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Alice Maria passou 119 dias internada na UTI Neonatal da Santa Casa at\u00e9 receber alta, no fim de abril. Beb\u00ea nasceu com 24 semanas, medindo 32 cent\u00edmetros e pesando 760 gramas. Prematura extrema, Alice nasceu com 24 semanas e passou 119 dias na UTI Neonatal da Santa Casa de Franca, SP
\nArquivo Pessoal
\nQuando Alice Maria nasceu, em dezembro de 2022, os p\u00e9s dela eram menores que os polegares dos pais, a confeiteira Edilene Aparecida Moraes de Oliveira, de 39 anos, e o oper\u00e1rio Olair Jos\u00e9 da Silva, de 50 anos.
\n“Ela cabia na palma da minha m\u00e3o”, lembra a mulher, emocionada.
\nA beb\u00ea de Franca (SP) veio ao mundo com 24 semanas, em um caso raro de prematuridade extrema, onde as chances de sobrevida s\u00e3o bem menores que 50%.
\nAlice tinha 760 gramas e apenas 32 cent\u00edmetros e teve de ficar internada por 119 dias, at\u00e9 receber alta no dia 25 de abril.
\n“Os beb\u00eas que nascem de 24 semanas t\u00eam de 15% a 40% de chance de sobrevida. Abaixo disso, come\u00e7a a ficar invi\u00e1vel [sobreviver], pois os \u00f3rg\u00e3os, principalmente o pulm\u00e3o, n\u00e3o est\u00e3o maduros ainda”, explica Naiara Marques, enfermeira supervisora do ber\u00e7\u00e1rio da Santa Casa de Franca, hospital refer\u00eancia em cuidados neonatais na regi\u00e3o de Ribeir\u00e3o Preto (SP).
\nO fato de Alice ter nascido antes do previsto assustou os pais. Isso porque, at\u00e9 os seis meses, a gesta\u00e7\u00e3o de Edilene era saud\u00e1vel e seguia sob controle.
\nEla conta que, assim como na primeira gesta\u00e7\u00e3o [Pedro, o mais velho, tem 7 anos] tudo parecia normal com a segunda.
\nDois dias antes de Alice nascer, no entanto, a confeiteira teve de passar por uma cirurgia de emerg\u00eancia para retirar o ap\u00eandice.
\nDois dias depois do procedimento, Edilene entrou em trabalho de parto, enquanto todo mundo acreditava que as dores que sentia eram por conta da opera\u00e7\u00e3o recente.
\n“Comecei a sentir contra\u00e7\u00e3o, avisei as enfermeiras, mas pensaram que era dor da cirurgia. Fui ao banheiro e a\u00ed ela nasceu no vaso. Falei para o meu marido ‘nasceu morta, a beb\u00ea’. No que falei que ela tinha nascido morta, ela chorou”.
\nPrematuridade extrema
\nPor ter nascido com apenas 24 semanas, Alice \u00e9 considerada uma prematura extrema e, como todo beb\u00ea prematuro, precisou de muita ajuda para conseguir sobreviver.
\nComo os \u00f3rg\u00e3os ainda n\u00e3o estavam maduros, ela sequer respirava sozinha.
\n“Com 24 semanas, o desenvolvimento dos \u00f3rg\u00e3os est\u00e1 completo, mas n\u00e3o est\u00e1 maduro. O beb\u00ea nasce e n\u00e3o consegue respirar sozinho, precisa da ajuda de aparelhos para poder respirar. A\u00ed come\u00e7a a vir outras coisas p\u00f3s-nascimento, a Alice teve v\u00e1rias coisas. Para quem nasce fora do tempo, a chance de complica\u00e7\u00f5es \u00e9 muito grande”, explica Naiara.
\nAlice ficou internada por 119 dias na UTI Neonatal de Franca, SP, at\u00e9 receber alta, em 25 de abril de 2023
\nArquivo Pessoal
\nA recupera\u00e7\u00e3o da beb\u00ea foi longa e tensa por muitos dias pelos \u00faltimos tr\u00eas meses, mas Edilene revela que sempre soube que a filha estaria com a fam\u00edlia antes mesmo do Dia das M\u00e3es chegar.
\n“Sempre tive f\u00e9 em Deus e Nossa Senhora que ela estaria em meus bra\u00e7os no Dia das M\u00e3es”.
\nA beb\u00ea, que completa cinco meses no fim de maio, tem atualmente 48 cent\u00edmetros e pouco mais de 2,5 kg e \u00e9 a alegria do irm\u00e3o mais velho.
\n“Ela \u00e9 o xodozinho dele. At\u00e9 hoje, quando eu a vejo, choro de emo\u00e7\u00e3o e agradecimento”, conta Edilene.
\nA confeiteira Edilene Oliveira com os filhos Pedro, de 7 anos, e Alice Maria, de 5 meses
\nArquivo Pessoal
\nCirurgia de emerg\u00eancia e parto normal
\nQuando completou 24 semanas de gesta\u00e7\u00e3o, Edilene passou a sentir dores intensas do lado direito do corpo e revela que chegou a procurar atendimento por tr\u00eas vezes em um mesmo dia. Era domingo de Natal.
\n“Minha gravidez estava indo bem, at\u00e9 que, do nada, senti uma dor do lado direito e fui para a Santa Casa por tr\u00eas vezes seguidas no domingo. Na segunda, durante os exames, acharam que o cisto, que eu j\u00e1 tinha, poderia estar provocando a dor e resolveram operar”.
\nSegundo a confeiteira, o m\u00e9dico conversou com ela e com o marido e explicou os riscos da cirurgia para a beb\u00ea.
\n“Ele falou ‘\u00e9 muito arriscado, mas a gente vai te abrir e vai fazer a ces\u00e1rea’. Fiquei com medo, mas a dor era t\u00e3o forte que n\u00e3o tinha o que fazer”.
\nNa mesa de cirurgia, a equipe m\u00e9dica descobriu que o que provocava a dor em Edilene era o ap\u00eandice prestes a se romper, e n\u00e3o o cisto. A ces\u00e1rea n\u00e3o foi necess\u00e1ria.
\nNo entanto, no dia 28 de dezembro, ainda internada e em recupera\u00e7\u00e3o por conta da opera\u00e7\u00e3o, Edilene passou por outro susto. Ela n\u00e3o sabia, mas entrava em trabalho de parto.
\n“Por volta da meia-noite, comecei a sentir contra\u00e7\u00e3o, avisei as enfermeiras, mas pensaram que era dor da cirurgia. Quando foi 4h35 da manh\u00e3, falei para o meu marido que eu ia ao banheiro. A\u00ed ela nasceu no vaso. Falei para o meu marido ‘nasceu morta, a beb\u00ea’. No que falei que ela tinha nascido morta, ela chorou”.
\nA confeiteira foi socorrida pelas enfermeiras e Alice foi encaminhada diretamente para UTI Neonatal da Santa Casa, onde ficou por tr\u00eas meses.
\nDepois da UTI, a beb\u00ea ainda passou um m\u00eas no ber\u00e7\u00e1rio do hospital, at\u00e9 receber a alta. “\u00c9 gradativo, a gente vai tentando alimentar, a\u00ed apresenta altera\u00e7\u00e3o de exame. Ela chegou a tomar seis ou sete tipos de antibi\u00f3ticos, teve enterocolite, sepse, hemorragia pulmonar”, revela Naiara.
\nPor 119 dias, cada vez que visitava a filha, Edilene pedia por um milagre.
\n“N\u00e3o tem dia f\u00e1cil. Olhando na incubadora, via o estado dela e pensava ‘ser\u00e1, Deus, que vou chegar aqui amanh\u00e3 e ela vai estar viva?’ Era aquele medo e aquela f\u00e9 e aquela vontade de chegar no outro dia e ela estar ali. Chorava, porque n\u00e3o acreditava que ela estava viva.”.
\nAlice Maria nasceu em Franca, SP, com 32 cent\u00edmetros e tinha o tamanho da palma de uma m\u00e3o
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\nNome de santa
\nO nome, Alice, j\u00e1 estava escolhido. Mas Edilene acrescentou Maria por conta da vis\u00e3o de uma tia, que esteve na igreja rezando pela beb\u00ea nos dias em que ela esteve internada.
\n“N\u00f3s somos cat\u00f3licos e minha tia pediu por mim quando ela [Alice] estava naqueles dias mais dif\u00edceis, que eu ia colocar o nome de Maria por causa de Nossa Senhora. Coloquei Alice Maria. \u00c9 uma sensa\u00e7\u00e3o de vit\u00f3ria”.
\nAlice Maria completou 4 meses em abril, com direito a bolo e muita comemora\u00e7\u00e3o ap\u00f3s 119 dias internada, em Franca, SP
\nArquivo Pessoal
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