Os 11 munic\u00edpios, juntos, produzem por ano 200,3 bilh\u00f5es de \u00e1gua, mas, entre perdas reais e aparentes, perdem 94,7 bilh\u00f5es de litros na distribui\u00e7\u00e3o.
\nEm S\u00e3o Joaquim da Barra, por exemplo, onda h\u00e1 20.314 liga\u00e7\u00f5es ativas, em m\u00e9dia se desperdi\u00e7a 1,2 mil litros por liga\u00e7\u00e3o por dia, o que resulta em 8,9 bilh\u00f5es de litros perdidos em um ano, de um total de 12,8 bilh\u00f5es produzidos.
\nPor ter uma produ\u00e7\u00e3o maior de \u00e1gua e um n\u00famero maior de liga\u00e7\u00f5es, Ribeir\u00e3o Preto, em volumes absolutos, desperdi\u00e7a ainda mais. O munic\u00edpio registra uma perda m\u00e9dia de 700 litros por dia para cada uma de suas 210.976 liga\u00e7\u00f5es ativas. Em um dia, isso representa 147,7 milh\u00f5es de litros. Em um ano, s\u00e3o quase 54 bilh\u00f5es de litros perdidos de mais de 129,4 bilh\u00f5es distribu\u00eddos.
\nEsse \u00e9 o maior valor registrado entre todos os munic\u00edpios do estado de S\u00e3o Paulo, com exce\u00e7\u00e3o da capital.
\nVazamento de grande propor\u00e7\u00e3o de \u00e1gua pot\u00e1vel em Ribeir\u00e3o Preto (SP)
\nLucas Faleiros\/CBN Ribeir\u00e3o
\nAo mesmo tempo em que perdem muitos recursos h\u00eddricos, essas cidades tamb\u00e9m registram ocorr\u00eancias de falta d’\u00e1gua. Segundo o Sinisa, as 11 cidades, juntas, tiveram em 2023 quase 26 mil reclama\u00e7\u00f5es, com predomin\u00e2ncia de Ribeir\u00e3o Preto, com quase 24 mil. Na sequ\u00eancia aparecem S\u00e3o Joaquim da Barra, com 500 queixas, Serrana, com 411, e Sert\u00e3ozinho, com 335.
\nConsumo por habitante
\nO levantamento tamb\u00e9m mostra que 55 cidades da regi\u00e3o t\u00eam um consumo por habitante acima da m\u00e9dia nacional, de 159 litros por dia. Em Aramina (SP), onde 90% dos recursos s\u00e3o destinados \u00e0 irriga\u00e7\u00e3o, essa utiliza\u00e7\u00e3o m\u00e9dia subiu de 581 litros para 609 por dia, n\u00famero quase quatro vezes maior do que o que se consome em todo o pa\u00eds. Ipu\u00e3 (SP), S\u00e3o Sim\u00e3o (SP) e Barrinha (SP) tamb\u00e9m se destacam nesse ranking.
\nApesar da queda nas perdas da distribui\u00e7\u00e3o, a m\u00e9dia de consumo da popula\u00e7\u00e3o de Ribeir\u00e3o Preto (SP) subiu de 272 para 293,87 litros por habitante por dia. Veja as dez cidades com maior consumo de \u00e1gua por habitante na regi\u00e3o:
\nAramina : 609,87
\nIpu\u00e3: 542,49
\nS\u00e3o Sim\u00e3o: 514
\nBarrinha: 450,98
\nPrad\u00f3polis: 381,2
\nCravinhos: 360,5
\nPitangueiras: 318,38
\nItuverava: 318,26
\nRibeir\u00e3o Preto: 293,87
\nPontal: 291,64
\nEntre os munic\u00edpios com maior consumo, a maioria destina sua capta\u00e7\u00e3o principalmente para atividades agr\u00edcolas e industriais, caso de Aramina, Batatais, Colina e Serrana, por exemplo, segundo dados da Ag\u00eancia Nacional de \u00c1guas (ANA). Ribeir\u00e3o Preto, por sua vez, destina 75% de seus recursos para abastecimento urbano.
\n‘N\u00e3o tem nada que se sustente com tanta perda’
\nEmbora questione a precis\u00e3o dos n\u00fameros, por serem divulgados pelas pr\u00f3prias prefeituras, o professor Marcelo Marini Pereira de Souza afirma que os dados s\u00e3o um indicativo muito preocupante, sobretudo em Ribeir\u00e3o Preto, 100% abastecida pelo Aqu\u00edfero Guarani.
\n“\u00c9 urgent\u00edssimo em fun\u00e7\u00e3o de perdas. Nada pode viver com tanta perda, nada se sustenta. N\u00e3o tem nada que se sustente com tanta perda. Segundo, a agua subterr\u00e2nea que era tempo atr\u00e1s muito abundante, tinha mais oferta do que demanda, hoje tem muito mais demanda que oferta. Portanto ela \u00e9 escassa.
\nO problema passa por um cuidado com rela\u00e7\u00e3o \u00e0 concess\u00e3o das outorgas, \u00e0 fiscaliza\u00e7\u00e3o para o combate \u00e0s liga\u00e7\u00f5es clandestinas e tamb\u00e9m ao controle de outras pr\u00e1ticas prejudiciais, como abandono de po\u00e7os e polui\u00e7\u00e3o.
\n“N\u00e3o apenas os po\u00e7os de abastecimento p\u00fablico que por si s\u00f3 j\u00e1 merecem um grande cuidado, mas temos tamb\u00e9m po\u00e7os particulares, po\u00e7os ilegais que n\u00e3o s\u00e3o registrados, tudo isso leva a oferta de \u00e1gua muito cuidadosa, e tem ainda os pontos de contamina\u00e7\u00e3o do aqu\u00edfero, que s\u00e3o os po\u00e7os abandonados sem o devido cuidado, a \u00e1gua subterr\u00e2nea entra pelo solo, pela infiltra\u00e7\u00e3o.”
\nCom rela\u00e7\u00e3o ao consumo, o professor da USP enfatiza a import\u00e2ncia de se fiscalizar n\u00e3o s\u00f3 as condi\u00e7\u00f5es do abastecimento urbano, mas tamb\u00e9m a irriga\u00e7\u00e3o agr\u00edcola, a maior consumidora de recursos h\u00eddricos do pa\u00eds.
\n“Se n\u00f3s queremos economizar agua, n\u00e3o podemos come\u00e7ar por aquele que menos consome ou que consome de maneira control\u00e1vel ou que consome de maneira difusa”, argumenta.
\nO que dizem as Prefeituras
\nBatatais
\nA Secretaria de Obras, Planejamento e Servi\u00e7os P\u00fablicos de Batatais confirmou que, de uma maneira geral, as estruturas de abastecimento da cidade precisam de reformas, algumas delas j\u00e1 em andamento, como a esta\u00e7\u00e3o de tratamento de \u00e1gua, outras “mais agudas”, ainda em fase de estudo, e interven\u00e7\u00f5es “menos severas”, como \u00e9 o caso dos po\u00e7os, que, segundo a administra\u00e7\u00e3o municipal j\u00e1 est\u00e3o sendo providenciadas.
\n“As esta\u00e7\u00f5es elevat\u00f3rias de \u00e1gua bruta e tratada necessitam de ajustes principalmente quando levamos em considera\u00e7\u00e3o a efici\u00eancia energ\u00e9tica. Neste aspecto, a Secretaria est\u00e1 adquirindo os componentes necess\u00e1rios para estas adequa\u00e7\u00f5es”, comunicou.
\nA pasta tamb\u00e9m informou que, apesar desses problemas e de intermit\u00eancias no servi\u00e7o por conta da elevada perda em determinados pontos, o sistema \u00e9 capaz de atender a demanda do munic\u00edpio.
\n“Diante da an\u00e1lise do munic\u00edpio como um todo, verificou-se que o volume de reserva\u00e7\u00e3o, atualmente, atende o volume necess\u00e1rio para atendimento da popula\u00e7\u00e3o por 1\/3 do dia de maior consumo, dado este preconizado por norma t\u00e9cnica.”
\nColina
\nO Servi\u00e7o Aut\u00f4nomo de \u00c1gua de Colina informou que uma das causas para as perdas no munic\u00edpio era a falta de hidr\u00f4metros em pr\u00e9dios p\u00fablicos e escolas – que impede a medi\u00e7\u00e3o e resulta em perdas aparentes, ou seja, n\u00e3o faturados – e que h\u00e1 tr\u00eas meses tem tomado provid\u00eancias como o fim da isen\u00e7\u00e3o da taxa de \u00e1gua e a fixa\u00e7\u00e3o de um valor \u00fanico para esses espa\u00e7os, bem como um novo sistema de cobran\u00e7a para inadimplentes.
\n“A gest\u00e3o atual intensificado a fiscaliza\u00e7\u00e3o no sentido de identificar liga\u00e7\u00f5es clandestinas, evitando fraudes”, acrescentou.
\nPatroc\u00ednio Paulista
\nEm Patroc\u00ednio Paulista, o Saepp (Servi\u00e7o de \u00c1gua e Esgoto de Patroc\u00ednio Paulista) informou estar ciente da perda e que tem adotado medidas para reduzir esse \u00edndice. “Um dos principais investimentos est\u00e1 sendo a implementa\u00e7\u00e3o de sistemas de telemetria, que ajudam a monitorar em tempo real os n\u00edveis dos reservat\u00f3rios, permitindo identificar e evitar extravasamentos”, comunicou.
\nO \u00f3rg\u00e3o tamb\u00e9m informou estar iniciando a medi\u00e7\u00e3o do consumo n\u00e3o faturado, que ainda apresenta altos \u00edndices.
\n“Essas a\u00e7\u00f5es visam melhorar a gest\u00e3o dos recursos h\u00eddricos e, com o tempo, devem refletir em uma redu\u00e7\u00e3o significativa do \u00edndice de perdas, trazendo mais efici\u00eancia para o abastecimento de \u00e1gua na cidade.”
\nRibeir\u00e3o Preto
\nA Prefeitura de Ribeir\u00e3o Preto informo que tem atuado em tr\u00eas frentes de trabalho diferentes para para melhorar o abastecimento da cidade.
\nA curto prazo, a administra\u00e7\u00e3o realizou 3.218 reparos de vazamentos n\u00e3o vis\u00edveis entre janeiro e fevereiro deste ano encontrados por meio de geofonagem. A m\u00e9dio prazo, licitou a abertura de cinco po\u00e7os, quatro reservat\u00f3rios e outras melhorias por meio de recursos j\u00e1 obtidos anteriormente pelo Programa de Acelera\u00e7\u00e3o do Crescimento (PAC) e pelo Financiamento \u00e0 Infraestrutura e ao Saneamento (Finisa). A logo prazo, equipes da engenharia est\u00e3o desenvolvendo projetos para inverter o sistema de abastecimento, para que ele ocorra por gravidade e n\u00e3o por marcha.
\n“No sistema em marcha a \u00e1gua do po\u00e7o \u00e9 levada diretamente para a rede, o que ocasiona mais press\u00e3o facilitando o rompimento de tubula\u00e7\u00e3o e vazamentos. J\u00e1 no sistema em gravidade, a \u00e1gua extra\u00edda do po\u00e7o \u00e9 direcionada para o reservat\u00f3rio que distribui para a rede em gravidade, diminu\u00eddo significativamente a press\u00e3o e perdas.”
\nCom rela\u00e7\u00e3o ao elevado consumo, a Prefeitura citou medidas de orienta\u00e7\u00e3o e conscientiza\u00e7\u00e3o, inclusive com grupos escolares.
\nN\u00e3o responderam
\nO g1 tamb\u00e9m entrou em contato com as prefeituras de S\u00e3o Joaquim da Barra, Serrana, Orl\u00e2ndia, Sert\u00e3ozinho, Cristais Paulista, Santo Ant\u00f4nio da Alegria e Aramina, mas n\u00e3o obteve resposta at\u00e9 a publica\u00e7\u00e3o desta reportagem.
\nVeja mais not\u00edcias da regi\u00e3o no g1 Ribeir\u00e3o Preto e Franca
\nV\u00cdDEOS: Tudo sobre Ribeir\u00e3o Preto, Franca e regi\u00e3o
\n“<\/p><\/div>\n","protected":false},"excerpt":{"rendered":"
Volume de vazamentos e liga\u00e7\u00f5es ilegais passa dos 94 bilh\u00f5es de litros por ano em 11 munic\u00edpios, segundo novo sistema de informa\u00e7\u00f5es do Minist\u00e9rio das Cidades. Ribeir\u00e3o Preto \u00e9 a que mais perde em termos absolutos e S\u00e3o Joaquim da Barra \u00e9 a que acumula o maior percentual de perdas…. Continue lendo