Vítima de golpe em Ribeirão Preto, mãe chora ao ficar sem dinheiro de venda para presente do filho


Fiscal de caixa anunciou videogame usado em site para conseguir dinheiro e comprar um novo para o menino. Golpista não só não pagou, como ainda levou aparelho e recebeu R$ 356 da vítima. Polícia Civil investiga golpe em sites de vendas em Ribeirão Preto, SP
Moradora de Ribeirão Preto (SP), a fiscal de caixa Karine Baltazar da Silva tentava vender o videogame do filho para conseguir dinheiro e dar um novo aparelho ao filho. Ela anunciou o produto em um site de vendas, recebeu o comprovante da transação feita pelo comprador e entregou o objeto. Mas os R$ 1,8 mil que deveriam ter sido depositados nunca caíram na conta.
Só depois de ser bloqueada pelo comprador é que Karine se deu conta de que tinha caído em um golpe.
“É muito triste você comprar um bem, pagar parcelado e ver ele ser levado por um golpe. Eu me sinto inútil. Eu perdi algo que é do meu filho, dói muito. Eu estava tentando fazer um bem pra ele, porque ele estava me pedindo [um novo] faz tempo”, desabafa a vítima.
Um boletim de ocorrência foi registrado na Polícia Civil. O suspeito não foi identificado.
A fiscal de caixa Karine Baltazar da Silva perdeu R$ 2,1 mil ao cair em golpe tentando vender videogame
Carlos Trinca/EPTV
Negociação
A fiscal de caixa conta que fez o anúncio do videogame na plataforma de vendas on-line na segunda-feira (22). Segundo ela, um jovem entrou em contato e se mostrou interessado pelo equipamento. Por meio de um aplicativo de mensagens, eles fecharam negócio e o comprador enviou um comprovante de pagamento.
Como Karine era iniciante na plataforma, confiou nas instruções dadas pelo comprador.
“Como eu nunca tinha feito, eu falei tudo bem, você vai me explicando como funciona e assim foi feito. Ele mandou o comprovante do pagamento como se tivesse feito e falou que ia mandar um carro de aplicativo para retirar o videogame. Quando ele avaliasse lá, ia chegar pra mim o pagamento”, diz.
Conversa entre Karine e o golpista e o comprovante enviado a ela para falsa compra de videogame em Ribeirão Preto, SP
Reprodução/EPTV

Karine entregou o videogame ao motorista de um carro de aplicativo enviado pelo golpista. Em seguida, recebeu um e-mail que seria da plataforma de vendas solicitando o pagamento de uma taxa de R$ 363 pelo serviço.
Acreditando na cobrança, a fiscal realizou um Pix para a chave enviada, confiando que o valor seria estornado. Em seguida, ao chamar o comprador para verificar se estava tudo certo, foi bloqueada e não conseguiu mais contato.
“Aí eu pensei: caí num golpe. Fiquei muito chateada, comecei a chorar bastante. Não acreditava que era golpe. Eu puxei o nome, vi que era de Ribeirão Preto. Eu confiei que estava sendo vendido pela plataforma, que estava sendo vendido certo, só que era tudo ele que estava enviando via e-mail”, diz.
Karine mostra tela enviada pelo golpista confirmando entrega do videogame e pagamento de taxa
Carlos Trinca/EPTV
Nome falso usado
A frustração de Karine foi maior ainda quando ela descobriu que o golpista usava a identidade de uma pessoa que também tinha sido vítima.
Ao procurar o rapaz pelas redes sociais, ela acabou conseguindo o contato dele. O jovem, que tem 23 anos, contou que os dados dele estão sendo usados pelos golpistas para lesar outras pessoas.
A EPTV, afiliada da TV Globo, conseguiu localizar o jovem. Com medo de mostrar o rosto, ele afirmou que também perdeu um videogame do mesmo jeito que Karine, mas no ano passado. Ele diz que enviou uma foto do próprio documento para os golpistas e que essa imagem está sendo usada em novos crimes.
“Após esse ocorrido, muita gente veio me procurar, disseram que tem gente se passando por mim, dando golpe nas pessoas. Porém, eu não tenho nada a ver com isso. Não sou eu. Já veio gente me ameaçar, ameaçar em casa, quebrar minhas coisas, me roubar”, diz o jovem, que prefere não se identificar.
Ele também fez boletim de ocorrência para denunciar o uso da identidade dele.
O delegado da Polícia Civil em Ribeirão Preto, SP, Kleber de Oliveira Granja
Cacá Trovó/EPTV
Investigação
A polícia investiga os dois casos. Segundo o c, após identificarem o crime, as vítimas precisam reunir o maior número possível de elementos que possam auxiliar a apuração.
“É a necessidade urgente de que a vítima guarde, reserve, proteja o maior número de dados possíveis da negociação. Todos esses dados são importantes porque em uma metodologia extraordinária de investigação, nós conseguimos fazer uma varredura com uma quebra de sigilo telemático e telefônico para identificar a geolocalização do autor e colocá-lo nessa cena de crime”, afirma Granja.
Ainda chateada com a situação, Karine espera conseguir comprar o presente do filho. “Ele falou, ‘mãe, fica tranquila, porque a gente vai conseguir outro, fica em paz’. Mas eu me sinto chateada. Eu estava desfazendo do bem para dar algo melhor para ele. Eu falei que eu vou trabalhar, vou lutar e vou dar outro pra ele.”
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