destrói o tumor. Por isso que a resposta é muito rápida, em duas, três semanas, quatro semanas o câncer desaparece”.
Autoterapia
De acordo com Dimas Covas, o tratamento pode ser considerado uma autoterapia, porque são as células do próprio paciente que são modificadas para tratar o câncer que ele possui.
Treze pessoas participaram do tratamento, oito delas, ainda de acordo com Covas, estão em remissão e passam bem.
“Isso é um resultado excepcional, considerando que esses pacientes foram tratados em um esquema compassivo, ou seja, não havia mais tratamento disponível para o tipo de câncer deles. O paciente teve o diagnóstico, tratou em uma primeira linha, em uma segunda, em uma terceira linha de tratamento e não respondeu. Então só sobrou a esses pacientes esse tipo de terapia [celular]”.
Dimas Covas, coordenador do Centro de Terapia Celular (CEPID-USP) e do Núcleo de Terapia Celular do Hemocentro de Ribeirão Preto, SP
Sérgio Oliveira/EPTV
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