Veja o que são biodefensivos agrícolas e como são usados nas lavouras


Mercado biológico movimentou R$ 4,3 bilhões na safra 2021/2022 e estima-se crescimento de 30,6% para a safra 2022/2023, segundo levantamento de consultoria. Agricultores recorrem a controles biológicos para combater pragas em lavouras
Getty Images via BBC
Alternativa sustentável para a produção de alimentos, os biodefensivos agrícolas são produtos desenvolvidos através de um micro ou macro-organismo, ou seja, um ativo biológico, para atuar no controle de pragas e doenças que podem prejudicar o plantio, seja ele de qualquer espécie.
A aplicação de biodefensivos tem crescido no país e movimentado cifras bilionárias ano após ano. Culturas como soja, cana-de-açúcar e milho representam 75% do mercado de produtos biológicos no Brasil.
“O biodefensivo é uma alternativa sustentável para o meio ambiente. O processo de produção é limpo, não gera resíduos, então ele é sustentável desde a produção até o momento da aplicação dele no campo. Eles podem ser usados em qualquer tipo de cultura que tenha o alvo biológico determinado, não têm restrição. Vale desde a plantinha na casa da mãe até grandes produções”, afirma Noemi Cozentino, bióloga da Biocross Brasil.
A empresa é uma das expositoras da Agrishow, a maior feira de tecnologia para o agronegócio, que começa nesta segunda-feira (1º) e vai até sexta-feira (5) em Ribeirão Preto (SP).
Um levantamento feito pela consultoria Blink Projetos Estratégicos aponta que o mercado biológico na safra 2021/2022 movimentou aproximadamente R$ 4,3 bilhões, somando as mais diversas culturas e considerando tanto os biológicos comerciais quanto os produzidos em fazendas, conhecidos como on farm.
Para a safra 2022/2023, estima-se um crescimento desse mercado para aproximadamente R$ 5,6 bilhões. Os números futuros são ainda mais promissores, sendo que a estimativa para a safra 2026/2027 é superar os R$ 7,1 bilhões.
Diferentemente dos defensivos químicos, os biológicos são seletivos, isso significa que eles atuam apenas para o controle específico de uma praga, sem causar nenhum dano ou prejuízo para qualquer outra espécie de ser vivo que possa existir na lavoura, explica Noemi.
“O defensivo biológico atua no campo apenas para controlar a praga específica em questão que o produto foi desenvolvido. Mesmo que uma abelha, por exemplo, venha a ser atingida pelo produto, ele não vai ser capaz de matá-la, então essa seletividade é de extrema importância porque assim outros organismos vivos não são prejudicados e a natureza segue o seu curso”, diz Noemi.
Existem dois tipos de biodefensivos: macrobiológicos e microbiológicos. O macro está relacionado ao uso de organismos macroscópicos. Por exemplo, a vespa é utilizada no controle biológico.
Ela deposita os ovos dela nos ovos de outro inseto no campo e quando acontece a eclosão do ovo, a larva entra e “come” a outra que, no caso, seria a praga. Essa técnica muitas vezes é utilizada no plantio da cana-de-açúcar.
Já os biodenfensivos microbiológicos são os fungos e as bactérias.
Apesar dos inúmeros benefícios que o defensivo biológico possui, atualmente não é possível controlar as doenças no campo apenas com esse produto.
“Não existem biodefensivos suficientes registrados, então muitas vezes o defensivo biológico atua em parceria com o defensivo químico, um acaba complementando o outro. É uma questão de entender o que está acontecendo na lavoura, se a infestação estiver muito alta, o indicado é usar primeiro o químico para reduzir e depois continuar o controle apenas com o biológico”, explica a bióloga da Biocross.
Ainda segundo Noemi, o uso do produto biológico, atualmente, é mais fácil para o grande produtor porque os grandes conseguem se planejar com as safras, ao contrário da agricultura familiar.
“Como é um produto que não tem vida útil muito longa, o pequeno produtor acaba não encontrando nas prateleiras para comprar, já o grande produtor se planeja e faz a encomenda antecipada. Em termos de custo, geralmente o defensivo biológico é mais barato que os químicos. A proposta é que ele seja competitivo no mercado para estimular a substituição do químico.”
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